Coleção pessoal de hiperbolismos
Eu sou do tipo de pessoa que não sabe fingir. Que me achem chata, desbocada e até sincera demais, mas não sei ser o que não sou. Aliás, nem quero ser o que não sou por essência. Não sei sorrir pra todo mundo, não sei ser simpática se o mal humor me devora pro dentro. Vivo de quebrar a cara por acreditar, por gostar, por sentir. E se quiser mesmo saber, se a consequência de me mostrar sem máscaras é essa, eu aceito e pago toda a penitência.
Não se cobre tanto assim. Ninguém é perfeito, permita-se ser imperfeito. Afinal, como já diz o velho clichê "a vida é uma escola" e embarcamos nessa pra aprender mesmo. Para errar, para sentir, para pensar, para amadurecer, para respeitar. Se respeitar. O que a gente leva da vida são apenas todas essas vivências, todo o resto fica. E não há nada mais gratificante do que saber que é valida a pena a vida que se vive.
Acredito que a vida seja feita de escolhas e muitas vezes parei pra pensar se minhas escolhas estavam mesmo sendo as melhores pra mim. Mas hoje, acho que todas as minhas escolhas valeram à pena. Tanto as que acertei, quanto as que errei, porque de alguma forma, elas fizeram com que os nossos caminhos se cruzassem. Mas não apenas que se cruzassem como se entrelaçassem. E se fosse preciso passar por todos os erros e acertos pra encontrar você, eu faria!
Acredito também que cada pessoa que entra em nossa vida leva um pouco da gente com elas. Não quero que você leve absolutamente nada de mim, quero apenas que permaneça. Que continue aqui comigo. Sempre. Não apenas me completando, mas sempre me fazendo transbordar.
Hoje, você não passa de memórias manchadas de lágrimas, de fotos e declarações rasgadas e jogadas ao lixo. Não sinto saudades, nem dor, nem vontade de voltar. Sinto apenas que você foi um degrau para o meu amadurecimento, para o meu autoconhecimento. Minhas memórias só retratam tudo o que é passado e que faço questão de esquecer. Você é só alguém que eu pensei amar, mas agora vejo que só amei quem eu pensava que você fosse. Desculpa, mas jamais seria capaz de amar quem você realmente é.
No meu jardim, só restam as flores que você não cultivou. Mas por ser meu, não pude deixá-las murchar, graças a você aprendi a cuidar sozinha. Afinal, melhor do que esperar que alguém plante flores é saber como cultivá-las sozinha.
Nunca nos utilizamos do recurso do ponto final, aquela coisinha tão pequena e sem forma, que nós sabíamos que poderia nos separar de uma forma definitiva. Sabemos que, uma hora, por mais detalhes que essa história se valha, ela vai estar completa e nós teremos que cessar a escrita. Mas, enquanto pudermos, ao menos, mantê-la dentro da gaveta, mesmo que seja apenas para mudar algum pequeno erro de concordância, vamos usando as reticências...
O parênteses, nós usávamos para a justificação dos nossos defeitos, esses que são entendidos apenas por nós mesmo. Exclamações que saltavam da minha boca ao sentir a sua barba malfeita roçar no meu rosto, ou da tua boca quando me via apenas de blusão velho de dormir, com um coque frouxo no cabelo. Vírgulas e mais vírgulas para prolongar o nosso beijo entre sorrisos, ou a ida àquela sorveteria, quando a gente se lambuzada de calda de morango. Se as coisas começam a esquentar no quarto escuro: ponto e vírgula. Interrogações que representavam as nossas brigas, os nossos não-entendimentos e birras. Se elas durassem, dávamos à nossa história a chance de iniciar um novo parágrafo.