Coleção pessoal de Ininterrupto

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É injusto comigo. Talvez a injustiça seja uma personagem coadjuvante na cena do amor. É injusto você simplismente chegar, achar que tem o direito de bagunçar meus sentimentos, provar a inadimplência das minhas verdades e me tornar um incurável dependente das suas opiniões, suas crises, seus sorrisos, e ainda mais do seu "eu te amo" de um amor incoerente, inexistente até certo ponto, ou em todos os pontos. É uma injustiça tremenda você fazer alarde para os meus erros, sendo que todos eles são cometidos em seu nome, numa tentativa igualmente frustrada de lhe chamar a atenção. Injustiça maior ainda é você me ter, eu te pertencer, ser vassalo de suas vontades e de prazeres que eu nunca poderei saciar. Quem diria que, de tanta injustiça, meu maior crime impune seria te amar assim, com tamanha imprudência e sem nenhum código penal pra me impedir de te querer descaradamente. Eu deveria não querer te querer assim, mas já aceitei que a vida é mesmo injusta.

Em meu ser
Eu me perco a pensar
Me penso em perguntar
Será
Que eu fui tão assim
Tão ruim pra você
A ponto de merecer
Estar a mercê
A espera de você beber
Pra poder lembrar
Que um dia me quis
Um dia foi feliz
Só por me ter?

Paredes que não viram pudor
Ela me chama, diz que sou só dela
Querendo me usar
Debaixo das cobertas ela me ganha
Sem medo do instinto que está a despertar.

A gente se ama, envoltos em danças
É feito uma chama, onde ela me ama
Nossa fonte privada de calor.

Suspiros que se desejam, beijam
Lábios que se atraem, insaciáveis
Olhares que se buscam, e se acham
Se encontram e seduzem um ao outro.

Toques, carícias que eram proibídas, são permitidas
Amor à prova, nu e cru
Anjos, que no fim nos deixam
Dedos que se cruzam, mãos que se encaixam
Janelas, vidro embaçado, meras despistas
Do que teria sido uma vida inteira de amor
Do destino que esse sabor nos conduz

Uma luz,
Faíscas,
Gritos,
Apertos,
Amassos,
Arranhões,
Mordidas,
Olhares,
Suspiros,
Beijos.