Coleção pessoal de GiovanaBGaleano

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Poema de amor confesso
Moça dos olhos-camaleão,
Saiba que a felicidade, verde-de-sol,
Faz pulsar meu enamoramento,
E por ser o presente nosso tempo,
não careço jurar,
o quão intenso é o
possível do amar.
Sou incansável, contudo,
na tarefa de fazer-te saber
Que aqui, neste mundo,
é todo teu o meu querer.
Na vida, assim, me acabo de amores.
Será esse meu desatino?
Pois não sou recatada, não tenho pudores,
Te peço: Fica!... em meu caminho!
Sem ti:
- eu vivo, mas que desgosto!
Passar a existência sem que ao ver-te se estampe em meu rosto,
O ímpeto febril de contentamento.
Dê-me a mão - assim de surpresa
E passeia comigo.
Garanto que verás a beleza
De ter no amor o amigo
E neste, fortaleza!

Versos de uma saudade cronológica

Eu sinto a sua falta,
especialmente nos segundos dos minutos,
nos minutos das horas,
nas horas dos dias e das noites,
e nos dias e noites da semana.

Eu sinto a sua falta,
mas na verdade eu sinto é a falta da sua presença,
muito embora tenha te trazido comigo.

Chove lamentosamente. Acaso o céu sofre? Ora! Não se entristeça! Pois o pranto que escorre faz vida nascer no chão.

Coleção: des[COM]verso

Resposta ao poema de uma querida amiga:

A angustia não brota pela certeza do fim ou da continuidade. Ela é cultivada no pomar da imprevisibilidade. Ao provar seu sabor amargo, sorvemos o sumo do controle que sacia parcialmente as culpas por nossos impulsos. Mal sabemos nós que isto que nos impede de padecer, mortifica-nos, ainda vivos, e sem pressa

São em cachos minhas curvas, nas quais enroscas teus dedos.
Nelas te prendo: escapas!
Minhas curvas em fios que se formam: soltas, livres - armam, arqueiam.
Leoa

Versos de fim
No fim, não faça qualquer promessa.
Apenas o possível, Amor, deve ser nosso nível,
pois, assim, aos poucos estranharei o espaço do teu ser.
Recuso-me, contudo, a esquecer teu perfume e a desencantar meus olhos da tua beleza.
É, portanto, o egoísmo meu mal: te quero para mim

Adão era só, ele e sua viola.
Descalço, pés na terra, terra sua: solo de Adão.
Na viola ponteava - solava Adão....
Pois era tão só Adão: solidão.

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já.

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida.

Saudade é sentir que existe o que não existe mais.

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam.

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Sinto-me mal, e ficarei pior, mas vou aprendendo a estar sozinha e isso já é uma vantagem e um pequeno triunfo.

A arte de perder

A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério

Suy, AME!
Não aNNe, como teu nome, mas AME:
A ela;
E como ação mesma de amar.
De modo que, Suy, assim como SOY, signifique isso que você carrega contigo.
E, lembre-se: SuyAME, assim mesmo no imperativo.


(Poemasente - poema presente - de aniversário da Suy)

Presente - um poema Gestáltico

Aqui-agora, dou-me conta do presente:
Que me deste - (?)
Que tu és!
Presente.

Momento indefinível - escapa-me.
Impede-me nas palavras. Não! Não o reduzirei.
Puro gesto em movimento, por isto: Explode!
Mil cometas em minha direção. Medo? Não.
Voz, canto, ode.
Riso que no segundo do abraço terno em eterno transforma o tempo.
Olhar que atravessa e estremece o ser que se torna.

Explode? Não!
Mil cometas em minha direção. Medo? Sim.
Mas o riso - forte.
O abraço - quente.
E o olhar... Este não mente.

Venham-me os cometas, na velocidade que é deles. Eu espero.
Mostrem-se na medida de sua possibilidade, pois eu suponho,
Essa tal felicidade,
Seja verde de sol.

Explode? Sim. E sem medo, vem!
Explode em mim.
Simples? Não.
Assim.