Coleção pessoal de fuckmydickbitch
Hoje eu acordei com um imenso vazio. Sentindo falta dos velhos costumes. Acordei apenas com uma saudade imensa que predominou o meu amanhecer. Acordei e olhei para o lado, imaginando que você pudesse estar lá, deparei-me com o nada, o vazio que hoje nada e nem ninguém consegue preencher. Sim, sinto saudade de um passado que jamais voltará, de pessoas que não fazem mais parte da minha vida. Acordei com saudade de ter alguém pra amar, alguém pra cuidar, alguém para ligar, alguém pra me preocupar, para ir aos consultórios, ao supermercado, ao parque, ao cinema, alguém pra ficar de conchinha assistindo um bom filme com o barulho da chuva batendo na janela, alguém para falar bobagens e morrer de rir. Hoje eu acordei tão vazia, com vontade de encontrar alguém. Com vontade de roubar você de novo pra mim, de tentar mais uma vez reconstruir o que jamais deveria ter sido destruido. Mas aí eu me dou conta de que o tempo já passou, que o café esfriou, que a música parou, que a chuva já parou e que você não vai mais voltar, eu não vou voltar e nada será como antes, dia após dia as lembranças ficarão tão vazias que só a angústia vai confortar a dor e o vazio que nada preenche. Eu sou uma alma solitária que não suporta mais o vazio dessa extrema solidão.
Não gosto de voltar pra casa com homem nenhum. Até gosto de ir para casa deles, deitar e ser aquecida em ombros largos mas ir embora no meio da noite. Não gosto de acordar pela manhã em outra cama que já dormiram várias outras, da qual não me pertence.
Lembra daquela mulher de batom vermelho borrado e maquiagem vencida com aquele vestido sujo de vinho que costumava te ligar de madrugada pedindo para você ir buscá-la? Ela voltou novamente, mas agora já não é para você que ela irá ligar.
Confesso que sou um pouco masoquista.
Às vezes gosto de sofrer um pouquinho pra ter certeza de que ainda não me tornei um iceberg por ser assim tão gélida.
Existe alguém dentro de mim que sempre volta para me resgatar desse buraco negro que tenho a mania de me afundar.
Fico gélida toda vez que começo a cogitar possibilidades de me machucar. Não quero me ferir, mas como é bom às vezes me arriscar no desconhecido, no indecifrável.
Finjo ser autossuficiente, mas ainda sorrio quando lembro - silenciosamente - o barulho que já fizemos.
Eu já fui muito amor. Hoje sou apenas indiferença, enjoos e náuseas, bloqueios emocionais, celular desligado, mensagem não respondida, palavras ignoradas, surtos e puro caos.
Aprendi que sozinha o horizonte fica muito mais extenso em cada dimensão que eu vejo dentro de mim. Sozinha eu aprendi tanta, mas tanta coisa que me tornei egoísta o bastante para não querer dividir isso com alguém. Aprendi no meu jeito errante uma terrível verdade que sempre quis evitar, não consigo ser de ninguém, não consigo me contentar com as coisas e pessoas. Não quero nada que me cheire à meras ilusões, não quero me arriscar por ninguém. Aprendi tanta coisa que ainda não sei de nada, ainda me iludo com as bobagens da vida, com as simples alegrias, debaixo de todo esse meu escudo ainda deve existir uma mulher com sentimentos livres. Tem que existir.
Só fiquei velha demais, de tanto que minha alma sofreu.
Parei de me decepcionar com as minhas decepções, daqui em diante vou me contentar com as frustrações de cada dia.
''Não é egoísmo se você só quer se proteger das outras pessoas e de si mesma com uma autoproteção que mantêm o autocontrole das emoções.''
A verdade é que se você não converter a dor da solidão em autoproteção e manter o controle sobre si mesmo, acabará se perdendo de si mesmo.
Essa inconstância está acabando comigo. Dou risada sem pensar em nada e de repente começo a pensar em tudo e não vejo razão pra mais nada.
Às vezes nada é mais acomodável do que a imensidão da minha solidão. E nenhum outro colo vai suportar tudo o que eu consigo abrigar.
Não me prendo a nada, nem a mim mesma. E ando olhando para o chão para me certificar de que alguma parte do meu corpo caiu.