Coleção pessoal de heidigeorg
Amor de Mãe, amor de fêmea. Amor do qual nenhum macho será capaz de provar. Amor de leoa, de loba, de elefanta, amor de vaca, amor de cachorra, amor de gata. Amor extraterrestre, intergaláctico, amor ultradimensional. Amor patenteado por Deus para encorajar quem escolheu para si a difícil tarefa de procriar. Amor que defende debaixo da terra, no fundo do poço, no meio do mar. Amor que cozinha, que ferve, que espuma, amor que transborda. Amor que atravessa a avenida sem olhar, e sai ileso! Amor que se joga da ponte e nada, que cai da janela e flutua. Amor que amamenta no peito, na mamadeira, na colher, no conta-gotas, da forma que der. Amor que costura, que remenda. Que das próprias tripas faz um coração ainda maior. Amor que não importa como nem a que preço, compra. E paga! Amor que se não tem jeito, cria um jeito e resolve. Amor que sempre encontra um caminho. Amor que dá uma volta em torno de si mesmo e volta com a resposta. Amor que se reinventa e vai! Amor que ensina, amor que dá o exemplo. Amor que educa, que mostra, que cobra, que chora, que abraça, que sofre. Amor que ama da forma mais exata e mais sublime de se amar. Amor sabedoria que nada quer em troca. Amor que escolheu estar aqui, e cumprir a difícil tarefa de amar. Amor que se puder vai embora deixando tudo pronto, como sempre, sem incomodar.
Tenha sempre em mente o quanto a sua alma é valorosa. Você é capaz de realizar muito mais coisas do que imagina e nasceu para ser feliz. Aquele que deseja te convencer do contrário não deve fazer parte da sua caminhada.
O que seria da loucura
Se não fossem os cochilos desatentos da razão?
Sejamos todos, de vez em quando,
Embriagados e loucos.
Subamos aos céus como balões a gás
Antes que a realidade inventada
Acabe por soterrar no território do talvez
As urgências naturais do coração.
Ao mesmo tempo, só por cautela,
Vamos manter seguro entre os dedos
O inevitável cordão
Que nos trará de volta a lucidez
E nos devolverá ao chão – esse terreno
De sombria sensatez.
A vida quase nunca se desenha como imaginamos,
ela simplesmente segue como deve ser.
Isso é tudo o que importa, e quanto antes entendermos essa regra, mais serenos seguiremos em direção às tarefas que viemos cumprir nesse plano.
Somos Mulheres...
Que comandam, que sofrem, que transgridem, que falam pelos cotovelos.
Que geram, que nutrem, que brigam, que não levam desaforo pra casa,
Que respiram e transpiram, que inspiram leis, que escrevem livros, que cantam músicas e embalam berços.
Que dirigem carros e empresas, que aceitam desafios, que enfrentam dificuldades, que gritam, que se revoltam, que revolucionam, que botam a boca no trombone, que trocam o não pelo talvez, que silenciam...
Que malham, que fazem dieta, que contam calorias, que sonham com o corpo perfeito, que alisam os cabelos, que menstruam, que sofrem de TPM, que se desequilibram sem descer do salto.
Que engolem o choro e desabam no banheiro, e retocam a maquiagem e seguem em frente de cabeça erguida.
Que frequentam pediatras e pet shops, que inspecionam creches e questionam métodos escolares.
Que jogam bola e colecionam bonecas.
Que fazem faxina na casa e na alma, reorganizam armários e ideias.
Que viajam, que vão do escritório à balada.
Que andam em duplas ou em bandos.
Que têm fantasias inconfessáveis e sonhos infantis.
Que aprendem, que ensinam, que transformam, que amam.
Eu vi um homem no poço.
Não havia pão, não havia água.
Não havia barro nem paredes no poço,
Não havia fundo.
Eu vi um homem no poço e ele estava nu.
Despido de sonhos, de graça, de luz.
Um homem de olhos secos,
De alma ausente no corpo presente.
Eu vi um homem morto que ainda vive
No fundo do poço sem fundo.
Acordo tarde, me lastimando por esse deslize.
Tantas coisas para resolver!
É domingo, e a chuva se insinua em pingos escassos que deslizam pela vidraça.
Penso nos transtornos que ela me trará, um dia de sol seria bem mais proveitoso.
Enquanto preparo o café do meu filho, faço uma retrospectiva da semana e planejo minhas ações: Tenho contas a pagar, pendências a resolver, armários a arrumar, trabalhos acumulados e vários outros desafios pela frente.
Sinto-me só e fraca, estou desanimada.
Finalmente enfrento a chuva e o passeio matinal com o cão.
Paro no caixa eletrônico, preciso de dinheiro. Meu filho terá aula extra de matemática.
Mais à frente, o mercadinho. Bananas e uvas para o café da manhã.
Dou a volta na quadra enquanto a chuva aperta.
Penso na semana que está por vir e o desânimo persiste.
Ao cruzar o posto de gasolina, me deparo com uma pessoa que dorme em cima de um papelão sob a árvore.
É um homem ainda muito jovem.
À sua volta, uma porção de chão ainda seco.
Sobre o corpo, uma coberta suja e fina.
Tento adivinhar os motivos desse abandono, da vida fútil e oca desse quase menino.
Tento projetar em mim mesma o vazio do seu estômago e da sua mente ao despertar.
Atravesso a rua e recebo na pele, como uma bênção, a chuva que refresca finalmente as árvores.
Penso nas contas que serão pagas, nos armários cheios de roupas e sapatos a organizar.
E me vem uma nova ideia para dividir amanhã com a equipe.
Afago meu cão saudável, vejo meu filho navegando na internet e se divertindo com um filme em inglês.
Não estou mais só, sou envolvida por um sopro divino.
Tudo agora é luz, sinto-me plena.