Coleção pessoal de Izidioyuri
Eu parei pra pensar agora…
Sim, com mais de trinta,
Mas finalmente parei.
E quando tomei consciência, doeu.
Doeu mais que o cansaço
Que justifiquei ser o ônibus.
Doeu mais que a culpa do sono atrasado,
Que culpei às horas estudando.
Doeu mais que a folga em casa,
Por eu não estar plantando,
Enquanto os outros se divertiam,
Como bem ensinou o guru
Que meus iguais, estavam contemplando.
Doeu tudo isso,
Porque entendi a fonte da dor.
Não tinha a ver comigo
Ou o que eu fazia em meu pouco tempo livre.
A fonte estava naquele maldito serviço
Onde cada salário mal pago era uma dívida
Que me mantinha refém
Daquilo que de todo coração acredito.
Dedilhando sem pressa
Correndo os dedos pelo braço
Afinando o silêncio,
Em busca de acompanhar o compasso.
Com o violão acomodado em meu colo
Observo o ritmo combinando
A batida específica no corpo,
Enquanto toco Lá sem Dó
O instrumento solta um som abafado
O tom que sai em si
Não está na escala conforme esperado
Mas entrega um baita show,
Que amei ter participado.
Antes do show, o ensaio
Com o corpo apoiado em minhas pernas,
Dispenso a palheta e disponho ao dedilhado.
O som se inicia sereno,
Ainda que plugado.
Quando te toco com os lábios
O ar quente que expiro em você
Faz com que rompa o silêncio
Com o timbre na perfeita frequência
Possibilitando que meu corpo ressoe
Com cautela e atenção
Passeio meus dedos por todo seu corpo,
Tecla por tecla, sem errar o tom.
Massageando com toques firmes e suaves,
Em acordes que ditam a emoção.