Coleção pessoal de ivanetefranca

Encontrados 12 pensamentos na coleção de ivanetefranca

A linguagem é como uma pele: com ela eu entre em contato com os outros.

Cada canto pálido de tua face
Cada canto doce de tua voz
Revelam aos poucos teus segredos

En corps

Sussurro
Baixo como o vento vem
Pairando devagar
O ouvido
Suave

Teu desejo
Me quase dominando o
Sentido
Sentindo o cheio
De teu poema
Me ouvindo

Sussurro
Sentindo no chamar
Te querendo ouvir
E tu partindo

Preso em ti
O verso
Em mim sentindo
Absorver
Palavras

E o corpo
No topo
No centro
Partindo

E tu, crescendo
Em mim
Vagando assim
Vivemos

À Madame Vírginia.

Toda história, a lenda, era um truque, o refúgio de meus anseios. Toda ação, das mais desvairadas e insanas, as inconsequentes, às mais sutis e febris, tomei por gosto. Enfim, o verbo, pautando em cada caminho morno, um tanto levou de meu valor. Querer cuspir no chão de cada dia pra refrescar o pisar, limando o certo, galgando cada degrau da culpa. Mas soltei as amarras, despi-me mais uma vez.
Noutro dia aquelas cinzas nuvens encheram meu dia de cor, porque estavam aqui dentro de meu íntimo dia mais bonito e o ontem já não incomodava.
Parto deixando as lembranças entocadas nos cantos que um dia pareceu-me feliz, a luz, os discos na vitrola embalando Choppin, a mesa de canto amparando toneladas de guimba de cigarros, uns do bem outros traiçoeiros deliberadamente, livros espalhados, uma doce bebida e teu rosto tranquilo sem nenhuma culpa
Tua casa fria Virgínia, apaguei dos folhetins!
Se um dia voltarmos a nos encontrar, não saberei pronunciar teu nome. Tua face rosada de certo irei apagar aos poucos, quando as rugas tomarão conta das lembranças, pouca memória conseguirei retirar de mim. Não costumo sofrer para sempre, o sempre acabará diluindo-se ao vento do tempo.
Assino-me: o resignado.

Chamo-te, poesia!

Invado-te os sonhos,
Busco-te!
Não sossego tuas noites vazias.

Chamo-te aos meus desencantos,
Chamo-te sim!
Invado tua alma.
Atordoo-te os pensamentos,
Teu coração sem calma.

Procuro tuas mãos
vagarosamente,
folha por folha de papel,
a cor das palavras
que crias ser somente
e tão somente, tuas.

Inevitavelmente inconsciente, flui bem

no consciente o singular

do paladar

sentir o gosto seco da voz

no ouvido, todo o sentido

acabar assim, seco!

não o seco das palavras ditas, mas

as mais discretas, as caladas

aquelas que a coragem

escondeu, delimitadas.

e se deu o fim de todo começo

singular da descoberta,

do novo instigante e direto,

sugando os sentidos e os

levando de dentro dos atos são,

tirando o prumo e o juízo

e ainda assim, ressoando

como um sonho bom.

Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

(In "Raiz de Orvalho e Outros Poemas")

Se no que tenho dito vos ofendo,
Não é a intenção minha de ofender-vos,
Qu'inda que não pretenda merecer-vos,
Não vos desmerecer sempre pretendo.

Que belo encanto os olhos teus,
refletem suave e translúcida alma
sem refletir o pecado da noite.

Decifrar o verso e o reverso
É como decidir por descobrir segredos.

Tudo aquilo seco, seca o traço do abraço amarrotado.

Pingando em traços leves as vertiginosas veias das palavras. Caminhando por vielas intensamente misteriosas nada levará até a descoberta dos pensamentos.