Coleção pessoal de JoaoMiller
Te amei como ninguém nunca te amou, te valorizei, te quis e te respeitei até os nossos últimos segundos juntos. Às vezes, no decorrer do dia fico pensando o que aconteceu com a gente. Éramos tão conectados, tudo em nós tinha ligação. Tinha química. Tinha emoção. O nosso beijo era ligado, cheio de calor, cheio de sentimentos, cheio de amor. Foi tão bom, tão real, que não consigo esquecer de você. Às vezes dói, por não ter lutado tanto, mas você se fechou, sem motivo nenhum, desistiu da gente. Enfim, te amo, te amo muito, mas quero deixar você partir.Quero apagar todas as memórias que tenho de você e dar chances para outros amores.
Você dilacerou a artéria aorta do meu coração, me feriu completamente, e me deixou sem explicações. Você foi covarde o suficiente para me matar interiormente. Matou meus sonhos que tinha feito para nós, matou minhas esperanças e matou minha autoestima.
Me causou tantas mortes interiores que depois de um ano, consegui me reerguer. Consegui olhar para mim e perceber o quanto sou especial e o quanto eu não merecia ter passado por tudo o que passei. Hoje, compreendo que apesar dos pesares eu cresci.Aprendi a me amar como sou, a aceitar o meu corpo a me amar acima de tudo.
Me vejo lindo, me vejo forte e me vejo autossuficiente. De você não quero nada. Meu amor nunca mais terá, somente, somente e tão somente terá o meu respeito pela sua história de vida.
Amor perdido.
Cerrou a porta. Por ora quero uma ilusória proteção das chaves. Naquele momento senti um grande vazio existencial, mas quem chegara foi Matheus. Antes não tivesse vindo. Talvez assim eu continuasse mergulhado no desejo da sua presença, continuaria assim imaginando em tê-lo perto de mim, mas não presencialmente apenas no imaginário. Chego à conclusão que a ausência é bem melhor que o peso corporal, e que a conversa no whatsApp flui mais do que ter você em presença real.
Vivi uma paixão carnavalesca, por que tudo é apenas fantasia, antes de Matheus abrir a porta eu me portava com imensos motivos e planos para a vida futura, ansiava atar minhas esperanças, mas como vivia no futuro não estava esperando o cerrar da porta hoje. Eu já sabia das suas intenções, mesmo ele estando longe de mim há décadas, entretanto nesse momento eu quisera apenas sentir o seu forte abraço.
Adentrei profundamente no seu abraço e fui buscar consolo para minhas ausências, risquei naquele momento o fósforo da paixão, nesse momento queria tomar posse da terra prometida, ansiava por andar pelo mar vermelho da minha vida, por que eu soubera que Matheus seria o condutor que me faria atravessar até o outro lado.
O alimento do amor é sempre a espera de alguém que vai chegar. Mas como posso esperar alguém chegar se ele já esta aqui dentro de mim? É inadequado o que desejo eu sei. Esse homem inacabado que cerrou a porta da minha vida, por vezes é melhor nascer de novo, apenas eu posso dizer o que lhe falta. Nenhuma outra pessoa seria capaz de completar nele o que eu reconheço de ausências. Talvez em outras vidas tenhamos a chance de nos conhecer novamente.
Seta da vida
Cerrei a porta do carro. Acomodado no banco percebo o movimento do tempo. Naquele instante eu despedia de mim os ruídos que estavam a minha volta, e almejava construir uma concentração. As provas de ruas da autoescola são enganosas. Provocam apenas ilusões de que o acontecido desacontece na realidade. A cena foi trágica: errei a seta. Naquele momento o corpo de minha continuidade humana estava sangrado. No vazio enorme daquele carro com duas pessoas me observando senti uma ausência de humanidade daqueles que me examinavam. Do carro, eu era o corpo, o examinador, a voz.
