Coleção pessoal de Hellica
“Sem esperar pelas respostas certas, guardei um questionário de dúvidas e incertezas, apostei no meu coração”
Prefiro escrever do que falar. Então, perante a vida, eu me silencio, assim, posso me manter atenta para ouvir os passarinhos.
tem poema que é só lembrança
tem poema que não me veste mais
perdeu o cheiro, o gosto, o tempo
virou vulto de um amor qualquer
tem poema que não se encaixa mais
perdeu a graça, a vontade de ficar
virou um estranho no meio da multidão
tem poema que não me traduz mais
perdeu a lógica, ficou invisível, se esvaziou
virou pó, se enterrou, mergulhou no coração.
Meus sentimentos à todos aqueles que não conseguem ser sinceros. Àqueles que não conseguem se sentirem amados nem por um fio de luz no horizonte e que a solidão devora a carne e dilacera a alma. Meus sentimentos à todos aqueles que optam por tantos ao invés de acreditar em apenas um capaz de se importar verdadeiramente. Àqueles que não se arriscam pelo amor, pela humanidade e pela compaixão. Meus sentimentos à todos aqueles que acreditam na força bruta e que não percebem que eles próprios são um soco no estomago quando o amor bate a porta e só o silêncio sabe responder. Aos inescrupulosos obcecados por atenção e que não percebem o amor de um pequeno animal que lhes oferece a vida e morre por sua perda inesperada. Meus sentimentos à todos aqueles que quando se deparam com seus erros nunca aprendem , se vitimizam ao encarar o absurdo da sua própria existência. Meus sentimentos à dor profunda da falta e da saudade e das poucas lembranças que nos restam. Agradeço pela minha memória e minha tristeza que me engrandecem quando me corrigem diante de uma situação assustadora. A vida pode parecer um mistério a cada segundo que trespassa o presente, mas pode ser inspiradora quando conseguimos inverter a dor em presença e à tudo aquilo que nos completa estando ao nosso alcance ou não. A saudade é também a nossa história.
“Há uma passagem no meio da escuridão que questiona os nossos desejos quando vislumbram o belo . São frestas coloridas que vazam entre os entremeios das pedras roliças do pensamento, nos deslocam para o inesperado e aquilo que à principio parecia um borrão se rende à magnitude do entardecer. Há uma passagem entre os olhos, uma linha reta para o coração e quando a achamos amamos as nuances da iris como plainar num campo de margaridas selvagens.”