Coleção pessoal de jcaliman

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Não é indecisão, é viver intensamente cada ponto e contraponto.

A junção de diversas escolhas, simples e complexas, dá origem à famosa incógnita arcaica: “Quem és tu”?

A vida deveria ter um botão de Ctrl + Z

Ser humano, ser ou não ser?
Espécie pseudo racional, animalesca, disputam territórios e lutam pela sobrevivência. Já se agarraram a ideais desconhecidos e mataram por eles, porque precisam da fé para dar sentido a sua existência desconhecida. Usaram a própria espécie como escravos pois a ideia do poder ultrapassa a da união. Lutaram pelo individualismo, pela propriedade privada, por dominar uns aos outros. Porque já dominaram os recursos naturais, desmataram florestas e exploraram os minérios para se sobrepor aos demais. Dominaram o reino animal, matando em série para produção de alimentos que prejudicam a saúde da espécie, mas não tem problema, porque o objetivo para eles não é crescer como espécie, é lucrar e ter mais controle sobre a mesma. Sempre em lutas animalescas com eles mesmos, matando o próximo, trapaceando, manipulando. Os líderes não representam seu povo, armam estratégias contra a população para privilegiar a si mesmo e seus comparsas. E os demais não percebem que são uma espécie e enquanto a grande maioria não evoluir, a raça ficará estagnada, com um grande risco de ser extinta antes de conhecer outros planetas e civilizações espaciais. É preciso evoluir individualmente sim, mas sem prejudicar outro sujeito ou a espécie como um todo. Porque o processo de evolução individual está em se sacrificar pela própria raça, respeitar as inferiores e almejar chegarmos juntos a uma raça superior. Ser humano começa ao perceber que não somos, sem sermos.

Causa, efeito e possibilidades

Tudo é questão de possibilidades. Se uma folha cai, é porque a possibilidade dela cair foi maior que as outras possibilidades de efeito sobre ela. O que causou o fato “folha cair” foi uma possibilidade que também prevaleceu sobre as outras.
Isso está anexado a um ciclo de “causa e efeito”. Quem surgiu primeiro, a causa ou o efeito? O efeito aparece após a atuação de uma causa. E a causa sempre existiu... O diferencial são as múltiplas possibilidades de efeitos que uma causa proporciona.

Domingo

Preciso de uma verdade para apalpar, pensava enquanto abria os olhos em um espaço entre o sofá e a mesa de centro. Levantou, foi até a janela, viu um lindo motivo para sorrir nos céus mas uma lágrima caia de seu rosto; em forma de piedade e condenação. Enquanto alguns amigos acordavam, enxugou a lágrima que secou antes de tocar suas mãos, sem querer conversar subiu para seu quarto.

Seu maior erro foi não perceber que enquanto tremia de medo do futuro, seu futuro seria tremer de medo.

Tomou banho como quem quer arrancar a pele, na tentativa de alcançar sua alma, mas sabia que o caminho era mais difícil do que se esfolar vivo, não há pedras no caminho físico que sejam mais dolorosas do que a do psíquico; ele sabia disso e isso o atormentava, ser errado e não saber é tão confortável, quando se percebe o erro, ai começamos a falar da dor.

A dor, a dor mecânica que conduz ao erro, em uma tentativa eufórica de ser feliz, ao menos por horas, minutos, porque não segundos? O sentido da vida não é a felicidade? E por ela não matam, enganam, manipulam! Qual o problema de tê-la e pagar a prazo? As respostas o vinham na cabeça e ele as contrariava, tentando se apoiar em uma desculpa inútil que não o fizesse entrar no estado de agonia, esse que pode ser caracterizado pelo pagamento a prazo da felicidade, e assim como as dividas, quando você faz tantas contas que a soma da parcela de todas equivale ao valor a vista da mais alta delas, meu amigo, isso é um problema.

