Coleção pessoal de guilhermegalina
A vida é uma sucessão de fatos que viabiliza o pensar corrente - a qual, aos olhos da natureza, todos estão sujeitos.
Muitos são aqueles que costumam reclamar quanto à insatisfação com o patamar em que se encontram. Essa análise, por sua vez, é viável, somente, em decorrência de experiências passadas. Outros insistem em dizer que tamanha insatisfação relaciona-se ao teor negativo do seu passado. Ainda assim, deve-se ressaltar que, embora distante de perfeito e desejado, este mesmo passado - do qual muito se queixa - foi agente de transformação imprescindível no pensamento presente, sendo primordial no tocante à capacitar o ser para que este conclua, diante do seu viver, que a insatisfação se sobressai ao espírito de gratidão - e, apenas a partir dessa visão, seja capaz de tomar providências futuras.
De certa forma, pode-se dizer que nada é em vão. O ser humano é uma espécie de muro - este, diariamente preenchido por um novo tijolo, em que cada bloco constitui uma experiência. Assim, retirar um único bloco, independentemente do local que ocupa em relação ao todo, significaria abalar o conjunto - e, aos poucos, deixar um pouco de si pelo caminho. Isto é, aquele que vive a sua vida em razão do apagamento de quaisquer que sejam as memórias, manifesta um viver não só entristecedor, mas, praticamente, impossível de ser concretizado - haja vista que as memórias não são excluídas da mente humana, mas analisadas sob olhares diversos a fim de promover novas perspectivas sobre o mesmo fato.
Por conseguinte, torna-se perceptível que o ser humano atinge o ápice do pensamento diante da existência do viver passado. E, à luz disso, remonta-se à frase inicial do pensamento: pois, na vida, tudo é uma sucessão de fatos; e, portanto, nada é independente.
Permanecer à espera da reciprocidade de um amor leva o ser a idealizar a vida inalcançável. Não somente pelo fato da não existência de tal mutualidade e, portanto, da não concretização do relacionamento. Mas, justamente, por não se ter vivido o sentimento e muito menos se convivido com a pessoa amada, cria-se uma cenário o qual este jamais viveria aquilo que idealizou, mesmo se o seu desejo fosse atendido, pois, quase sempre, a idealização supera a capacidade terrena de se viver de tal maneira.
Existir é uma dádiva. Para tanto, é necessário uma sucessão de acontecimentos passados que culminaram no seu viver.
"Para sempre" é um mero ato que personifica a busca pelo conforto eterno, mas que jamais atingirá seu ápice.
O expectante que habita o externo nunca será capaz de julgar a relação alheia por meio dos relatos de seus participantes. Pois o sentimento íntimo, que incorpora os pormenores, parte da conexão existente entre os seus autores. Portanto, estes, meramente, assimilam o genuíno sentido dos seus atos.
A felicidade é conduta manifestada através da usufruição do bom e da sabedoria de lidar diante do ruim.