Coleção pessoal de GabrielHPeixe
ATO
Trêmula, minha respiração se eleva,
Feito preces que ao céu se vão
Sinto o pulsar do meu coração
Pela calmaria que teu mar me leva.
Translúcido coro meu rosto
Ao ver o sorriso tímido, teu,
Tambores batem o peito meu
Enquanto imagino o amanhã de meu gosto
Atravesso o olhar do horizonte a ti
Por ventura teus olhos se encontram aos meus
Sinto a candura vinda de Deus
Como se o mudo estivesse a sorrir
Meus passos se deslocam à frente
Feito a queda de incandescentes trovões
Encurto a distância dos dois corações
E quase tornam um só presente
Um frio na barriga eu sinto,
Como estar descendo a roda gigante
Somos agora um som dissonante
Silenciamos o mundo, que é labirinto,
Do paraíso meu ser se entorpece
Ao sentir o teu ser eu meu peito
Faz descompasso em meu ar rarefeito
Quando sussurro ao céu minha prece
Juntamente atados feito nó
Em seu ombro, minha cabeça, descanso,
Nas incertezas da vida me lanço
Na certeza que somos um só
Somos então um perfeito laço
Entrelaçados, mas apenas um só!
Percebi então que nada é melhor,
Que se entrelaçar em um abraço.
E que não há como soltar o braço
Quando o abraço te deixa maior!
O que é o amor?
O amor, antes de tudo é liberdade,
É como um pássaro que insiste em bater asa,
É caminhar na contramão da diversidade,
E dentre mil escolhas, decidir voltar pra casa.
O amor é enxergar ao chegar o defeito
É compreender com prazer a qualidade,
É descobrir um mundo perfeito,
Na imperfeição daquela realidade.
O amor é a calmaria em alto mar,
A maré que se vai e reaparece,
Amar é esperar alma se acalmar,
É a paciência que o coração nos oferece.
É a decoração mais linda e deslumbrante,
São as luzes que iluminam o anoitecer,
É a canção mais atraente e radiante,
É o primórdio de um futuro amanhecer,
Mas... O amor... Não existe,
Não é natural feito às águas e os vulcões,
Ele é cultivado por dois corações,
É cuidado com magia e serenidade,
É a unção da junção na equidade,
O amor é o que somos, e o que fomos,
É o que vemos e o que cremos,
É o que ouvimos e falamos,
O amor é um grito quase sem voz,
O amor... O amor somos nós!
SOMENTE UM DIA TRISTE
Queria ser em dias assim
Feito os pássaros que decoram o céu,
E na imensidão se perdem por querer,
Na esperança de fugir dos dias gélidos
Que condensarão sobre a vida.
Queria que em dias assim
O peso do fardo da vida cessasse,
E que meu ávido olhar ressurgisse
Posterior ao pranto que transpira os olhos,
Fazendo que a minh’alma acordasse.
Queria em dias assim
O alento mais simples possível,
Um olhar no qual poderia fixar o meu,
Para que meus átrios suscitassem mais belos,
E me desfazer do que pereceu.
Mas em dias assim
Quando o caos enfraquece a mente,
É que a alma se encontra mais forte,
E que não há como temer a sorte
Quando sei que amanhã, outro dia virá novamente.
E no amanhecer nasce a alegria!