Coleção pessoal de insensatodevir
Eu perdi a fé nos humanos. Eu não amarei, tampouco me doarei mais por qualquer um deles. Até que me apareça um humano que me prove que vale por ele lutar, por ele amar, eu nunca mais amarei ninguém. Nunca mais.
Na vida, não há sucesso, só há declínio. Tudo morrerá, tudo tem fim. Tome controle de si, escolha seu destino e, assim sendo, se estrague a sua maneira.
A realidade em mim é que eu não consigo expressar o que comumente chamam de 'amor'. E não é por nenhum tipo específico de desconsideração para com aqueles que amo. Não, não é. É mais para com uma inabilidade específica em ser incapaz de sentir isso.
Então, não é que eu não consiga expressar o amor, é mais que eu não consigo amar.
A depressão é o último estágio da noção evolucional que tutela a humanidade. É o ser segregado em liberdade, de tudo e todos. O que compõe o depressivo em seu pleno estágio de afirmação de liberdade é, ainda, se deve ir para além, ou volver ao seu estágio de animosidade dentre seus semelhantes humanos. Quando não, resta apenas ao depressivo ir para além, para longe, tão longe, que mais nenhuma alma humana possa alcançar. Seu espírito livre vai para ''além daqui''.
A vida não é vivência, é sobrevivência! Nela, os corpos viventes estão em constante luta por um mísero resquício de agrado temporário. O que prevalece é a lei do mais forte, do mais imponente. Se não está disposto a luta, esqueça o desejo pela vida. Aos fracos e miseráveis, só resta as migalhas dadas pelos fortes. Migalhas, e sorrisos sórdidos dados por espíritos superiores.
A realidade em mim são os meus sentimentalismos e apreciações para com as coisas. Não busque em mim fábulas desvairadas e picaretas, apoteóticas, e fingidas. De mim, tudo que terá será o ardor da veracidade de um sentimento, que como um grande e voraz predador, despedaça sua presa ao pleno limite do saciar de suas vontades. Obterá ao experimentar-me consequências de minha literalidade. Eu não sou sua invenção. Sou um homem de carne e osso.
Sem muito arrodeio, o que eu temia concretizou-se: Ela se foi, e foi depressa. Eu estou triste, muito triste. Numa nuance entre tristeza e ódio, sendo eu incapaz de dizer qual delas é mais imponente por sobre o meu espírito. Eu estou odiando e enojando o meu objeto de apreciação, e isso, de todos os pontos de vista, é improdutivo. Eu estou com medo, e não quero vê-la. Não mais. Nunca mais...
Sobre mim, voltei ao marco zero. Estou desolado e desmotivado. Realmente, não sei mais se quero viver. Mas, ao decorrer do sucedido, se aquilo que almejo não for ele alcançado, eu desisto. Em mim, não mais residirá amor. Não por pessoas, ou mulheres, eu voltei a odiar tudo ao meu redor. Isso é mal; muito mal. Eu estou querendo morrer novamente...
Sei lá, eu só gostaria de sumir... O amor é odiável.
Toda minha angústia está dentro de mim, percorrendo minhas vértebras, sacudindo-me as entranhas, emaranhadas em meus nervos, refletidas nas minhas noites mal dormidas, comidas mal digeridas, dores de cabeça, vômitos, desinteresse, mas que não tornam-se num líquido de aspecto paliativo e gosto salgado, capaz de escorrer-me pelos olhos. Meu choro é indiferente ao comum; é um choro impar. Ele está em mim em todos os momentos, mas ninguém pode vê-lo ou sentir seu gosto. Proponho que me tornei um dos mais dignos atores, frente aos palcos vivenciais, ludibrio todo, qualquer ente, que prostram-se diante de mim, incapazes de entenderem-me, sequer compreenderem-me. Estou só. Querendo apenas uma pessoa no mundo, aquilo que julgo capaz de enaltecer-me as alegrias e, quem sabe, fazer-me voltar a minha ‘’humanidade’’, pois, como estou, não sei mais discernir-me de fronte os meus espectadores, seja para superioridade, ou inferioridade. Afinal, eu sou: Melhor ou pior que eles? Quem ousará me responder isso?
O conformismo com minha desgraça é o meu algoz. Aprendi isso hoje. Talvez aquela errônea frase atribuída ao Einstein esteja correta. Está na hora de constituir métodos, e levar-me mais a sério. Ser responsável por mim mesmo, e culpado de mim mesmo. O dia de amanhã está ansioso para ver-me, como um belo amigo distante, à muito tempo não visto. Meu corpo ainda deseja viver. Não irei também decepcioná-lo. Viver. Prosseguir. São somente tais coisas que me restam. É isso o que irei fazer. É isto o mais valioso, e o mais importante por agora.
O que é o amor? É algo pelo que se vale, ainda, mediante tanta inconsistência, doar-se até o último resquício corporal. Como se todas as outras coisas fossem pequenas e desinteressantes. Como se somente aquilo importe. É a representação da diferença num meio igualitário. É tudo pelo que se vale ser mais e melhor.
Eu detesto o seu silêncio porque ele reflete em mim a incapacidade que tenho para poder dizer-lhe aquilo que quero!
Ao que temos que recorrer quando o motivo de nossa felicidade se torna, para nós, mais maligno, que benigno?
O amor se demonstra em sínteses cíclicas de agrados e desagrados. Para poder amar, é necessário uma pomposa dose de cinismo, acompanhado por um aperitivo de nome sadismo, e o mais apetitoso dos ingredientes, chamado de gratidão.