Coleção pessoal de jessicadiez

1 - 20 do total de 48 pensamentos na coleção de jessicadiez

Tenho medo. Sou uma medrosa incontestável. Tenho medo da minha carência. E dos lugares que esse vazio pode me levar. Também morro de medo do futuro. De não conseguir realizar minhas metas, porque sei que não tenho forças pra tentar. Medo também tenho da morte. Não a morte literal, mas a morte dos meus sonhos, que é também a minha. Tenho medo do nada. De não ser nada, não viver nada, não aprender nada. Mas meu maior medo é o de mim. E do que eu sou quando não estou com você. Não posso evitar não sofrer. Me livra do meu medo, da minha angústia. E volta. Vem me pertencer.

Eu sinto sua falta. Sinto falta do cheiro de spray do seu cabelo. Sinto falta dos seus brincos de pressão. Sinto falta das suas meinhas com desenhinho. Sinto falta do seu jeito de cruzar as pernas e balançar o pé. Sinto falta de quando você chupava gelo. Sinto falta da sua caipirinha sem açúcar. E do seu chapéuzinho de tricô. Sinto falta também do seus pés gelados quando eu dormia na sua cama. Sinto falta da sua risada assistindo desenho. Sinto falta das histórias das suas bonecas. Sinto falta dos lugares que você foi. Sinto falta de quando jogávamos bocha. Sinto falta do cheiro do seu carro novo. Sinto falta de te ouvir cantarolar "Trem das Onze". Sinto falta dos barulhos que você fazia enquanto dormia. Sinto falta até daquele seu remédio nojento. Sinto falta do cheiro de roupa antiga do seu armário. Sinto falta da sua maionese. E da sua sardella. Sinto falta do seu hálito de mamão pela manhã. Sinto falta do jeito que você me olhava. Sinto falta do jeito que só você me chamava. Sinto falta das suas correntes de ouro. Sinto falta das suas trapaças no carteado. Sinto falta de quando você dançava. Sinto falta de boiar com você no mar. De brincar da maré nos levar. Faz um ano que eu não te vejo... Mas eu sinto tanto a sua falta.

Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas, nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa.

O mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer.

Você que me fita de canto de olho, com um leve sorriso nos lábios, saudoso, recordando do tempo que passou. É, você mesmo, dá uma olhada em volta e veja o que restou, veja o que sobrou de nós. Restou um abismo, uma imensidão sem igual. Restou um frio cortante, de gelar as entranhas. E um grito agoniado, daquele nosso velho amor desamparado. Você que me encara, pensando consigo mesmo em tudo o que mudou. Eu te pergunto. Valeu a pena? Além das penas de si mesmo, o que mais você ganhou? Eu ganhei pranto e dor, lamúrias e descrenças e, finalmente, ganhei a indiferença. Mas você, você mesmo, sabia o que estava prestes a encarar. Sabia tão bem que se fez de tolo em nossos reles momentos de estarmos juntos. Você que me traz tantas recordações, tantos sentimentos. Pena, dó, lamentação. Você se arrepende? Você que me amava, eu sei que sim. Você queria que tudo acabasse assim? Você soube como seria com outra, será igual com as próximas que virão? Você que continua me olhando, insinuando, desejando, lembrando, sofrendo, tentando voltar com um passado enterrado fundo nas nossas mais antigas lembranças. Querendo reviver um sentimento há muito apagado, porém marcado, no meu coração. Você que se maltrata, se revira dia e noite pensando no amor desperdiçado. Não me resta mais nada, não te resta mais nada. Você que agora me desvia o olhar, envergonhado. Me olha no olho! Defende a tua súplica! É, você mesmo. Você que um dia me desdenhou. Você que eu não amo mais.

Me pergunte tudo que eu posso ser, e eu lhe digo que sou. Sou quem eu quero ser. Posso ser amável, quando tenho em mim a irremediável necessidade de agradar. Também sei muito bem como manipular. Posso lhe fazer pensar e agir exatamente como meus astutos planos sugerem. Sei ser confiante, nas raras ocasiões em que me sinto assim. Além disso, posso ser inquieta, teimosa, arrogante, prepotente e até mesmo mentirosa, isso é muito fácil pra mim. Quando quero, sou meiga e carinhosa, posso até me encher de futilezas, desde que traga algo a me beneficiar. Posso ser burra, e também muito esperta. Também consigo ser calma, mas na maioria das vezes me encho de anseios. Finalmente, sei que posso ser o que quiser.
Mas de que isso me adianta se não sei realmente quem sou?

Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.

.

Há momentos em que eu, na minha inconstante insegurança, me pergunto onde está a minha felicidade. São pequenos átimos onde o meu eu-descrente duvida que um dia a encontre ou que ela venha encontrar a mim. Mas eu sei onde a está a minha felicidade! Ou não sei?
A minha felicidade está no meu irmão. Guardada no seu olhar de criança, na sua respiração quando dorme e nos seus gestos brutos de menino-herói. Também está nas minhas irmãs, nos nossos risos e na nossa cumplicidade. Minha felicidade está nas músicas que ouço, na casa onde vivo, na comida que como. Está nos amigos que eu não tenho mais, mas que um dia deixaram suas marcas na minha história. A minha felicidade está em Deus. Não em acreditar Nele, mas em saber que Ele ainda acredita em mim. Está nas lembranças da minha infância, que as vezes penso que poderia ter sido melhor aproveitada. A minha felicidade também está na minha dor, no meu sofrimento, nas minhas decepções e em tudo que aprendi com elas. Está naquele momento que foi mágico e hoje já não é. Naquela pessoa que foi tudo e hoje já não é. A minha felicidade está nos meus avós, que me amam apesar do que sou. Está na minha voz, no que grito, no que choro e no que canto. A minha felicidade está nos meus pais, que me carregaram como um presente quando só lhes dei desaforos e ingratidões. Está na minha solidão, mas também está na companhia. Minha felicidade está nos abraços dos que vão comigo e na saudade dos que não vão. Está na simplicidade de dormir e acordar. Também está na minha esperança de que, um dia, tudo vai se arrumar. Minha felicidade está no meu passado, mas também está no meu futuro. A minha felicidade está em mim.

