Coleção pessoal de gabriel-elias
“Hei de perguntar a noite, o quão longa ela pode ser;
Quanta calma ela pode me dar;
E se for longa demais e ausente de paz, hei de perguntar quando ela irá se acabar...”
Pois, homem feito que sou, temo o cair da noite. Temo a ausência da luz mesmo que eu pouco me conforte nela. As noites ultimamente tem sido sinônimo de solidão e o que eu mais temo é ficar só.
Claro que aproveito da minha companhia, que por vezes eu prefiro ficar sozinho, mas a questão, a chave hermenêutica para entender, por vezes, a minha predileção pela solidão é o simples fato de que:
" A solidão é divina quando se procura por ela. “
Mas solidão obrigada é penitência, quiçá purgatório.
Sou jovem, e dizem que temer ficar sozinho é um medo de velho, então eu crio mais um temor para a minha lista:
̶ Será que estou envelhecendo mais rápido do que eu deveria ?
E faço outras diversas coleções dos medos que tenho e alguns que só essas horas da noite que me lembro de suas existências.
Procuro então, abrigo nessas palavras que escrevo. Sejam elas protetoras ou não, o ato de ter fé em algo é muito mais real do que o “algo” em que se tem fé.
Medos são comuns, solidão e envelhecer também, faz parte da vida (e da noite).
“...E se for curta e calma, hei de perguntar se ela pode ficar por toda a vida.”
Eu mereço paz, calma e a tranquilidade de viver dessa maneira.
Já me doeu tanto a vida, tudo dói nessas minhas costas e eu me iludi de que teria companhia pra carregar os pesos dolosos.
Mas não, encontrei alguém que está afogada no passado, onde se nega sair. Eu lutei pra tirar ela do que ficou para trás, separar ela do que a magoou.
Porém, só sai do choro quem quer, não se busca a dor quando se quer sorrir.
Eu doei meu amor, meu coração, minha voz, minha canção e em troca eu recebi a dor da falta que ela sente, não minha mas dos outros.
Espero que ela ame alguém que mude sua visão, eu não sou esse e talvez, não queira ser. Se não vem naturalmente, não virá de outra forma.
O amor dói como fogo no peito e assim vai queimando até corroer, e se dói, hei de concluir que não é amor.
Apagam-se as mensagens, mudam-se as fotos, renega-se as promessas e parte-se como indigente a procura de porto para descansar.
Dizem que o poeta há de viver de tristeza e que irá chorar por amor e escrever os versos mais dedicados e apaixonados para a bela, logo em seguida, o poeta é deixado pelo cantor, pela pintora, pelo escultor, por tantos outros artistas que por fim, irá renegar as palavras.
Mas por tanta dor, tanta lágrima rolar, ele decide por as mãos na pena e escrever seu pesar.
E dizem que ao ler a tristeza do poeta, qualquer felicidade parte, não habita junto das letras que ele ali deposita com uma amargura tão grande.
A alegria corre do resultado da poesia, e o poeta de olhos vermelhos ergue a frente a folha e chora, cai em prantos diante do desenho de sua situação.
" Dias escuros sem sorrisos, sem risadas de verdade. Dias tristes, vontade de fazer nada, só dormir. "
- Caio Fernando Abreu
" Melancolia, maneira romântica de ficar triste. "
- Mario Quintana
" Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia. "
- Adriana Falcão
E outros tantos que poderia passar aqui a noite intera a selecionar, evitei os mestres pois sou um poeta triste, que escreve agora com amargor e não gosto de ficar proximo da tristeza de grandes pessoas, não faz bem pra minha.
Enfim, o que se pode esperar ? Espero que nela acenda-se uma chama de razão e por fim, ela trate de não errar comigo outra vez mais.
Enquanto isso, vou guardando a tristeza pois a tristeza é uma maneira da gente se salvar depois.
Vai doendo enquanto dor me resta, até que num suspiro de adeus, eu vá depressa.
Nesse seu segredo incoerente
De esconder as reais verdades da alma
A sua introspectiva há de tornar-se confusão
E você irá perder o amor que lhe restava.