Enquanto se troca para existir em uma manhã de domingo, coloca uma música alta para dispersar os pensamentos, quem sabe assim a música os sugam e eles somem. Seu maior medo depois da morte seria não deixar de existir e pensar; o pensamento é um karma do homem, e como todos os karmas, se você não descobrir o verdadeiro sentido deles, será atormentado como uma dor de dente que aparece cada vez mais intensa.

Abriu a porta e saiu, sem dar bom dia aos colegas de república, acendeu um cigarro e foi em busca de um café preto, amargo, tudo o que ele podia oferecer para seu corpo no momento, uma dose do próprio sentimento. O atendente solicitou seu pedido com um péssimo humor, quando o dono do estabelecimento apareceu, o funcionário se direcionava para sua mesa com o café, uma ótima oportunidade para fazer um comentário prejudicial ao rapaz que o atendeu mal e contribuiu para o seu dia continuar piorando. O chefe estava prestando a atenção em sua mesa, mas no momento que seria uma válvula de escape para sua frustração, ele pediu açúcar.

Sentado na mesa, tomando seu café adoçado e refletindo o porque da atitude piedosa com o rapaz, tentou ir além do “se colocar no lugar do outro” e ficou no seu próprio eixo, analisando os possíveis motivos do acontecimento. Em um domingo, atender pessoas mal humoradas que se julgam melhores do que ele e o mundo, que pagam pelo produto consumido como quem está dando uma esmola, mas não aceita se seu troco estiver faltando 5 centavos. Olhou para o rapaz da mesa ao lado, um senhor de meia idade, obeso, comendo um pedaço de bolo com coca cola pela manhã, e um prato contendo marcas de frituras, fala com o mesmo atendente em um tom autoritário, pesado, sem uma gentileza ou um agradecimento, não precisou ir muito longe para compreender um dos motivos da péssima impressão que teve do atendente, muitas pessoas tem dificuldade em olhar para o semelhante e ver uma história, ver sofrimentos, conquistas, sonhos, tais sonhos que muitas vezes são destruídos por pessoas insensíveis que não são capazes de apenas perceber, ele queria mudar o mundo mas não queria mudar si mesmo; ele era uma ideia falsa, assim como todos que tentaram vencer uma guerra com mortes.

Gostou de olhar para as pessoas como uma vida, e não como uma casca mecânica programada para julgá-lo realçando as supostas qualidades que o fazem se minimizar diante delas, ou se engrandecer diante dos defeitos de outras. Ele não gostava de fazer parte desse sistema falido de opiniões superficiais, mas quando está incluído em um sistema, a questão de bem ou mal é apenas uma característica do mesmo, e quando se transcende esses tais sistemas que nos unem, o bem e o mal não passam de opiniões, com forças que agora não são capazes de o afetar.

O senhor ao lado que se expressava frio e carrasco, interrompeu seus pensamentos com gritos e desespero ao atender uma ligação, pelo que foi entendido, a irmã adoecida acabou de falecer, alguns funcionários ofereceram água com açúcar e tentaram lhe convencer de que seria uma péssima ideia dirigir eufórico. Ele não deu ouvidos e saiu, freando bruscamente e acelerando em seguida, a opinião que teve do senhor foi logo destruída por um sentimento de pena e receio, nada justifica uma atitude estúpida descontada pelos problemas pessoais, mas se a maioria não consegue se conter, é bom respeitar quando isso acontecer.

Pagou a conta, poderia ter poupado esse dinheiro se tomasse café na república, mas as vezes era preciso sair, ver qualquer movimento novo para silenciar os pensamentos que o metralhavam em casa, no vazio das conversas que eram sempre as mesmas: coisas. As coisas estavam sufocando seus sentimentos, a ideia de posse: “possuir coisas porque você é o que possui” é tão vaga, "o dia que não possuir nada vai saber quem realmente é", pensava enquanto seus olhos se fixavam em um malabarista no sinal, que se concentrava e sorria, não como quem cobra e sim como quem doa. Doa sua arte, sua vida, suas “coisas” para viver cada dia esperando nele aproveitar os maiores segundos possíveis.

