Coleção pessoal de igoralisson

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⁠Paixão

Tento descobrir quem ela é
na medida em que ela caminha até mim
Parece, pomposa, anunciar novos ares
novos mares, outros eus, novas dores (de partes que me faltarão)

A partir dela é que encontro outros meios
de chegar aos caminhos que sequer sei sentir
Vem tão certa de si, anunciando ao público
(orgulhosa) outro coadjuvante, outro enredo, outro espetáculo

Revela, a mim, o meu novo eu – e prenuncia
(incauta) desconhecidos desencontrados destinos,
de novas belezas (novas inconstantes incertezas)

(Me viro, me calo, me deito, escureço e sonho)
É quase como se eu pudesse vê-la vir
e nada pudesse fazer além de a apreciar.

⁠Espetáculo

Assim é, amor, como bem sabes
Dos sonhos meus que te conto ao acordar
Do som dos pássaros que cantam conforme o nosso passo
Dos registros que eternizamos no palco da vida

E sabes, assim, como bem é – amor
Das nossas intimidades singulares pelas noites
Do doce tocar do meu rosto no seu e…
dos nossos olhares distraídos, perdidos – em nossa própria imensidão.

Passa por nós o tempo tão breve
que abre e fecha as cortinas do nosso espetáculo.
Do rio que corre e nos renova a cada encontro.

Mas eterniza (na memória) o sentimento –
do pouco de cada um que no outro fica.
(Tão breve o tempo, mas tão belo o caminhar)

E descubro, paciente, o viver (tão seu).
Enquanto ouço os aplausos dos outros eus sobre nós.

⁠O Tempo e Você

Quando penso nos segundos,
penso nos detalhes.
Sejam os seus – sejam os da natureza.

Quando penso nos minutos –
olho também ao tempo que passa
(ao nosso redor) e
nos faz querer ficar.

Quando reparo nas horas, dos dias, nos meses, dos anos e –
o que quer que venha –
penso nas possibilidades que o universo nos dá
pra que encontremos nossos sonhos.

Porque se o tempo não fosse o que é –
com o que pagaríamos os céus e o universo
pelas belezas que nos trazem aos olhos?

⁠Abraço

No teu peito – meu ouvido – escutava teu coração.
À nossa volta, a voz dos outros, ecoava no salão.
No teu peito, teu calor, nosso amor acalentava.
O meu corpo – os teus braços torneavam.

Com teu cheiro a adoçar o cerne amargurado –
e o teu calmo respirar fazendo o ar por mim pairar.
Eis a tua voz (a me acalmar) do teu quieto vibrar.
As minhas mãos, ao te tocar, no paraíso a se sentir.

Parava a correria,
findava a histeria,
calava a gritaria.

Os ventos, meu bem,
traziam a paz, o amor e,
nos sonhos meus, traziam você.

⁠Olhares

Vez em quando, teu cheiro me vem à mente
Nos pontos, nas praças, nos bares, nas festas
Me lembrando do doce da vida, do amor
Da paz do beijo, do sabor do desejo

Vez em quando, aos abraços com outros
(Que preenchem meus braços, meus gostos)
Me vem à mente, o lembrar dos olhares
Tão seus, tão meus, tão nossos

Tento decifrar os segredos das nossas vozes
Naquela noite, nas noites, em todas as noites
Me perco aos poucos em mim, ao esquecer

Sorrio ao tempo que me traz a beleza
Dos encantos que sei quando me lembro
Dos olhos seus, nos meus, tão nós