Coleção pessoal de ismaraalice
Tem palavras que parecem cacos de vidro, mas a gente prefere engolir e se cortar por dentro do que colocar para fora e ferir alguém.
Amor de mãe é um sentimento muito nobre e quando pouco demonstrado é porque está camuflado entre conselhos e preocupações.
Nunca esperei tanto um dia chegar, como esperei por esse. Contei os minutos, fiz planos, imaginei lugares.
Por mais monótono e igual, tentei fazê-lo diferente. TENTEI. Mas, nem sempre conseguimos dar um destino lúcido às nossas escolhas.
Pisei em cacos de vidro, chorei lágrimas de crocodilo, respirei ar poluído, tomei duas doses de veneno. Tudo errado! ERRADÃO. Momento errado, mensagem errada, celular errado, bar errado, ciúme errado, beijo errado, sentimento falho... Procurei acertar. Quis consertar. E, mais uma vez, tentativa frustrada.
Tudo ficou calmo. E, é bom. Durante algum tempo. Pouco tempo.
... Escutei duas palavras, o mundo parou.
A vida acabou?
Minha cabeça vacilava para o lado querendo um beijo. Meus lábios encostavam no vazio. Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto, queria fuga imediata. Fugi. Não para tão longe, mas, fugi.
Sentada no sofá procurava não pensar em nada. Meu pensamento vazio encheu aquela sala até que eu vi o reflexo de alguém nos meus olhos. Mãos dadas, beijo delicado, carinho satisfatório, abraço apertado, bem apertado e eu podia sentir seu coração no meu... cinco, seis, sete... eu contava as batidas que pulsavam cada vez mais rápido.
Enfim na primeira hora do dia, um par de alianças unificadas, para concretizar nosso amor e selar nosso elo.
Deveria ter sido assim?
Acho que tomei muita sopa de letrinhas quando criança... Só isso explica esse acúmulo de palavras dentro de mim.
(...) Estamos quase sempre pela metade, quase nunca satisfeitos e de repente tão acomodados que expressamos nossas resposta, críticas e opiniões com um duvidoso MAIS OU MENOS.
Mais ou menos respondemos, mais ou menos estamos, mais ou menos sentimos, mais ou menos dormimos, mais ou menos terminamos, mais ou menos calamos, mais ou menos realizamos, mais ou
menos dizemos, mais ou menos falhamos, mais ou menos afirmamos, mais ou menos nos entregamos, mais ou menos acertamos, mais ou menos negamos, mais ou menos questionamos, mais ou menos queremos, mais ou menos não gostamos, mais ou menos assumimos, mais ou menos desabafamos, mais ou menos repudiamos, mais ou menos somos. Isso tudo, entre outros mais e menos do cotidiano.
Ficamos sempre em cima do muro. Não sei se por medo, preguiça ou se simplesmente por pura indecisão. Acho que chegou a hora de se livrar desse ciclo vicioso que nos prende ao calcanhar, quebrar correntes, fechar a cota do meio termo da vida, tomar atitudes inteiras, decisivas e que fujam de ímpeto duvidoso. Hoje e agora.
Claro que não é só a síndrome do "mais ou menos" o mal desta geração, quando se trata de certas vontades, há uma verdadeira inquietação pela opção do "tanto faz", mas isso deixarei para falar depois, amanhã ou semana que vem... Tanto faz.
Noite plena. A bebida deixando os nervos aliviados. Nenhum sofrimento. A conversa extrovertida ou mudez repentina. Pergunta vã. Um brinde sem culpa. Tento engolir a saliva, mas a garganta trava. É preciso esperar. Querer. Precisar. Ou tanto faz. Vontade de afirmação. Erro displicente. Tolerância ou a falta de. Um espaço pequeno demais para dois centros de atenção. Próximo e nítido. Inocência exacerbada. Qualquer loucura habitual. Imoralidade disfarçada. Uma chance duas vezes. O mesmo questionamento. Meu foco noutra coisa. Minha atenção desviada. Sem dignidade a defender. Fui ficando longe cada vez mais. Mais. Unicamente e só. Dentro do meu tempo, mas fora do tempo. Daqui a pouco é outro dia. Sem ter razão. Sem ter porquê. Sem ter.
