Coleção pessoal de HelenLadeira
Ao meu amor de paixão
Nós somos a erva daninha que cultivamos em nossos jardins das impossibilidades. E mesmo sabendo que temos o potencial catastrófico de destruir todo restante da plantação, não temos o poder de subjugar nossos corações e arrancá-la.
Semeamos, não sem dor, algo com cheiro de paixão, de culpa, de nostalgia, tão grande que não cabe em nossa vidas, tão pesado quanto leve, tão puro quanto perverso, tão alegre quanto triste, tão demasiadamente insano quanto luz, que nos conforta por ser recíproco, mas que nos entristece por ser ilusão.
Seguimos penitentes da saudade, acorrentados em nossas escolhas, desejosos um do outro, regando os sentimentos dos quais estamos fadados a sufocar, até que nossas histórias encontre razão para tanto amar.
Eu não sei eu sou um espetro imortal que anima esse corpo, ou se sou esse corpo que um espectro imortal habita.
Prefiro aceitar que eu não evolui o bastante pra ser capaz de chegar a certas conclusões. Mas eu sinto que sou uma mistura de bicho e ser celestial, me altero entre os dois o dia todo, durante toda vida.
Penso que, de forma muito simples, o melhor a fazer agora é me alimentar de poesia, me impregnar de devaneios, me afogar de saber. Depois livrar dos apegos mundanos, ressentimentos, e de tudo aquilo que enfraquece o meu ser.
Então assim, se por ventura eu for uma alma que ocupa esse corpo, com possibilidade de retornar, que eu retorne uma pessoa mais evoluída. Tenho quase certeza que se eu tiver oportunidade de ser a luz de outros, iluminarei meu próprio caminho e não precisarei mais continuar tateando pela escuridão fundamental.
Mas caso seja essa minha única existência, que eu transmita aos meus descendentes por muitas e muitas gerações, não só minha carga genética, mas também uma memoria inconsciente carregada de evolução, que eu possa descender em cada célula de seu corpo e em fim transcender através de sua aura.