Coleção pessoal de Hermit
"Aqui, nesse antro achado, para se mostrar mudado, ser outro, não serve ter novo brilho nos olhos ou um penteado diferente. Para que mostres ser (humano?) mutante, basta acrescentar uma frase de efeito no perfil, um gosto novo a mais, que pode nem existir -a escolha é sua- , ou ainda, quem sabe, mudar o status para namorando, ou casado se fores mais ousado. Assim, serás sempre alguém novo, atípico e interessante, mesmo que incompreendido pelo público. Numa semana, gótico, extremista e sem pudor, na outra, poeta, poço de sensibilidade e compreensão em relação a alma humana, E por capricho, as vezes até tentar ser você mesmo. Mas cá fora, onde a vida acontece quase de verdade, ter tantas facetas pode lhe fazer querer ser eternamente essa coisa virtual, trancada em alguma sala perdida, à espera de um maravilhoso novo depoimento ou do vírus letal que te leva."
É fato consumado, comprovado, que após a subida de qualquer colina ou montanha,com seus declives e suas tormentas, suas maravilhas íngremes, há a decida pura e simples...há o abismo e a falta de glória ue a então subida teve. Parece-me que aqui já atingimos o pico, e vejo agora não mais do que o escorregar rápido rumo à pobreza,o rolar do império que fomos. Mas não te preocupes, haveremos de encontrar outra colina, e que seja mais cheia de trilhas do que essa.
As mesmas palavras, a mesma frase, dependendo do tempo em que estamos vivendo, em nós causa impactos bastante diferentes.
Hermit
Para! Dói que só!
Tão paradoxais estes medicamentos, um diminui o ritmo das batidas do coração, o outro acelera a psique.
O problema com o tempo é que ele passa e embora saibamos que passa, quando nitidamente percebemos já passou.
Amar é procurar sentir, é procurar imaginar-se no inimaginável,
é deixar-se crer até o último segundo em procriar felicidade
plena, precisa e definida. Amar é também batizar é apenas
algum tipo de primeira comunhão.
Jogos Cognitivos
Faz de conta que era ela...
que tentando vislumbrar sua percepção
através de jogos cognitivos,
operando por um corte oblíquo,
sentia-se obrigada a interagir com o meio.
Faz de conta que ela era...
perceptível a seu comportamento externo,
embora reprimindo o lúdico
expandia-se mentalmente
buscando o ponto comum de intersecção do sensorial.
Faz de conta que era ela...
que opunha-se gerando uma espécie de tensão na libido,
conflito em seus processos internos
entre a libação e o sublimar.
ela optava sempre por ab-reagir.
Sonho...
Não compreendo o que vi,
os olhos vasculhando o céu,
a tatear estrelas,
mas o coração preso à terra,
conjecturando com desenvoltura,
expressando um paradoxo
um jogo de oposições.
Acordo...
E nem mesmo sei se vi,
introspectivo e com minha
temporalidade circular,
repetitiva.
silêncio...
retrata o interstício entre as palavras, por vezes falar é dizer menos.
Os hiatos que derivam deste silêncio deflagram uma incrível força poética.
Novos sentidos parecem emanar deste silêncio.
Para refutar argumentos não ditos.
Para contradizer a eloqüência dos gestos do silêncio.
Por vezes tenho uma vontade incomensurável de chorar,
mas não choro,
é por isso que escrevo o desespero nas palavras.
Tentamos embaralhar as palavras.
Porque embaralhar?
Para nos misturarmos aos outros,
Buscamos juntar coisas diferentes,
e até contraditórias.
Confundir nossas condutas.
Emaranhar nossa realidade.
Mas no fundo só queremos
é que o outro nos perceba.
E em percebendo nos aceite,
para que nós nos aceitemos.
Através da janela olhava a imagem da igreja,
o reflexo em seus olhos como um espelho,
Pensou: Porque nas igrejas não há espelhos?
E eu lá sei? Talvez para que eu não me reconheça como Deus.