Chega em casa só depois que o sol nasce, sente-se inútil. Sente pena de si ao olhar- se no espelho e ver a cara embriagada quase de ressaca. O rímel de ontem ainda nos olhos. O cabelo despenteado. Um corte no pé que não sabe como adquiriu. O pensamento em branco. O raciocínio lento e o ouvido tinindo a música da balada que ainda faz eco. O dinheiro que gastou diluído no álcool que percorre as veias, mente e corpo. Um apelo para si mesmo. Tenta lembrar com exatidão de noite de ontem. Mas, tudo é vago. Não confia na sua memória... Falou com estranhos, sorriu para os falsos tratando- os com igualdade, confessou seus reclames para um surdo e deve ter feito outras coisas assim desprezíveis. Não lembra. Faz um gesto evasivo, apertando os olhos e contraindo as mãos contra a cabeça tentando lembrar com veemência o que lhe ocorrera ontem. Apesar da bondade do gesto a tentativa é em vão. Já não sabe ao certo se foi um dia perdido ou vivido. A consciência acusa. A noite passada gasta por nada, serviu para que? Pra nada! Paranóia. E os olhos vão apertando e fechando. Já não há questionamento. Já não há mais tempo, é hora de dormir.
Me segura pela mão, cruza meu destino, me mostra o caminho que com você eu não temo. Olha-me devagar, se faz meu porto seguro, me aperta em você, que contigo eu me sinto infinita, me faz sentir pequena em seu abraço, me acolhe no seu ombro e eu me encolho de mansinho.Chega perto. Devagar. Mais perto. Olho teus olhos mexendo. Sinto teu coração palpitante. Pego na tua mão e te faço sentir o meu, que, bate descontrolado, descompassado.Sentada ao teu lado, olho pra cima, conto as estrelas, olho em você. Você olha em mim e me olha.Ganho teu carinho, encosto na tua pele, beijo teu rosto e sinto o cheiro da tua nuca. Te conto segredo, confesso desejos, conheço tua dor e amordaço antigo amor. E o tempo passa... Assim leve, assim sereno, assim sem tempo. Você me elogia, me perco e me afundo entre tantos adjetivos. Eu te aprecio, metrifico cada detalhe do seu rosto, desenho sua boca com meu dedo, te xingo de lindo. É quase uma ofensa não chamar-te de maravilhoso, de lindo demais, de quase perfeito ou de muito perfeito.Prendo-me em outros casos. Você chega por acaso, faz uma mágica e tudo ficou bem. Sempre fica tudo bem. Só basta você estar. E ser. É. Tempo não volta. Minha espera cansa. Minha vontade fica e dessa vez com a certeza de que não quero outra vida que não seja com você.
Diariamente peço para que meu dia seja um dia
bom e se não for, faço com que permaneça só o
que for verdadeiro. A vida é difícil, sei disso.
Também sei que não dá pra ficar pintando o céu de cor-de-rosa, nem ver um mar de flores em todas as coisas. Mas acreditar que o dia será bom, enxergar os acontecimentos sem tanto pessimismo e esperar o melhor das coisas ajuda a diminuir um bocado de rugas, acredite. Além disso, aumentará sorrisos. Se esforçar para ter o melhor da vida e manter um convívio saudável não dói tanto. Esperar e acreditar em dias bons dói menos ainda. Por isso, todos os dias espero ter da guerra cotidiana um apelo de paz. De tudo e todas as coisas espero Deus. Do olhar espero ter a ternura. Da boa música: a cura. Da impaciência: cautela. Do abraço: proteção. Da ofensa: o perdão. Dos amigos: os leais. Do violão: uma canção. Dos medos: superação. Do coração: um sentimento bom. Do céu: a fé. Das viagens: a melhor lembrança. Da dificuldade: mudança. Do desengano: a esperança. Da queda: recomeço. Da pureza: a paixão. Dos livros: emoção. Do erro: aprendizado. Das tentativas: o segundo passo. Dos dias cinzas: um raio de sol. Das cores: o arrebol. Do sentimento: o mais sincero. Das mãos dadas: um apoio eterno. De um dia ruim: o lado bom. Da desumanidade: amor ao próximo. Da música preferida: volume máximo. Dos planos: realizações. Das horas erradas: as boas intenções. Dos pássaros: a melodia. Do pensamento: uma poesia. Do mar: a paz. De todas as manhãs: um bom dia. Dos males: o menor. Do amor: o maior. Dos desafios: competência. Das afrontas: paciência. Da leveza: um suspiro. Da boca: um sorriso. Da insanidade:
equilíbrio. Do silêncio: melhor resposta. Dos livros: a melhor história. Das diferenças: o respeito. Das
escolhas: bons feitos. Do pesadelo: um novo sonho. Do sonho: o mais perfeito. Da sinceridade: um sentimento. Da dúvida: discernimento. Da
borboleta: a liberdade. De uma vida inteira:
felicidade.
