Coleção pessoal de georgiachagas
Se amar é uma arte
Que a criação seja
Amar mais e melhor
A cada dia...
E mesmo que tu não chegues
Já chegaste em mim
Um dia...
Suficiente para senti-lo
Respirando em mim
Mergulhei nas águas da noite
E em seus olhos pude ver
A arte com suas cores
Imagens refletidas de um coração
Encantador
Não sei se sigo ou se fico
Não importa... pois
Já chegaste em mim
Um dia...
Palavras quanto nada ou tudo
A magia da linguagem à distância é perceber a distância entre a intenção e as palavras usadas numa fala. As palavras caminham, caminham, caminham e, de repente, surge um dado que não faz relação com as palavras, mas com a intenção num curvo-turvo caminho...
Palavra brincante
A palavra dança ao som da escuta do viajante à espera de sinais. Movimentos mostram buscas e um possível encontro. É na tinta esfumaçada de um papel rascunhado que a palavra cai, florida, finalizando seu último rodopio do esconde-esconde.
A estrutura da decisão.
Uma decisão só deve ser vista como decisão quando tomada, primeiramente, dentro de nós, caso contrário não irá se sustentar quando colocada "à prova de público". Perdemos nossa credibilidade e tudo aquilo que viria através dessa decisão, talvez não aconteça. Não por "olho gordo" ou algo do tipo, mas por falta de postura diante daquilo que se quer pra vida. E não que a opinião do outro sobre nós e sobre nossas decisões seja importante, mas quando vamos em direção ao que o outro pensa, fala, quer e nos deixamos levar, saímos do lugar que deveríamos estar quando decidimos por algo. Pode não ser simples, mas necessário. Afinal, o que é mais importante, o que se quer pra vida ou o que se quer pra um momento? Usemos uma balança para medirmos se o que teremos com tal atitude nos leva pra perto daquilo que queremos pra vida ou nos distancia... A questão vai ainda mais longe... Quando movidos por amor, não temos outro desejo a não ser ir em direção daquilo que o amor movimenta em nós, ou seja, se queremos e fazemos algo que nos distancia, é hora de nos perguntarmos se tal decisão foi tomada por amor... se o que nos movimenta é amor... se o que nutrimos é amor... Dessa forma podemos observar que nunca teve ou tem a ver com o que o outro pensa sobre nós, mas em qual base foi estruturada nossas decisões.
Quem pode calcular a força reflexa da repercussão de um incidente qualquer na vida de um sonhador? Quem pode pensar sem tremer na ampliação infinita dos círculos das ondas espirituais agitadas por uma pedra do acaso?
Não, não foi por causa da busca de uma volúpia culpada e preguiçosa que ele começou a usar o ópio, mas simplesmente para abrandar as torturas do estômago nascidas do cruel hábito da fome.
Feliz criatura que pode atribuir a ausência da felicidade a um obstáculo terreno! Você não sente que é no seu coração arruinado, no seu cérebro desorganizado que jaz o seu mal, e que todos os reis da terra não poderão curá-los!
Wilhelm, exaspero-me ao ver como há gente incapaz de compreender e sentir as poucas coisas que ainda têm algum valor sobre a terra.
É verdade, meu amigo, que cada dia compreendo melhor quão insensato é vivermos a julgar os outros. De minha parte, tenho tanto que fazer para modificar-me a mim mesmo, tanto esforço a despender para acalmar as tempestades do meu coração!... Ah! eu deixarei de bom grado que os outros façam o que bem entendam, contanto que eles me deixem fazer o mesmo.
"É verdade que o caminho seria mais curto e mais cômodo se não fosse a montanha; mas a montanha existe e é preciso seguir viagem!"
"O homem é sempre o homem; a parcela de inteligência que possa ter raras vezes conta, ou não pode ser admitida em absoluto, desde que suas paixões se desencadeiem e ele se veja acuado nos extremos da sua humanidade."
Minha inquietação está no cotidiano e na contradição que existe na forma harmônica do feminino e suas fissuras.
Reciclagem como potência de vida no mundo e nas relações.
Pensando em como poderia diminuir os materiais que seriam jogados fora, resolvi pegar madeira em locais específicos. Lidar com esse tipo de material dá mais trabalho, mas é muito gratificante ver a arte pronta num suporte que foi ou seria descartado. Isso me levou a refletir sobre como lidamos com nossas relações com as pessoas e com o mundo no qual estamos inseridos. Estamos na era da tecnologia, o que dá a praticidade de resolvermos muitas coisas num clique. Porém, sabemos que nem tudo pode ou deve ser resolvido dessa maneira. A madeira foi arrancada de suas terras para nos servir em nossas vidas domésticas e profissionais, nada mais justo que darmos cuidado, carinho, vida nova e beleza a essa maravilha. Quando a madeira chega aqui, ela é limpa, tratada com produtos, lixada, limpa novamente, passa por aplicação de base acrílica e só então a pintura. Vê-se que a arte acontece desde a limpeza. Há um intervalo de tempo entre essas ações. Perceberam o cuidado? As relações se dão da mesma maneira, é preciso tempo para compreensão, cuidado, criatividade e amor. Não adianta, a forma como nos relacionamos com as coisas, diz muito sobre nós e, principalmente, em como nos comportamos diante daquilo que "não nos serve mais".
Educando a escuta
Aprendamos a lidar com aquilo que nos apresentam e não ficar criando histórias à partir de informações trazidas. Fazemos isso toda vez que não espelham nossas "referências" sobre tudo que é respirável. Nossas referências, são nossas, e por este simples motivo, não participam da mesma forma em todos os casos. Isso nos remete ao fato de que o mundo não gira em torno do nosso querido umbigo.
DESABAFO...
Não é de hoje que circula a ideia de que artista plástico não trabalha, vive de hobby. Mal sabem o auê que é produzir arte, o auê que é colocar a arte pra circular e por fim o auê que é vender. Até porque na cabeça dessas pessoas o artista não paga conta, vive de brisa. Tenho observado a maneira desrespeitosa que muitas pessoas lidam com o trabalho do artista, tanto a dar palpites estéreis, quanto a (ir) responsabilidade, a falta de compromisso. Viver financeiramente da arte é complicado por vários motivos e um deles é esse comportamento decepcionante por parte dessa mesma gente. É tão cruel essa ideia que, se você não consegue se "aprumar", a culpa é sua que não é bom o suficiente. O mais incrível é ver artista nessa banda... No meio artístico tem muita injustiça? Sim, tem! No meio artístico tem um querendo passar a perna no outro? Sim, tem! E retenção de informação? Também! Cansou? Cansei! Mas não desisto nunca, por isso continuo minha caminhada, na certeza de que estou dando o meu melhor, que não importa o que façam ou falem, o caminho é meu, escolhido por mim, o caminho que acredito ser possível viver num mundo tão cruel e desumano. E, o mais importante, porque a arte, para mim, é uma maneira de rezar. Afinal, todos temos limites e cada um com sua "Construção" servindo de atalho para seguir em frente.
Ah, leiam "A construção" de Kafka.