Coleção pessoal de gabiravetta
Claro que eu agradeço por ter nascido homem, muito menos pressão. A pressão sobre as mulheres é muito maior. Se foca na carreira, é carreirista, se quer ser mãe, é dondoca. Se busca o equilibrio, os dois lados censuram.Uma mulher com 30 anos sem filhos é vista com comiseração. Um homem, acham que ainda está amadurecendo. Por isto eu admiro, a mulher.
Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez é a desilusão de um quase! É o quase que me incomoda que me entristece, me mata trazendo tudo que poderia ter sido... e não foi.
A verdade, o que
realmente importa
mora dentro de mim,
longe do binóculo
alheio. O resto é
cena, ego, poeira.
Eu sei, fui egoísta. Larguei tudo pra trás, quem eu penso que sou pra sonhar que tudo é como foi? Ninguém. Sei enxergar isso. A gente tem fome de vida, de tudo, luta contra a morte o tempo inteiro e esquece que provavelmente o amor é maior que as duas coisas juntas. Mas isso você se dá conta quando pisa os tênis sujos de mundo no seu velho lugar, e a pessoa que você em momento algum se esqueceu de lembrar não está lá pra te receber. Eu quis manter todas as minhas opções abertas e agora estou pedindo perdão pela minha incapacidade de me prender, de ficar. Não é irônico? Bem, eu estou sozinho. Eu andei sozinho. Eu queria me encontrar, achei que lendo Nick Hornby em Holloway ou pegando algum trem noturno escutando Ian Curtis, tudo isso aconteceria naturalmente. A gente dá as costas para as emoções fortes em nome do êxtase, porque consideramos que o êxtase é o melhor. Não sabemos sentir o que é realmente importante e bom. Essa vontade estúpida de sair por aí querendo não perder nada acabou me fazendo perder tudo.
A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma...
(Alice no país das Maravilhas)