As pessoas ao redor olhavam para os artistas de rua com receio de se aproximar. Como se ao olhar um resumo de suas vidas viessem prontos diante de seus conceitos mesquinhos, e são sempre os mesmos: bandidos, drogados, marginais. Ele também já fez parte desse grupo gigante de pessoas alienadas e lembra quando uma vez um colega contou a história de um mochileiro, disse que ele era rico, tinha emprego fixo, filhos, pela descrição possuía mais riquezas que sua família, e o espanto foi inevitável, pensou o porquê da atitude e agora sabe bem: liberdade. Enquanto atravessa a rua em passos lentos, não mais observando o artista, lembra de uma frase do sábio Nietzsche: "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Essa frase engolida pelas suas inquietações foi o suficiente para concluir seu pensamento: "pena dos que condenam e discriminam, eles não podem ouvir a música, eles estão presos em suas vidas e sentimentos hipócritas, pena".

Ao voltar pela longa avenida percebe que está quase na hora do almoço, percebe também que está melhor do que quando saiu de casa, que a compreensão acalma os pensamentos e que cada vez mais sente uma necessidade de compreender a vida, se espanta ao olhar para todas as pessoas andando freneticamente de um lado para o outro, será que elas pensaram ao menos uma vez no dia quem elas são? E quantas vezes julgaram e rotularam quem o outro é? Como um ser vivo pensante em todo esse tempo de existência não descobriu e levou ao esquecimento o fato mais importante: Nós. Ao seu ver, uma pessoa incapaz de ao menos tentar refletir sobre isso, é apenas um aglomerado de matéria que irá contribuir para a alienação das próximas gerações. É cômodo aceitar os acontecimentos como algo predestinado, é péssimo abrir mão do potente sentido humano que é o pensamento, e no lugar disso, aceitar os fatos por algo que te bombardearam a vida toda. Sendo assim, você é o que os outros querem que seja.

“Você é o que os outros querem que seja” essa frase se hospedou em sua cabeça, lhe fazendo lembrar de quando tinha 15 anos, cheio de sonhos e vontades, desejava ser desenhista. Amava as cores e a oportunidade de criar o que o papel lhe oferecia, procurou algum desenho antigo e não encontrou, resolveu desenterrar o velho sonho, deixando claro pra si mesmo que não levaria a diante, que era apenas uma vontade momentânea, pensava isso como quem dava satisfações para seus egos.

Um amigo entrou no quarto e o viu desenhando, era apenas traços se encontrando e formando uma imagem, qualquer ser considerado humano poderia perceber a magia que se materializava naquele papel. O grande azar foi que as primeiras pessoas que viram sua arte, quase não eram humanas, nem perceptivas, mas eram as pessoas mais importantes para ele: Seu pai, e agora seu melhor amigo. Enquanto era criticado por estar desenhando e não aproveitando o dia da maneira que o grupo de amigos achavam melhor, lembrou que quando parou de desenhar foi porque seu pai falou que o desenho do filho poderia servir de esboço para crianças com Síndrome de down, mas dessa vez não permitiu que as criticas destrutivas lhe afetassem , percebeu ao bloquear esse dejávú, que quando aprendia lidar com essas criticas, tornava-se um humano capaz de lidar com os elogios sem deixá-los influenciar de maneira negativa em sua vida, e isso, apenas quem é capaz de filtrar as opiniões de fora é capaz de conquistar.

Sorriu, pois recuperou um sonho, renascendo junto a força necessária para a esperança prevalecer nos momentos de conflitos e a dose certa de humildade para lidar com as conquistas. Realmente, essas coisas só acontecem nos domingos... Deitou em sua cama concluindo seu dia com um propósito, analisar suas atitudes negativas e as corrigir, pois são essas capazes de transformar, e sim, são poucas e quase insignificantes, podendo ser comparadas com uma célula maligna em um corpo de trilhões de células saudáveis.

As pessoas não são obrigadas a te entender porque tu tem medo de amar. Você sim é obrigada a se entender antes que todo o amor entulhado em seu coração cinzento exploda, tatuando em cada célula do seu corpo o que foi desperdiçado.