(...) Afinal, há dias em que não queremos ter sentimento. Há dias em que ficamos imunes à vulnerabilidade da paixão. Dias que não queremos ter memória, nem sequer um pensamento, por mínimo e inútil que seja. Há dias em que não queremos acordar. Há dias em que não queremos dormir. Há dias em que palavras não bastam, carinhos não são satisfatórios, nem suprem carência. Há dias em que queremos esvaziar o coração. Há dias em que nos sentimos perdidos, descridos, que não queríamos ter nascido, ou pelos menos não na nossa família. A inveja é doce, a família do vizinho é sempre mais divertida e como dizem por aí: a sua grama é mais verde. Há dias em que não queremos ouvir nenhuma voz, mas o grito do silêncio assusta. Há dias em que somos mais falhos que o normal e nos sentimos menos humano por isso. Há dias atravessados em que se quer morrer, que o oposto é sempre bem-vindo. Que as coisas pelo avesso são mais coerentes. Há dias em que o “não-certo” jamais intimida falta de vontade. Dias e dias em que seguimos errados e errantes, mesmo sem errar.
Quero teu abraço forte. Quero teu afago ingênuo. Quero teu beijo doce. Tua mordida voraz. Quero você ensaiando nossas brigas. Ameaçando nossos sonhos. Quero sua incapacidade de cumprir ameaças. Quero tua voz rouca. Teu bom dia sereno. Quero uma madrugada sem término e um dia pequeno. Quero um filme bobo. Quero chocolate com risos. Quero comédia com lágrimas. Quero dia interminável e música irremediável. Quero poesia com mágica. Quero ousadia revelada. Quero a fórmula do amor. Quero beco sem saída e uma saída imediata. Quero manha. Quero manhãs geladas e noite quente. Quero gotas d'água no calor 40° graus. Quero esquecimento do passado e vida nova no futuro. Quero bater papo por horas sem parar. Quero teu segredo desvendado. Quero malícia na inocência. Quero teu nome atormentando meu juízo. Quero você em mim. Quero tua marca na minha pele...
[...] Tem como julgar a atitude de uma pessoa sem que antes ela a faça? Tem como se descobrir que alguém não é tão legal quanto você imaginou se antes ele não mostrar seu lado não-tão-legal-assim? Tem jeito de a gente mudar o mundo e sair ‘infectando’ amor, compaixão, bondade e respeito no coração dos outros? Tem jeito?
Então ela sonha... Sonha baixo. Sonha feliz. Sonha pouco. Sonha nada, quase nada. Sonha alto. Sonha exagerado e cai. Sorrir, levanta. Sonha mais. Sonha tímida. Sonha devagar. Sonha inquieta. Sonha lágrimas. Sonha poucas lágrimas, muitas lágrimas. Acorda assustada. As lágrimas não eram sonho. Fecha os olhos e volta para o seu sonho inadequado. Sonha um sonho desnivelado. Sonha brigas e amores. Passado e futuro. Sonha o oposto do seu sonho anterior. Sonha moderado o impossível. Sonha demasiado uma paixão. Sonha isso. Sonha aquilo. Sonha profundo e simples. Palavras. Letras. Pretexto. Silêncio. Acorda. Olhos abertos. sonha realidade. Sonha o irreal. Adormece e sonha outra vez e mais outra e outra e outra. Sonha sem capacidade de sonhar. Sonha sentimentalista. Aliança. Chocolate. Pelúcia. Carinho. Sonhos. Saudade. Beijo. Ela sonha com ela. Ela mesma protagoniza seu sonho. Sonha com a falta de tempo. Sonha distância. Sonha amor incondicional. Sai do sonho, levanta, anda e pensa. Agora sonha acordada ao som de uma música que só ela consegue ouvir.
Vem de passo manso. Puxa-me com ambição. Faz seu jogo, eu caio e entorno- me na sua vontade. Vem sem pressa. Vem sincero. Vem simples. Vem sereno. Sem nenhuma teoria preparada. Nenhum movimento mecânico. Sem frase ensaiada na frente do espelho. Vem hoje. Vem amanhã. Vem depois. Não improvise imprevistos. Peça pra me ver novamente e venha todos os dias. Aos poucos, descubra o amor entre nós sem deixar escapar o sabor do mistério. Faz tudo ser mais completo com você. Faz-me ser única. Me faz menina. Me faz manha. Me mima. Me anima. Me beija. Me abraça. Me enche com teus olhos e me envolve no teu sorriso. Erradica o meu passado e faz valer a pena cada passo pro nosso futuro. Sendo assim, serei tão sua o quanto preciso for.
[...] Quando o vejo perco o foco. Nada é compreensível. Tudo fica apertado demais. A vista embaça, as cores vão ficando desfiguradas, sem forma, sem efeito. Uma ingênua excitação toma conta de mim. Meu coração bate em desordem. Minha concentração fica justa. Pernas bambas. Saliva pesada que quase não se consegue engolir. Coisas fora do comum. Sentimentos contrito. O amargo é doce demais. O azedo é puro sal. Uma confusão que treme. Uma paciência que se perde. A presença dele me causa toda essa graça
estranha. Ele me faz perder o controle de mim mesma. Ele me faz ser louca... E do mesmo tanto que me faz ser louca, me faz ser burra. Pois nem lúcida consigo mais ordenar minha loucura.
