Coleção pessoal de jennyfercardoso
Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa!
Gostosas populares serão gordas desinteressantes e magrelas nerds, gostosas inteligentes. Único ensinamento importante na vida.
Sou imatura, egocêntrica e debilmente iludida por uma autoestima analgésica de efeito rebote. E dane-se.
Eu sonhava com você, lembra? Eu te achava um príncipe encantado. Aí você me provou por A+B, com prova real, de que não era. E eu sofri, um dia, dois. Aí passou.
Carta a Maria Lídia Magliani
O telefone não pára de tocar, querem entrevistas para todo canto sobre estar-com-AIDS. Me recuso — quando o “gancho” é o vírus pelo vírus. Argh. Quero falar do meu trabalho, pô! Se perco o pé acabo no sofá da Hebe dizendo coisas do tipo ah, o HIV é uma gracinha…
Inveja é a forma incompetente que tu tens de me admirar e tentar, de alguma maneira, se parecer comigo.
Saudade dói sabia? Então venha e me deixe sentir teu cheiro, te abraçar forte, beijar sua boca e lhe dizer o quanto senti tua falta. Coloque sua cabeça sobre meu colo e me deixe mexer em teus cabelos, passar a mão em teu rosto e ouvir você dizendo bem baixinho que também sentiu minha falta. Deixe-me ver que você está bem.
Mas em momento algum se pôs em meu lugar? Não sentiu saudade de nós? Nem um pouquinho sequer? Não se perguntou nenhuma vez se chorei de saudade ou se me corroí de vontade de ir ao teu encontro? Em algum momento pensou em mim ou em como eu poderia estar me sentindo?
Não imaginas o quanto gosto de ti, meu amor. Volte e me prometa nunca mais partir. Venha para ficar.
Ah… Quanta vontade de arrumar essa vida exatamente como se arruma uma gaveta, por mais bagunçada que ela esteja.
O que tiver de ser, será. Tudo o que vai, um dia há de voltar. O que é verdadeiro, permanece. E quem tem que ficar, fica.
É como se você fosse uma droga. Uma droga na qual viciei, me tornei dependente. Já não consigo ficar um dia sequer sem poder sentir o teu sabor e provar dos diversos efeitos que apenas você causa em mim.