Coleção pessoal de JeaziPinheiro
Quem Sou
Sou alguém sem lembranças de onde veio,
Como a outrem com saudades, para onde ir.
Sou alguém que sonha o próprio meio,
Como a outrem com dificuldades em dormir.
Como o sol se pondo e nascendo a um novo dia,
Morro a cada instante em todo entardecer!
Como o espetáculo de uma nova magia,
Renasço a todo tempo num novo alvorecer!
Mesmo outrem como a mim, que trilha,
Superando tristezas e que alegremente diz:
"Sou também assim, simplesmente feliz!"
Sou a outra estrela distante, que brilha!
Sou a mais bela poesia, sem querer...
Sou um outrem... Alguém, como você!
A Morte Eterna
Nebulosa é a lembrança e temorosa sim,
Na insana utopia do pensamento fugaz.
Funesto é o esquecimento da memória assaz
Do antes e o depois – é o início e é o fim...
Faminta é a desilusão da natureza voraz
Na fantasia da alegria exuberante que externa
O excêntrico desejo conflitante da interna
Busca pela felicidade – é a guerra que jaz!
Jazida no âmago da deletéria matéria erudita
E suscitada no pranto da segura jornada infinita
– É a maior sorte esperançosa de um homem forte!
É a absoluta obscuridade fenomenal que acalma
Todo desespero da disputa infernal pela alma
Passada e futura– é a Eterna Morte!
Luz Do Teu Olhar
No Manto azul ensolarado de emoção,
Vejo resplandecer minha paixão celeste!
Vejo ressurgir meu pranto, que se repete,
estilhaçando meu delicado coração!
Luz que de longínqua imensidão
faz ressurgir meu pesar distante!
Luz que sempre se vai, estonteante,
dispersando minha dramática solidão!
Que grandiosa luz, Amor, que me insiste
em mais um dia, que, na pétala de um flor,
Numa gota de orvalho, reflete tão intensa dor!
Amor! Essa Luz que rodeia nosso romance,
Que me importa que todo dia eu a alcance
Se o brilho do teu olhar não mais existe?!!!
Mensageiros
Quem nunca quis aceitar em deleito
Uma Mensagem avinda da Infinita Paz
Para dizer que na vida a natureza faz
Um Fim Fenomenalmente Perfeito?
Quem sem medo por dentro do peito,
Em desentranhas disse uma mensagem:
“A vida é curta — é só uma passagem?”
“A vida é breve — é o seu próprio leito?”
Uma Mensagem Obscura avém da sorte
De quem viver até perguntar-se: “quem sou?”
“De onde vim?” “qual meu fim?” “para onde vou?”
Uma Mensagem Oriunda da Eterna Escuridão
Avém dizer ao mundo: "Todos Morrerão."
Quem nunca foi Um Mensageiro da Morte?
Eterna Virtude
Servindo a vida, desentendia os mundos
Imundos, nesta profunda viagem frustrada!
Crescia, renascendo em segundos,
Aprendendo sobre “O Tudo e o Nada"!
Partindo, desejarei estar pronto
Nesta estação universal, para desaparecer,
Aceitando o meu eterno encontro
Com a minha paz, sem enlouquecer!
Na minha lápide ficará escrito assim:
“Que o meu túmulo seja doado a alguém,
Sem que ninguém se importe a quem...
Porém, doado a outro corpo ocioso,
Para que seja eu, eternamente Virtuoso,
Quando meu túmulo não mais servir para mim...”
Dor
Por que não aceitas a tua dor como direito,
Tentando fugir do vazio da existência
Se a saudade é sempre a futura experiência,
Que vem chegando te doendo no peito?
Por que queres procrastinar o conceito
da tua solidão, se somente há emergência
nua à tua involuntária insurgência
Crua, que só a Morte vencerá no teu leito?
Despojado ao medo da grande lista
De ritos mitológicos à tua essência,
Apela-te à egéria simbologia mista...
Ser humano da moralidade individualista!
Procuras apenas esconder a iminência
Dor da tua depressiva solidão moralista!
Minha Sina
Nas profundezas dos meus íntimos momentos
Poéticos, oriundos das belas poesias universais,
Compostos nos versos dos meus poemas autorais,
Rumo navegando ao mar dos meus pensamentos!
Sigo rimando minhas céticas decassílabas surreais:
“Quem retornou à vida após ter morrido,
Ou se lembrou, de outra, após ter nascido,
Nessa nau de reencarnações consubstanciais?”