.

Se era amor? Não era. Era outra coisa. Restou uma dor profunda, mas poética. Estou cega, ou quase isso: tenho uma visão embaraçada do que aconteceu. É algo que estimula minha autocomiseração. Uma inexistência que machucava, mas ninguém morreu. É um velório sem defunto. Eu era daquele homem, ele era meu, e não era amor, então era o quê?
Dizem que as pessoas se apaixonam pela sensação de estar amando, e não pelo amado. É uma possibilidade. Eu estava feliz, eu estava no compasso dos dias e dos fatos. Eu estava plena e estava convicta. Estava tranquila e estava sem planos. Estava bem sintonizada. E de um dia para o outro estava sozinha, estava antiga, escrava, pequena. Parece o final de um amor, mas não era amor. Era algo recém-nascido em mim, ainda não batizado. E quando acabou, foi como se todas as janelas tivessem se fechado às três da tarde num dia de sol. Foi como se a praia ficasse vazia. Foi como um programa de televisão que sai do ar e ninguém desliga o aparelho, fica ali o barulho a madrugada inteira, o chiado, a falta de imagem, uma luz incômoda no escuro. Foi como estar isolada num país asiático, onde ninguém fala sua língua, onde ninguém o enxerga. Nunca me senti tão desamparada no meu desconhecimento.
Quem pode explicar o que me acontece dentro? Eu tenho que responde às minhas próprias perguntas. Eu tenho que ser serena para me aplacar minha própria demência. E tenho que ser discreta para me receber em confiança. E tenho ser lógica para entender minha própria confusão. Ser ao mesmo tempo o veneno e o antídoto.
Se não era amor, Lopes, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não sabe se vai ser antes ou depois de se chocar com o solo. Eu bati a 200Km/h e estou voltando a pé pra casa, avariada.
Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez seja este o ponto. Talvez eu não seja adulta suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, Lopes, de acreditar em contos de fadas, de achar que a gente manda no que sente e que bastaria apertar o botão e as luzes apagariam e eu retornaria minha vida satisfatória, sem sequelas, sem registro de ocorrência?
Eu nunca amei aquele cara, Lopes. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, era sacanagem. Não era amor, eram dois travessos. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor.

Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem. Tenho coragem mas com um pouco de medo. Pessoa feliz é quem aceitou a morte. Quando estou feliz demais, sinto uma angústia amordaçante: assusto-me. Sou tão medrosa. Tenho medo de estar viva porque quem tem vida um dia morre. E o mundo me violenta.

Tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente; também sou muito calmo e perdoo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre. Sou paciente mas profundamente colérico, como a maioria dos pacientes. As pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdoo de antemão. Gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo. Nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrado? (...) Tenho uma paz profunda, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo. Se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz. Quanto à minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz. Outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim – a do mundo grande e aberto. (...) Apesar de meu ar duro, sou cheio de muito amor e é isso o que certamente me dá uma grandeza.

Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais.

Se você está triste porque perdeu o seu amor, lembre-se daquele que não teve amor para perder.
Se você está cansado de trabalhar, lembre-se daqueles tantos angustiados que estão sem emprego.
Se você reclama da comida mal feita, lembre-se daqueles que morrem famintos sem um pedaço de pão.
Se um sonho seu foi desfeito, lembre-se daquele que vive um pesadelo constante.
Se você anda aborrecido, lembre-se daquele que espera um sorriso seu.
Se você teve:
Um amor para perder,
Um trabalho para cansar,
Um sonho desfeito,
Uma tristeza para sentir,
Uma comida para reclamar,
Lembre-se de agradecer a deus, porque existem muitos que dariam tudo para ficar no seu lugar.

Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura. Cometo erros, sou um pouco fora do controle e às vezes difícil de lidar, mas se você não sabe lidar com o meu pior, então com certeza, você não merece o meu melhor!

Ilusões da Vida

Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, e não homem,
Só passou pela vida, não viveu.

E agora já não sei mais, se te amo ou só te quero demais...

Você me fez sofrer, você me usou
Você me fez de boba, desperdiçou
Jogou fora meu bem-querer
E só o que me fez foi sofrer.

Desisto de amar, quero odiar
Fazer você sofrer, se rebelar
E quando vier implorando por perdão
Direi que agora já não há mais solução.

"Mas quando seus olhos encontraram os meus, no seu olhar gelado tudo se perdeu. E então a minha vida escurece..."

"Esse medo que me chama, que me atenta e me destrói. Esse medo que consome, que machuca e que me dói. Essa paixão não respondida é responsável pela dor. A vida que levas, bandida! Me roubaste o teu amor."