Espero que entenda que o meu silêncio não quer dizer um “não”. Que quando abrevio todas as palavras não significa que eu não queira conversar e que quando te bloqueio por alguns segundos não é porque te odeie, muito pelo contrário, eu te amo demais e seria bobagem te magoar com palavras grotescas na hora da raiva. De vez em quando, fico calada ou monossilábica propositalmente só para não falar asneiras e pôr tudo a perder. Entenda que quando você me olhar cheio de amor e eu baixar os olhos é porque preciso apenas do teu abraço confortante ou de um selinho no canto da boca. Entenda que nem sempre serei 100% amor, que eu nunca consegui ser romântica, mas por você talvez eu consiga. Entenda que quando eu falar que não sou perfeita, é um pedido para que aceite os meus defeitos. Que quando eu escrever em “códigos” é para te fazer entender letra por letra de um amor que só a gente entende. Entenda que quando eu escrever o que você não entende é porque quero que você não entenda mesmo. Entenda que quando digo que sua beleza é bela em todos os aspectos, estou tentando dizer que você me enche de orgulho por ser quem é. Entenda que eu amo a sua voz rouca e suas poucas palavras. Que eu adoro o seu jeito engraçado de surpreender e sua mania insuperável de me deixar sem graça. Por favor, entenda que eu amo você e seria tolice ter outro em seu lugar. Sobretudo, entenda me entender. Confesso que não é tarefa fácil e que às vezes nem eu me entendo.
[...] Não é mais um sentimento falho. Não mais uma dúvida engasgada. Não mais noites mal-dormidas. Não mais um dia esperando. Não mais um elogio querendo ser elogiado. Não mais um amor até morrer.
Agora é a vez dele. Eu o darei um amor que seja até viver. Ele pensa e fala. Não precisa falar, podia apenas ser. Ele é. Aproxima-se com seu bom senso atento. Alerto, apaga-me as lembranças, mostra- me que não preciso de dias e rasga o calendário do ano passado. Rabisca os livros, muda a história, mostra-me em suas mãos o roteiro da minha vida, cheio de linhas ansiando serem preenchidas. E, quando sem jeito ele me pergunta o que fazer, digo que não importa e falo para ele me conduzir até onde quer que queira.
Bem-vindo, querido! Agora é você quem comanda a direção.
Já duravam alguns muitos minutos aquele combate calado. Mesmo sendo um diálogo feito sem som algum, as palavras fluiam nitidamente a cada baixar de cílios... E os olhos conversavam. Agora, profundamente.
Se eu tivesse a chance de escolher um dom, seria saber cantar. Tenho fascínio e paixão avassaladora por músicas. Acho incrível o impacto que uma música é capaz de causar na gente, seja pela letra que tão bem retrata algum momento da nossa vida ou pela voz de encanto inesgotável. O gênero e ritmo, às vezes, nem é tão levado em consideração, válido mesmo é a sensibilidade e o efeito que a harmonia traz para cada um.
Música é cura, silêncio, filosofia, resposta, transformação.
Tem é mágica nessa tal de música. Queria saber explicar, mas só sei sentir. Tenho mania de ficar com os olhos fechados, perdida no nada, independente do estado de espírito. Tanto faz se estou absurdamente feliz ou profundamente triste... Fecho os olhos, paro no tempo e ouço eco mental de sinfonias. As melodias das canções são para mim como vozes humana. Me atam, desatam, me deliram, me transportam, me preenchem, me tomam por inteiro... Ultimamente tudo o quanto tenho desejado ouvir as músicas sabem exatamente como me falar, como me cantar. Expressam o inexprimível e conversam comigo de uma forma bem peculiar. Eu entendo.
Me olhou no rosto, não nos olhos.
ficou analisando a velocidade da minha respiração preocupada. Observou atentamente a maneira com que eu molhava os lábios com a saliva quase seca. Espiou todas as expressões faciais que fiz. Por fim, fixou o olhar na direção dos meus olhos que piscavam vagamente, demorando mais de um segundo para fechar e abrir novamente.
Segurou minha mão trêmula e frágil. Meu suor gelado esfriou seus dedos.
Parou na minha mão esquerda. Olhou minuciosamente para cada dedo daquela mão minúscula.
Seus olhos brilhavam. Parecia querer dizer alguma palavra. Mas, não disse nada. Talvez quisesse elogiar minha unha mediana ou criticar meu esmalte vermelho já descascado. Não sei.
Tudo era silêncio. As minhas mãos pareciam suspirar "não me solte, não me deixe" ...
E, foi o que aconteceu.