Coleção pessoal de Gilian
Casa Velha em Ruínas
Da distância que estávamos, só era possível distinguir entre o verde pedaços soltos de telhas já amarelas que pareciam flutuar sobre a vegetação que cercara a casa.
Com dificuldade tentamos nos aproximar mais alguns metros, mas as plantas daninhas que ali moravam pareciam ter vida própria e uma vontade de aprisionar com seus galhos e folhas tudo que se aproximasse delas.
Tentamos a foice. E a luta foi lenta e árdua, o verde resistindo aos golpes que cortavem sua vida, mas conseguimos.
Não havia mais porta: apenas uma placa de madeira inclinada na parede onde estava telhado o nome daquele engenho. Quase não havia parede, só tijolos que ainda sobreviviam mas que, como o resto, cedo virariam pó.
A escuridão nos impedia de continuar. Tivemos de quebar as telhas que ainda estavam penduradas no alto, para que fosse possível a entrada da luz do sol que não brilharia por mais tempo.
No chão de madeira as ervas já começavam a surgir. Não havia móveis ou qualquer objeto que indicasse que havido gente morando naquela casa no passado.
Nem animais. Só o verde, intruso e vitorioso.
Em um dos quartos encontramos livros jogados no chão, uma cadeira, uma mesa e um copo de vidro quebrado. E também um retrato torto, pendurado na parede torta, cheirando a mofo e a pó, a unica indicação do passado naquela casa.
O resto era ruínas que, por contradição, não lembravam o passado e sim a decadência atual.
Começou a escurecer e tivemos de voltar.
E o verde, silencioso, seguiu em sua marcha lenta, para cima e para os lados, até fazer o velho engenho morto submergir de vez.