Coleção pessoal de Jbrasil
Vocalizar as nossas angústias, nos mostrarmos solícitos e ávidos em ouvir as queixas do outro, oferecer nossa força para dividir o jugo do aflito, são práticas que criarão uma cultura de mutualidade e de ressonância afetiva fundamentais nas relações humanas.
Estabelecer novos vínculos afetivos e fortalecer os antigos, bem como adotar novos hábitos relevantes à vida, certamente promoverão dias menos tensos e com menos acúmulos dessas tensões.
Todos os dias nos deparamos com um convite à tomada de decisões, ou, na mais tênue das hipóteses, ficamos cientes das consequências que elas produzirão. Haverá sempre um desdobramento de nossas atitudes que, por tabela, nos colocarão como alvo final, constrangendo-nos a refletir, a priori, sobre elas e seus efeitos.
Pensar antes de agir é uma necessidade. Em algum lugar do futuro, em algum ponto da rotação terrestre, nossa ação - ou inação - farão parte de um teorema que precisará ser equacionado.
Quais promessas fizemos no último dia do ano passado? Recordar, elaborar e tomar decisões, formam uma tríade que evoca a lei da causalidade: toda ação corresponde à uma reação. E, pasmem, até mesmo a omissão reclama um consequência que pode ou não estar sob nosso controle.
Ao desaparecer no horizonte, o último sol de cada ano abre oportunidades para refazermos promessas esquecidas e, nas rotações terrestres seguintes, ajustarmos distorções, retomarmos as dietas sabotadas, reatarmos os laços fraternos, reabrimos os livros abandonados na estante, renovarmos os votos e, se preciso for, rompermos os grilhões que se apresentam disfarçados de laços amorosos.
O ocaso não é um acidente sideral. Ele é como um portal ao mundo da reflexão, que nos permite pensar no pedido de perdão que hesitamos em formular - por medo ou orgulho; nos oferece a chance de conceder o perdão que nos foi pedido e, sem dó, o negamos- pela mágoa cristalizada ou por enxergarmos uma fissura oportuna para empreender a vingança.
É curioso como o calendário, que revela a existência de um marco, tem influência marcante em nosso comportamento. É como se existisse uma fronteira mística entre as realidades e vivências pretéritas - de vitórias e fracassos - e as possibilidades futuras de corrigir feitos e efeitos dantescos e alinhar rumos.
A ignorância é a arte de estar alheio aos fatos; a estupidez é a arte de manter-se ignorante por conveniência
Quando uma luz é lançada sobre fatos a respeito dos quais éramos ignorantes, há dois caminhos a seguir: o do crescimento, pelo aprendizado que a clareza nos trouxe; ou o do emburrecimento, pela negação das obviedades expostas que a nossa estupidez não nos permite enxergar