Coleção pessoal de grocham
Não devemos esperar o Natal para fazê-las:
Dizer eu te amo;
Pedir perdão pelos erros de todo o ano;
Fazer caridade;
Reunir-se com a família.
Não temo morrer por saber que a morte jamais me apagará,
ainda que tão eterna seja a eternidade.
Certa vez, perguntaram-me se estaria eu satisfeito com o que vivi
se o dia de amanhã fosse o ultimo de minha vida.
Respondi que nos meandros do rio da vida, nado sem medo, pronto para
encarar a morte, não por ter vivido o suficiente, mas por ter deixado
no mundo e nas pessoas marcas eternas.
ERRATA
Do sol, tirei a peneira para abraçar a verdade que me norteava.
Talvez, meu erro foi querer viver amores tendo um amor.
Prostitui meu caráter e me entreguei ao proibido prazer.
Quis agradar gregos e troianos.
Engoli palavras amargas que seriam dadas com embrulho de presente a outras pessoas.
Reguei em meu jardim meu pé de niilismo com as lágrimas que segurei.
Viajei nos sonhos alheios;
Entrei em corpos ruins;
Mas de algo podes ter certeza:
A este que vos fala, faz-se a errata para que aprenda com aquilo que viveu e poderá viver novamente.
Deixe-me gritar
Cansado, atônito, gritando, externalizo meus desejos mais loucos e insanos.
Deixe-me gritar.
Gritando, evidencio minhas tristezas, afãs e deslizes.
Aos gritos, faço-me, extravaso, dissono, me encontro e cindo-me ao tempo sem saber quem sou.
Aos gritos, sou uma pessoa interina, à qual tenho grande afeição, mas não posso sê-la.
Aos gritos, sinto a epifania de ser ouvido, mesmo sem ser.
Choro e perco o sono
Num desespero afônico
Abandono-me às horas, sentindo o calor de uma ferida acesa.
Em mim, o precipício entre sim e não faz-me sentir desejos interinos.
Perco o tino, desafino sem clareza; sem espaço.
Num compasso, desafino e divago sobre meus desejos mais censurados.
O poeta, disse, outrora: ''Viver é melhor que sonhar''.
Mas o que seriam os sonhos senão uma coleção em desvãos daquilo que não tenho coragem de viver?