Coleção pessoal de jefersonviegadavila
RECOMEÇO
Há dois tipos de recomeço. Existe aquele “corriqueiro” como formaturas, começo de um novo emprego e sair da pré-escola. Há também aquele recomeço especial no qual nos deparamos com um novo estilo de vida. Há bênçãos para serem alcançadas, mas sentir medo é inevitável. Assim se sentiu Josué depois de cruzar o deserto e tomar posse da Terra Prometida. Ele devia ter se perguntado “e agora?” Então Deus se revela pela sua Palavra dizendo: “Medita na minha Palavra!” (Js1.8); “Sê forte! Pois eu serei contigo por onde quer que andares (Js 1.9). Essa palavra sussurrou na mente de Josué e seu povo porque os desafios foram muitos até que a benção fosse alcançada de forma plena.
Assim é conosco. Muitos desafios nos esperam, especialmente nesses dias que as coisas serão diferentes. Por isso muitos estão com medo. Superaremos isso ouvindo o sussurro de Deus dizendo “Sê forte! Medite na minha Palavra! Eu estou com você! ”Se formos obediente e confiarmos em Deus, as bênçãos, embora com luta, serão alcançadas.
Coração dividido
Falam por aí que o coração é enganoso. Do mesmo modo que o cérebro está dividido em dois hemisférios, o coração (que na verdade representa nosso interior) também possui essa divisão. Um lado quer confiar; o outro quer mergulhar na ansiedade e na preocupação.
Isso acontece por causa da confusão que existe entre ansiedade e medo. Embora ambos sentimentos fazem parte da nossa vida, o medo é uma reação diante de um perigo real e atual. A ansiedade é gerada por uma ameaça diluída que se espalha no tempo. Não se trata de algo imediato mas de um temor diante de possíveis perdas futuras. Essa situação de temor pode ser traduzida por insegurança.
O coração dividido é uma expressão da insegurança. Uma parte do nosso ser se preocupa mas enfrenta o problema e não vive ansioso porque confia e tem esperança. Outra parte do nosso ser vive numa constante ansiedade e persistente preocupação com o futuro e desenvolve uma dificuldade muito grande em encarar problemas até simples mas que, para um ansioso, é o maior dos desafios.
Esse fenômeno é muito antigo. Um salmista dizia para si mesmo: “Porque você está assim tão triste, ó minha alma? Porque está assim tão perturbada DENTRO de mim?”. Ele continua dizendo: “Ponha sua esperança em DEUS!” (Sl 42.11). Uma parte do seu ser dizendo para onde não olhar e a outra para onde olhar. Como um bom judeu, o apóstolo Paulo só não conhecia esse texto, como também sugere para seus leitores o que fazer para, ao menos, aliviar a insegurança que a ansiedade traz. Ele escreve para os Filipenses que devem encher suas mentes de TUDO o que é bom (Fl4.8). Sendo assim, é como se estivéssemos sendo aconselhados a “desequilibrar” o nosso coração em direção a uma vida mais segura e confiante. Os medos aparecerão com certeza! Mas eles precisam ser enfrentados com essas atitudes. Porém, o mais importante é saber que, nesse processo, não estamos sozinhos.
Colheita em tempos de escassez
Muitos já sabem que a igreja foi “inaugurada” durante a Festa judaica de Pentecostes, comemorada 50 dias após a Páscoa. Essa festa sempre foi uma expressão de gratidão do povo pelo suprimento das suas necessidades da parte de Deus.
Entretanto precisamos observar um detalhe. Essa festa foi ordenada por Moisés durante a travessia no deserto. Ora, que colheita pode haver no meio do deserto? Será que os hebreus teriam que esperar chegar em Canaã para assim comemorar suas colheitas?
Claro que não! A “ordem” da gratidão não era para ser expressada no momento da benção quando chegassem na Terra Prometida. O povo foi desafiado a expressar gratidão durante seu tempo de escassez. Não são necessários detalhes de como isso foi instituído no deserto. O importante é entender que nós estamos vivendo como o povo hebreu no deserto: numa escassez em amplos aspectos. Desemprego, doença, divórcios são alguns exemplos de como estamos escassos de amor, paciência e esperança; e a pandemia está colaborando com essa escassez.
Entretanto, é na escassez que precisamos expressar nossa gratidão e colher aquilo que recebemos de Deus diariamente. Sei que na escassez não atinamos em sermos gratos; em tempos difíceis como esse a gratidão precisa ser exercitada. Mesmo na escassez aparecerão oportunidades de abençoar o próximo; e quando ela surgir não podemos desperdiçá-la.
Por isso não é a toa que a Festa da Colheita e o surgimento da Igreja tem tudo a ver. A igreja foi instituída para promover colheita em tempos de escassez; e o que precisa ser colhido é gratidão, mesmo em tempos onde a benção (aparentemente) não chega.