Coleção pessoal de ggvilarindo

1 - 20 do total de 48 pensamentos na coleção de ggvilarindo

Eu sempre fui boa com as palavras, mas chega uma hora que eu não sei o que dizer. É como se as palavras fugissem de mim e me fizessem regressar ao jardim de infância.

- Diga-se de passagem

Certa vez perguntei a um amigo o que o fazia feliz. Eis que ele me saiu com essa:
-" Ficar apenas por ficar, pois as vezes cansa querer ir mais longe". Lembra disso Anderson Areco Arce?
No momento achei isso descabível, mas agora compreendo e vivo cada palavra dessa frase. Cansei. E não me sinto triste por isso, na verdade me sinto feliz por ver até onde suportei e o quanto suportei.

-Diga-se de passagem-

#feliz por ter minha inspiração de volta

‎...O cheiro dos eucaliptos quando o vento bate neles, pisar na grama molhada, o nascer da aurora, pipoca no café da manhã, as patas do meu gato, tabuleiros de xadrez...
Fico feliz com muito pouco, mas fico triste quando percebo que parece difícil conquistar o pouco, quando há pessoas muito mais exigentes, egoístas e materialistas que conseguem o que querem. Vai entender essa matemática da vida!

Quando crianças, nosso maior medo era a ideia de que o bicho papão sairia debaixo da cama para nos assustar. Nossa verdade absoluta era a de que fadas existiam e vinham trocar nossos dentinhos de leite por moedas de 25 centavos. E ansiávamos que o natal logo chegasse para ganharmos presentes do Papai Noel. E de repente crescemos e as circunstâncias fazem-nos ansiar por verdades que venham substituir os nossos medos.

JEOVANIA VILARINDO (Diga-se de passagem)

E só hoje eu me dei conta o quanto me tornei previsível. Cheguei na lanchonete da faculdade e antes que eu fizesse o meu pedido o atendente já sabia que pediria uma salada de frutas.
Confesso que eu fiquei perplexa. Muitos em meu lugar achariam isso o máximo, já eu percebi que nos últimos meses venho fazendo tudo com perfeita sincronia que causaria inveja até mesmo nos motoqueiros do globo da morte.
São os mesmos horários, as mesmas tarefas, os mesmos percursos, as mesmas pessoas... Isso está me enlouquecendo!
A muito tenho a vontade de jogar tudo pra cima e sair correndo sem nenhum remorso da queda, mas a sociedade me rotularia inconsequente e eu não estou a fim de ir contra a hipocrisia humana.

Em outros tempos os sentimentos eram definidos com mais seriedade. O poeta português Luiz Vaz de Camões, por exemplo, definiu o amor como ferida que dói e não se sente, um contentamento descontente, como um sentimento bom e que não quer o mau de quem se ama, que nem sente inveja e tão pouco se envaidece. Já nos dias de hoje um sujeito aplaudido por muitos abre a boca para afirmar que traição é traição, romance é romance, AMOR É AMOR, e um lance é um lance. Patético!

Eu tive vontade de dizer o quanto eu o amava, o quanto eu queria estar ao seu lado, o quanto minha vida não faria sentido se ele partisse, mas nada disso saiu da minha boca. Ao invés disso o abracei e disse adeus. No momento mais importante da minha vida eu fracassei e isso não faz de mim uma mulher tão sábia.

Certa vez alguém me perguntou porque eu escrevia tanto. Depois de analisar bem essa pergunta, respondi assim:

Escrevo para afastar a solidão e a monotonia dos seres humanos. Escrevo porque me sinto mais leve, mais livre. Escrevo por ter medo. Medo de amar, de esperar, de ser feliz, de saber o que escrever e por segundos perder a inspiração. Escrevo por ter medo de ir embora cedo demais, talvez essa tenha sido uma maneira de ficar pra sempre na memória daqueles que amo, porque os gestos rapidamente serão esquecidos, mas meus pensamentos ficarão por toda a eternidade.

É uma forma de olhar que me tira do sério, que me faz de boba todas as tardes, que diz tudo e ao mesmo tempo nada diz, que interfere o mais íntimo dos meus devaneios e que me torna incrivelmente feliz.

Já conheci Roma, Paris, Londres, Cabul, Egito... Até mesmo Marte sem precisar sair do meu quarto. A leitura faz isso, te dá asas e sabedoria para transcender todas as coisas.

É complicado. Resposta um tanto vaga quando o que se quer realmente é poder gritar aos quatro cantos do mundo o que sentimos.

Eu queria poder dizer tudo o que sinto. Talvez essa seja a maneira certa de recomeçar, mas ao mesmo tempo envolve varios sentimentos o qual não pretendo magoar nenhum. Esse é o meu problema, o medo de perder o que já possuo.

As pessoas preocupam-se muito com os excessos. Excesso de dinheiro, de roupas de grife, carros com design exclusivo, casas de praia... Enfim, coisas. E acabam esquecendo algo que, em minha opinião é o canal ao essencial. Tempo. Tempo para amar, para perceber belezas que estão escancaradas na nossa cara e que pela mesmice dos nossos atos não as percebemos. Tempo para perdoar, para comer besteiras, andar descalço, tomar banho de chuva. Tempo para ler um bom livro (recomendo O Pequeno Príncipe. Se o ler vai saber que o essencial é invisível aos olhos). E por fim, não menos importante, tempo pra DEUS. Todas essas coisas não fariam sentindo se Deus não houvesse nos dado o dom da vida.

A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era para sempre, sem saber que o para sempre, sempre acaba.

A Carta

Escrevo-te estas mal traçadas linhas, meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros, por favor
Nas frases desta carta
que é uma prova de afeição
Talvez tu não a leias, mas quem sabe até darás
Resposta imediata me chamando de meu bem
Porém o que me importa
é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém

Tanto tempo faz,
que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa que eu sonhava
E guardo a impressão
de que já vi passar
Um ano sem te ver,
um ano sem te amar
Ao me apaixonar,
por ti não reparei
Que tu tivestes só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu...

Nos dias de hoje, cada vez mais, acentua-se a necessidade de ser forte. Mas não há uma fórmula mágica que nos faça chegar à força sem que antes tenhamos provado a fraqueza.

Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.

O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior.

Crônica do amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. (...)

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referências. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco, você levou-a para conhecer sua mãe e ela foi de blusa transparente. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano-Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário, ele só escuta Egberto Gismonti e Sivuca. Não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama esse cara? Não pergunte pra mim.

Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes do Ettore Scola, dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettuccine al pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desses, criatura, por que diabo está sem namorado?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó. Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.