Coleção pessoal de igor_cabral
Alba
Alba, no canteiro dos lírios estão caídas as pétalas de uma rosa cor de sangue
Que tristeza esta vida, minha amiga…
Lembras-te quando vínhamos na tarde roxa e eles jaziam puros
E houve um grande amor no nosso coração pela morte distante?
Ontem, Alba, sofri porque vi subitamente a nódoa rubra entre a carne pálida ferida
Eu vinha passando tão calmo, Alba, tão longe da angústia, tão suavizado
Quando a visão daquela flor gloriosa matando a serenidade dos lírios entrou em mim
E eu senti correr em meu corpo palpitações desordenadas de luxúria.
Eu sofri, minha amiga, porque aquela rosa me trouxe a lembrança do teu sexo que eu não via
Sob a lívida pureza da tua pele aveludada e calma
Eu sofri porque de repente senti o vento e vi que estava nu e ardente
E porque era teu corpo dormindo que existia diante de meus olhos.
Como poderias me perdoar, minha amiga, se soubesses que me aproximei da flor como um perdido
E a tive desfolhada entre minhas mãos nervosas e senti escorrer de mim o sêmen da minha volúpia?
Ela está lá, Alba, sobre o canteiro dos lírios, desfeita e cor de sangue
Que destino nas coisas, minha amiga!
Lembras-te, quando eram só os lírios altos e puros?
Hoje eles continuam misteriosamente vivendo, altos e trêmulos
Mas a pureza fugiu dos lírios como o último suspiro dos moribundos
Ficaram apenas as pétalas da rosa, vivas e rubras como a tua lembrança
Ficou o vento que soprou nas minhas faces e a terra que eu segurei nas minhas mãos.
Rio de Janeiro, 1935
Fanatismo
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
O fim é inevitável
De quê adianta apressar o fim ou até mesmo tardar se estamos destinada ao mesmo?
Que vantagem tiramos na vida
Se oque nos aguarda é o mesmo?
Bens, família, intelectualidade, diplomas, estudos enfim.
Não temos a audácia de nos sentir melhor ou mais sucedido que o próximo.
Por Cheia que seja a sua bagagem na vida, ela Não pode parar o inevitável.
Somos apenas lembranças
Na lei da vida
Temos de viver para sermos lembrados
A felicidade pode parecer pessoal
Mas dita será oque realmente lembrarem.
Impetuosa
Eu não estou aqui
já faz um tempo,mas não estou aqui.
É como se minha consciência pairasse
Em Outro lugar
Enquanto isso, o meu corpo se encontra fixado no tempo
Onde se encontra folhas mortas e paredes Desbotadas.
O céu esta como jornais molhados . Quase que pingando (querendo cair)
E eu.. um ser tricotômico.
Que se iguala a mais uma natureza: O êxtase do momento.
Meus olhos cheios de água, não aguenta tamanho a tristeza que o céu expõe.
Se expande em mim léguas e léguas, mas não à horizontes pôs não sei pra onde ir.
como voltar pra casa se já não me sinto em casa dentro de ti?
Minha vida...
Entendo o tempo lá fora.
Oque ha em ti que me abrigue de volta?
Por onde me levará o meu caminha se ando perdido?
Sem horizonte, sem mulher e sem direção.
Ela vem...
Ela vem como quem não quer muito
E sim, o suficiente para apazígua suas emoções.
por dentro da janela eu à expio nervosa
Como se fosso a única maneira de retribuir com a dor.
Sem se importa com o que virá depois.
Ela simplesmente se derrama na cidade Cinzenta onde pessoas andam como cápsula vazia em meio ao temporal.
A chuva cai, e em meu coração troveja...
POR QUE TE AMO
Te amo
te amo de uma maneira inexplicável
de uma forma inconfessável
de um modo contraditório
Te amo
Te amo, com meus estados de ânimo que são muitos
e mudar de humor continuadamente
pelo que você já sabe
o tempo
a vida
a morte
Te amo
Te amo, com o mundo que não entendo
com as pessoas que não compreendem
com a ambivalência de minha alma
com a incoerência dos meus atos
com a fatalidade do destino
com a conspiração do desejo
com a ambiguidade dos fatos
ainda quando digo que não te amo, te amo
até quando te engano, não te engano
no fundo levo a cabo um plano
para amar-te melhor.
Te amo
Te amo, sem refletir, inconscientemente
irresponsavelmente, espontaneamente
involuntariamente, por instinto
por impulso, irracionalmente
de fato não tenho argumentos lógicos
nem sequer improvisados
para fundamentar este amor que sinto por ti
que surgiu misteriosamente do nada
que não resolveu magicamente nada
e que milagrosamente, pouco a pouco, com pouco e nada,
melhorou o pior de mim
Te amo
Te amo com um corpo que não pensa
com um coração que não raciocina
com uma cabeça que não coordena
Te amo
Te amo incompreensivelmente
sem perguntar-me porque te amo
sem importar-me porque te amo
sem questionar-me porque te amo
Te amo
simplesmente porque te amo
eu mesmo não sei por que te amo