Coleção pessoal de gilpinna
Presença
No momento em que você chegou,
o tempo parou.
Não de passar, parou de pesar.
E, apesar da bagagem
que o tempo me deu,
Deu tempo de abrir mão do excesso.
Não foi fácil, confesso.
Eu tenho essa noção.
Despachei o que me atrasava
do passado,
Mas ainda trago uma malinha de mão.
Um nécessaire com o necessário,
para lembrar do fuso-horário
que existe entre nós dois.
Somos antes e depois
vivendo o agora.
Sem pressa, sem demora.
Dentro do presente.
Corpo e mente em comunhão.
Oras, na sua presença,
as horas passam, você não.
Hoje, penso mais no tempo contigo
do que no tempo futuro.
Ainda que seja obscuro,
ainda que haja perigo,
Não sinto mais medo.
Nem ansiedade.
O que tiver que ser será, meu amigo,
mais cedo ou mais tarde.
Você me deu mais ocupação
que preocupação.
Mais ação que intenção.
Fez eu me entregar sem postergar,
E, no seu olhar, sinto-me eterno.
Antigo e moderno. Atemporal.
Um samurai digital,
que segue a tradição do teu sorriso.
E enfrenta o que for preciso
para não dispersar.
A não ser uma espiada rápida no celular.
Que logo acaba em foto tua.
Mais uma recordação.
Pois é fato que a tua doce presença
atrai a minha atenção.
E eu me rendo ao teu pedido mudo,
para que, no nosso mundo,
não haja tempo perdido.
Somente o momento em questão,
Em que estamos juntos,
Descontando as horas,
espaçando o dia.
Para a agonia do amanhã,
que implora por nascer.
Mas enquanto a gente mal engatinha,
não adianta nada o tempo correr.
Eu sei que ele vai passar.
Não há como impedir.
Mas e se eu pedir mais tempo ao tempo?
Será que ele vai mais lento
e para para me ouvir?
Não. O tempo é contínuo
e não pertence a ninguém.
O destino do tempo é seguir em frente.
E a gente bem use o tempo que tem.
Eu paro em você e você para em mim,
enquanto o tempo continua.
A vida é assim.
Hoje, aprendi o que é presença
com a tua.