Nas densas ondas da minha imaginação aberta,
Sob a frugal veracidade sina, vivo um poeta,
Consciente da brevidade da minha estadia
A bordo da incondicional resistente anomalia
Existencial entre meu passado e meu futuro!
Meu destino é a Morte… A Vida é meu Porto Seguro…
Aceitação
Minha vida doer-me-á sem a prantear!
A esperança na promessa é infinda,
E que a ninguém, jamais chegou, ainda,
Fez-me aceitar meu pranto, sem o soluçar!
Minha sina aceita-la-ei sem me angustiar!
A tristeza serena com a alegria linda
Na dança dos passos é sempre bem-vinda
A que sai de mansinho sem se lastimar!
Minha paz aceitar-me-ei, é o meu Eterno Fim…
Vaidoso é o pensamento delirante, que me diz:
" é porque nunca amaste que és um infeliz..."
... Felicidade... Dir-me-ás quem já amou,
Ou é vaidade pura, que minha mente aceitou
Em dissimular a dor, que está dentro de mim??!!
Sem Explicação
Tentar descrever o inexplicável
Com tantas loucuras e alegrias
É como querer excitar o inexorável
Com loucas ternuras e fantasias!
Alguém loucamente afirmou que era “zeus”,
Com a mitologia gloriosa do indubitável?
Com o bom senso comum ao imaginável,
Alguém ainda tenta afirmar que é “deus”!
Quem exemplificou o “uno” ao multiplicável?
Quem especificou que a evolução é adaptável?
Quem citou a “precedência sobre a essência”?
Tentando explicar a própria existência,
Um homem é insanamente incrível,
Querendo compreender o inexaurível!
Eterna Oração
Senhora Dona Morte! A Ti confesso!
Nesta vida de vontades que me deixa louco
Todo desejo do mundo para mim é pouco.
Retira de mim toda ânsia, é o que Te peço.
Solícito, como um solitário antropo oco,
Silenciosamente a solitude me conforta!
Dona Morte! Sou um solilóquio moco!
Seja a Perene Guardiã na minha porta.
Com a fenomenal Áurea Oriunda
Da Tua Obscura Fonte Mais Profunda
Cubra meu pranto vazio, e o resto afasta...
Deixa sair toda a utopia do meu desatino...
Nasci só e Morrerei só — é meu destino!
Expulsa todo prazer que não me basta...
Algo, o Eterno e o Nada
Tudo existe! Eu existo! Algo existe!
Tudo no mundo que é de mais moderno,
Que não se alimenta de algo, não resiste,
Pois o Nada, jamais será Eterno!!!!
Algo, no mundo, precisa de alguma coisa,
Para continuar sempre existindo!
Assim a Eterna Morte, com os sonhos na vida,
Para permanecer sempre dormindo.
O eterno, como o tudo, existencialmente tachado,
E por muitos, consubstancialmente adorado,
De nada precisou, pois nenhum jamais existiu...
A vida eterna é a maior ganância do homem vil,
Que faz do nada, Essencialmente algo,
Para que se sinta sempre eternizado!!!!
Amor Vencido
Vício desse amor? Requinte de ternura
teatral no seio da vida instável,
Gíria fulcral da ânsia inesgotável,
Infâmia surreal ou sensível loucura?
Energia astral da emoção aceitável
Na mente de desejos, abstrato puro
Da indulgência ou deleite inseguro
Da intuição humana ao inexplicável?
Nobreza plantada no palco da fantasia
Sedutora ou rica colheita da cortesia
Indivisível do ser ao adaptável?
Éteros mortais! O que dirão da antropia
se temem o Obscuro? Quem responderia
À sua dor: ─ A Morte Vence esse amor insaciável
Eterna Chama
“Tomar a Morte como Conselheira”,
Fez-me um homem mais presente!
Fez-me humanamente consciente!
Fez-me da atitude ,uma boa maneira!!
Aceitar a minha mortalidade,
Fez-me da vida uma guerreira!
Fez-me da esperança uma herdeira!!
Fez-me da lembrança, uma saudade!!
Esse fogo que me queima o coração
É mais que a ardente chama da paixão,
que me bate dentro do peito, todo dia...
Esse fogo que me aquece toda a mente
É mais que a fanal chama permanente,
Que me ascende, com a sabedoria!
Desamores
Li teu diário de “amores delirantes”!
