Coleção pessoal de giuliocesare
Bobão é pejorativo. Por definição, pessoa tola, ingênua e fácil de enganar. Porém, quando alguém se define como tal, todo cuidado é pouco.
Já veterano, ter sonhos e a vontade de realizá-los é o que dá sentido e metas ao futuro. Pode ser até para um o futuro tão próximo quanto o dia de amanhã. Não tê-los é perder seu comprovante de vida.
Simples assim: para se fazer ouvir, gerar atenção, curiosidade, preocupação e até desconforto, é ficar em silêncio.
Ter a necessidade de um decreto para dizer o que é um homem e o que é uma mulher simplesmente surreal. Não só para a turma da terceira idade estadunidense, que achava já ter visto de tudo, mas para todo o mundo.
O mundo, que hoje está tão estranho com a tecnologia, a ponto de duvidar da própria imagem até no espelho.
Havendo um profundo vazio, falta de estímulo, plena apatia e desesperança, olhe para trás. O que sente hoje não é novidade: já sentiu, passou e não estará isento de passar de novo no futuro. A dinâmica da vida é fantástica e caminha sempre em dois sentidos.
Bumerangue é uma lâmina de madeira curvada, usada como arma de arremesso pelos aborígenes da Austrália. Particularidade é que lançado, sai girando, gira, gira em curva no ar e retorna ao ponto de partida. Mas se a vida fosse exatamente como um bumerangue?
Ao pensar que, ao ver uma lagarta, nada indica que ela um dia será uma borboleta, não podemos esquecer que o ser humano também está sujeito a metamorfoses. Se fosse para se tornar borboleta, o mundo seria um paraíso ou nirvana, mas, muitas vezes, acabam se tornando bichos peçonhentos.
Frase memorável dita por Rutger Hauer no filme "Blade Runner" (1982): “Todos esses momentos se perderão no tempo como lágrimas na chuva”. Não só momentos, mas a vida, tão efêmera, tão passageira em relação ao universo como as lágrimas na chuva. Viva!
Sinais: sim, a vida é feita de sinais gráficos ou sensoriais. Um exemplo clássico são os apitos dos trens antigos, na chegada e na partida. Interessante: na medida do passar dos anos, os apitos da partida ficam cada vez mais intensos.
Viver sozinho durante muitos anos deixa sequelas, como cacoetes, manias, fobia de perder seu espaço e liberdade, e a mais paradoxal e pior de todas as fobias: continuar e envelhecer sozinho.
Sem neura, mas uma constatação: ao sair de casa nas megalópoles do Brasil, a sensação de que as ruas se tornaram as savanas africanas, onde os munícipes são a caça e, do nada, surgem os leões, famintos, vorazes e soberanos.
Cada ano que chega ao final é como uma agenda preenchida, um diário de bordo, registros do exercício de viver. Retrospectando agendas anteriores, cada vez menos registros. Agora é torcer para que, na agenda do novo ano, o dia 31 de dezembro seja preenchido.
Mesmo longe, distante, ao sentirmos o coração do outro, vem um desejo imenso de espelhar os olhares, unir os corpos e dizer a uma só voz: te amo!
Pavão em cima da árvore; raposa com fome, mas incapaz de subir. Raposa, inteligente, começa a elogiar compulsivamente o pavão, chegando a chamá-lo de 'ave do paraíso'. Em seguida, implora para vê-lo de perto antes de partir. O pavão, vaidoso e narcisista, desce. Imediatamente, a raposa o devora. Conclusão: cuidado com quem elogia demais; pode ser uma raposa.
A galinha que põe muitos ovos e não cacareja corre o risco de ir para a panela. Outras, que cacarejam muito, põem poucos ovos, mas acabam puxando para si os ovos da outra. Portanto, antes de colocar a galinha na panela, não se guie apenas pelo cacarejo; apure direitinho.
Não adianta querer antecipar o que tem seu tempo, pular etapas, perder a liga, a consistência e a solidez da construção, não só de uma edificação, mas também de um amor.