Coleção pessoal de JhoJhoy
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Essa mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles!
Eles não iriam acreditar! Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação dos meus amigos, mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure.
Às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles e me envergonho porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamento sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer… Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente, os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus verdadeiros amigos.
Uma bonequinha de estante!
Parada, imóvel!
Ali, bem ali!
Olhada!
Como se a poeira a vestisse, no mais lindo vestido preto (já desbotado do uso contínuo).
Com uma maquiagem borrada, fazendo de seu rosto uma perfeita pintura mal feita.
Feita pelo lápis preto que, de velho endureceu meus olhos.Olhos estes, pequenos, castanhos, cílios curtos, grossos, com um rímel de quinta.
Estes, não olham mais, endurecidos pelo tempo e desgosto de estar ali!Parada, isolada!!
Sua boca não sente mais o gosto dos sabores divinos! Esta ali!
Adormecida, rude!
Com um gosto amargo ela tenta falar, pedir!
Como se alguém fosse escuta-la!Uma bonequinha cansada, mais que consegue manter um sorriso aberto!
Que precisa ser retirada dali! Bem ali! Não por um momento!
Por um tempo!
Respirar, tirar a tristeza , a magoa, caminhar, amar!Fazer voltar um brilho em seu olhar!!
Fazer voltar a bater de volta seu Coração!
Cansado, desanimado, chora!
Esperança! Ali ele sabe que tem!
Forte, calejado, lindo!
A bonequinha o ama!E luta para fazê-lo feliz!