De mim, para eu.

Quem surgiu primeiro: O efeito ou a causa?

Desculpa, eu precisava expulsar esses sentimentos que me bombardeiam... Assim como meus olhos expulsaram as lágrimas que me afogavam.

Desiludida com as próprias promessas eu vejo as mesmas marcas nas voltas.
Os erros não nos abandonam com o ignorar.
E se repetem, e aumentam.
Crescem para serem notados, refletidos, solucionados.
E porque não são?
O medo da dor suga as possibilidades.
Esse falso tempo de alguém que tem muito tempo me aprisiona.
Olho para o tempo perdido e vejo rabiscos que desenharam quem sou.
Oh... Sim! Eu poderia ter prestado atenção nas linhas.
Mas as distrações são tantas que nas primeiras horas do dia esqueço de me perguntar novamente: Por que mesmo disso?
E acabo adormecendo, deixando para o outro dia, um outro tempo.
Como quem não soubesse que esse tempo não existe.
Que é o mesmo de ontem e da semana passada;
Que estou presa em minha sala de angústias e não faço nada além de desviar o olhar.
A sala é pequena para tanto lixo a ser reciclado.
O medo de fixar os olhos alimentam meus monstros.
Sei disso quando a inércia é constante,
Quando o movimento vem depois da força,
Quando a força vem depois do impulso,
E quando o impulso custa a vir.
Não basta apenas aprender com os erros se não aceitar se transformar por eles.
E se não, que mal faz, eles não pedem licença.

- Passo a maior parte do tempo vendo uma miragem, onde a felicidade está em meio aos espinhos.
- Procura se beliscar quando perceber que isso está acontecendo.
- Por quê?
- Assim se sentirá viva para enxergar os espinhos reais, a felicidade real.
...
- Deu certo, pena que esses beliscões só despertam enquanto sentimos a dor.
- No final das contas, a dor é inevitável, a realidade não.

Eu sou um aglomerado de átomos que se atraem e repelem constantemente. Contidos em células, tecidos e órgãos. Conectados a um sistema, eu sou um corpo. Estou pensando, estou agindo, tenho afinidade com alguns, mantenho distância de outros; O tempo não para para mim, ou melhor, eu não paro para ele. Estou em uma constante convivência com aproximações e esquecimentos... Contidos em uma cidade, país, planeta. Conectados a um sistema, estou em um corpo.

O medo em si é o medo de ter medo. Ele é solitário, como um parasita que precisa se agarrar em algo para sobreviver. Quando encaramos-o de perto descobrimos que o que sobra é a experiência, todo o resto é o desespero.

Mais um gole dessa nostalgia, por favor. Preciso desfazer o efeito do karma guerrilhando com meus próprios egos.

Um tempo curto onde eu possa não ser, para voltar a ser sabendo o que não sou.

Doce e amargo, o gosto do pensamento inofensivo que circula sobre meus neurônios vivos.

Pensando sobre o que pensar, como se tivesse escolha.

Ele morreu, John.
No silêncio da madrugada me pego me apegando de mais
Lutando contra o ego, lutando contra o desespero
Até que ponto o que sinto é verdade ou ilusão?
Até que rua te quero? Em qual curva te abandono?
Uma arrogância atropelada ou um vestígio de abrigo.
Hoje ela adormeceu longe de mim
E eu perambulando pela casa, tentando trazê-la para perto
Mas até onde eu sinto? Até onde eu quero?
Eu atropelei o amor.

O ápice da insônia é quando você começa a contar quantas vezes tentou dormir de cada lado.

Ele errou.
Ela não aceitou. Brigou, pisou e recusou.
Ela terminou.
Ele a procurou. Falou, brigou, implorou.
Ela não aceitou.
Ele continuou. Gritou, quebrou e se pintou
Ela se deitou.
Ele se agoniou. Andou, procurou e desmaiou.
Ela nem ligou.
Ele concordou. Brincou, cantou, amou
Ele se encontrou.
Ela chorou.