Também não fui para ti a felicidade...
Fui mais outro alívioàs tuas dores angustiantes,
Furtivas sensações de um amor de verdade!
Fui paixão repetidade teus antigos amantes
Descendo correntezasrequintadas de magias,
Águas passadasem leitos ofegantes
Regressadas em pulsõesde nostalgias!
O nosso amor tambémacabou em fantasias
Transbordantesde efêmeras alegrias...
— sou resquícioDos teus sonhos infantis...
Dos teus traumasdilemáticos recalcados
Agora sou vontadee desejos insaciados
— sou página viradado teu “livro infeliz”!
Sonho Louco
Dormindo provei de um doce beijo teu,
Tocando teus lábios numa cena de ternura
Como se estivéssemos num palco de loucura,
Depois de encontrar num sonho meu!
Sentindo tua face límpida e pura,
Meu olhar sereno estremeceu
Depois que tua pele cheirosa amoleceu
O semblante de minha fisionomia dura!
A espuma da minha saliva pouca
Emudeceu toda a tua abóbada oca
Depois que toquei no teu íntimo céu...
Ouvindo o roufenho som "sabor de mel"
Eclodir baixinho da tua voz louca!
Sonhando te encontrei e beijei a tua boca!
Situação de Rua II
Uma águia trocando o bico a garrido
Além da alta montanha o reclama,
Esperando sozinha, sem alarido,
Aquém seu instinto oproclama.
Alguém pedindo a outrem um ouvido
Sussurra sobre o ombro um problema,
Tentando sozinho, sem ter um abrigo,
Por um diálogo, para esquecer um dilema.
Como aliviar as dores na solicitude
Dos passos da vida, se em atitude,
Uma criança quer mais que um abraço???
Na escuridão de um rua sozinho,
Um andarilho, menino sem ninho,
Como a solidão de um grande pássaro!
Infelicidade
Um outrem pedindo ajuda sem erguer a mão,
Emite toda a sua angústia reprimida,
Serenamente é outra pessoa sofrida,
E sorridente, em seu estado de lassidão!!
Mal-estar ou bem-estar comum de sofridão?
É o "Alterego e o Amor-Fati" — é a Vida!
É uma ampulheta de sangue — uma ferida
Cicatrizada com o amor e a aceitação...
Esse amor que satisfaz a quem interessa
Aceitar a esperança na promessa
Procrastinadora dessa tal felicidade...
Uma criança que não sofre tanta realidade:
"Às vezes, nos alheios mundo que percorro,
Um adulto rindo, é um infeliz pedindo socorro!"
Mulheres
Esse amor de mulher! Seleção natural
Da cortesia feminina sem batom!
A singela melodia do bom som
Da voz que irradia todo dia como especial!
Mulher! Não corra!Para que andar depressa?
A sensualidade édesfilar, nesse dom
De manter na memória obom tom
Do caminhar, que esse charme interessa!
Sempre sorrindo, Avante! Sem a gargalhada
Dessa risada que só deixa atrapalhada
A bela expressão de paz, extirpada pela dor…
Ah! Mulher! Resgata essa energia que agita
A postura desse oposto que ainda acredita
Nessa imaculada fantasia desse amor!
Poesia
A poesia está lá em cima...
A poesia está cá, embaixo...
Há poesia universal, sem rima...
Há poesia telúrica, que não acho…
É o homem quem escreve o poema?!
E quem o define, tem a mente aberta?!
E o que o consome,éa poesia ou o tema?!
E encontrá-la, édom de um poeta?!
Mantida no obscuro de um pensamento,
A poesia universal está em cada ser:
No ouvir e falar; no ver ou não ver!
A poesia telúrica éa arte em nós,
Suavemente eclodindo em uma voz,
Declamando-a, liberta ao vento!
Parabéns
Hoje acordei pensando oque faria
Para sonetar algo para alguém...
De repente, no alvorecer deste dia,
Lembrei-me de ti, para te dar uns parabéns!
Parabéns, amor! Pela data no calendário!
Parabéns, amor! Pela vida sincera e serena!
Parabéns, amor! Que se mantém bela e plena!
Parabéns, amor! Pelo teu aniversário!
Quero-te tão bem, que, conjugalmente,
Em fidelidade eem confrontos,
Hoje digo que continuo pronto...
Para te dar o presente que eu mais quis,
Dizendo baixinho em nossos encontros
Que te amo e contigo continuo feliz!