Aquela curta distância percorrida entre um quarteirão e outro era revelador. Era a reprovação. Não consegui a minha liberdade por causa da seta do carro, mas continuo dando certo as setas da minha vida.
A escolha pela licenciatura era algo que eu almejava desde a infância. Sempre quis ser padre ou professor, pois alimentava dentro de mim um sonho de viver a minha vida dedicada a uma causa que iria além de mim. Eu queria ajudar os outros, e ser professor é aceitar o desafio de fazer a diferença na vida de jovens e adultos, mesmo sabendo das inúmeras dificuldades que encontrarei dentro do âmbito escolar. Acho que sempre me inspirei nos meus professores que tive desde o ensino fundamental, sempre quis ser como eles, eu sempre gostei de imita-los. Estou pronto para os possíveis momentos de frustração, e também estou quase pronto para fazer o melhor e obter bons resultados. Quero fazer a diferença e marcar positivamente a vida, se não de todos, alguns, ou ao menos um aluno.
Já posso morrer. O cascalho posto me assegura. Vivi, sonhei e amei a pessoa errada. As palavras reluzem tristezas, contradição. A frase triste está prenhe de esperanças que não existem mais. Matheus está morto. Repito. Digo a palavra mais dura, o recado mais tristonho. Embora há um travesseiro de conforto, minha orfandade é alforia. Sinto uma amargura profunda no meu coração, sua partida me outorgas direitos. Já posso morrer também. Não quero mais viver. Posso aventurar-me sem medos. Posso partir, posso morrer, desistir, ser infeliz.
Morrer requer ter nascido. Vinte e um anos e só agora o meu nascer terminou. Já não respiro mais. Já não sou capaz de encontrar mais emoções, perdi o sentido da vida. Olho para as cores frias da tarde e com elas identifico-me. Desde o dia em que o vi, deixei a natureza florir, deixei de sofrer, somente queria viver a paixão, sem nele encontrar defeitos.
E agora?
Estou só no interior do meu quarto. Respiro. Quero que a noite seja branda. Amanhã serei obrigado a amanhecer sem Matheus. Viver sem ele requer liberdade.
Hoje só me resta lembrar-se de sua pequena fala mansa “não sou obrigado”. O que recordo me destrói, por saber que você está com outro. O que os olhos das paredes sabem o mesmo que agora sei. Estamos atoados em segredos. Não tenho a quem contar. Conto a mim mesmo e as paredes do meu quarto. Vejo que o amor é amarras. Difícil de dizer. Essa verdade dói tanto. O amor que senti por você me matou por completo. O sonho terminou. De você não espero mais nada.
Acabou
Hoje, você morreu para mim. Vivi, sonhei, acreditei e me entreguei de corpo e alma. As palavras escritas reluzem tristezas, digo isto com lagrimas em meus olhos, dizer que você está morto é a palavra mais dura, o recado mais tristonho. Embora haja um travesseiro de conforto no meu quarto, que me alivia. Sua partida me outorgas direitos. Já poderia morrer também, mas quero viver mais. Quero aventurar-me sem medos, viver, lutar, caminhar e ser feliz.
Mesmo sem você ainda sou capaz de encontrar emoções, e de ainda percorrer o caminho do sentido da vida. Queria viver a paixão sem nela encontrar defeitos, mas entendi que nada nesta vida é perfeito. Mas queria dizer que você lacerou meu coração, e por isso, hoje, você morre.
Estou no interior do meu quarto. Respiro, penso e reflito. Desejo que esta noite seja branda e que o vento cálido sopre sobre a as linhas da minha face. Amanhã, não te terei mais, não receberei mensagens de bom dia, não recebereis ligações e sei que não o encontrarei mais. Assim, viver sem você requer liberdade.
Não me resta mais se lembrar de você, pois o que recordo dos nossos dias de emoções profundas e belas laceram as minhas veias arteriais. É difícil dizer, eu sei. Essa verdade dói tanto. De você não espero mais nada. O sonho terminou. A sua vida para mim acabou...