Coleção pessoal de FRabello

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⁠Tempo ao Tempo.
O tempo.


O tempo ensina a compreender a vida; a vida ensina a compreender o tempo.

⁠Tempo ao Tempo.
Coragem e medo.


Viver é bem simples: basta ter muita coragem e bastante medo.

⁠Tempo ao Tempo.
O rio.


...e o rio ia fluindo tranquilamente, até encontrar uma cachoeira...

⁠Tempo ao Tempo.
Sangramento.


Quanto mais nos ferimos mais sangramos.

Tempo ao Tempo.
Arrogância e prepotência.


A arrogância e a prepotência costumam andar juntas, mas não se toleram.⁠

⁠Tempo ao Tempo.
Simples e complicado.


Para perguntas complicadas existem respostas simples.
Para perguntas simples existem respostas complicadas.

Parece simples, mas é complicado.

⁠Tempo ao Tempo.
Ser feliz.


Ser infeliz é fácil...ser feliz exige um pouco mais de esforço.

⁠Tempo ao Tempo.
O ponto final.

O ponto final tem muita história para contar.

O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não querer-te chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

Quero-te só porque a ti te quero.
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,

Nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.

⁠Tempo ao Tempo.
Pare!

O tempo não para.

Às vezes dispara...

em outras ele diz: pare!

⁠Tempo ao Tempo.
Promoção.

Atenção: o dia de hoje está em promoção...aproveite!... não deixe-o para o amanhã.

⁠Tempo ao Tempo.
Mágoa e ódio.

A mágoa cicatriza...o ódio não tem cura.

⁠Tempo ao Tempo.
Impossível?


Antecipar o amanhã para hoje ou trazer o passado de volta, por óbvio, é impossível.

No entanto, pensando bem, é que o mais fazemos no dia a dia...

Impossivel, porém não muito.

⁠Tempo ao Tempo.
Viver.

Viver consome vinte quatro horas por dia.

⁠Tempo ao Tempo.
Dúvidas certas.


Para algumas perguntas não há resposta certa...há dúvidas certas.

⁠Tempo ao Tempo.
O Relógio Abstrato.


Ao final dos anos 80, a Rádio Relógio do Rio Janeiro era a referência da hora certa. Os relógios dos incautos, como eu, eram
acertados pela audição daquela Rádio. Cada segundo era marcado por um som característico, enquanto o locutor, em tom mais alto, anunciava os “patrocinadores da hora certa”. Lembro-me do mais famoso: “Galeria Silvestre – a galeria da luz”. E assim, ia ele navegando entre os segundos, as propagandas e o emblemático: “você sabia?”. Tudo isso ao som insistente de cada segundo, martelando a passagem do tempo que se perdeu e, pior, o prestes a se perder no próximo segundo.
Instantes antes do final do ciclo, ou seja, o minuto, o som ficava mais intenso e o locutor vaticinava: “seis horas e três minutos”.
Antes, porém, não satisfeito, o locutor alardeava: “cada minuto é um milagre que não se repete”.

Devo confessar: aquela ameaça me impressionava. Estava eu perdendo o meu tempo? O que fazer com ele? O tempo é um milagre? Como melhor aproveitá-lo?

Até hoje não sei as repostas, mas pouco importa, muitas coisas mudaram, por exemplo: a Rádio Relógio não mais existe, mas, mesmo se ainda existisse, seu locutor não mais me amedrontaria. Descobri que ele somente gastava o seu tempo e o de seus ouvintes. Penso hoje: que insana rotina.

Os tempos também mudaram. Hoje, os relógios digitais, silenciosos e enigmáticos, friamente estão a dizer: “não tenho nada a ver com isso”; “não tenho o que falar” e “o tempo não é nenhum milagre”.

Nesse novo tempo, sem tempo para o tempo, estamos cada vez mais sem tempo: tempo para a reflexão; para ouvir e falar; rir e chorar; aprender e ensinar. Em resumo: para viver.

Confesso: vejo, hoje, os relógios com a indiferença do meu tempo; sem medo, mas, antagonicamente, com a pretensa paciência e sabedoria do locutor da Radio Relógio: “cada minuto é um milagre que não se repete”.

Pois bem, caro leitor: se assim entender, viva o seu tempo em cada tempo, com tempo para você e para tudo que faça a vida valer a pena, muito mais além do óbvio, pois, certamente, para muitos, a vida
continua sendo um milagre que não se repete.

No entanto, caso não entenda assim, não se preocupe: nem tudo está perdido; há uma saída, acabo de descobrir um relógio que não marca horas e muito menos o tempo, um relógio abstrato, simples, fácil, prático e eficiente, basta querer usá-lo.

Flavio Rabello.

⁠Tempo ao Tempo.
O novo anormal.

Quando jovem achava-me um sujeito normal. Na maturidade mudei de ideia: achava-me anormal. Agora, não tenho dúvidas: sou um novo anormal.

⁠Tempo ao Tempo.
O amanhã.

- o quê virá?
- a história a ser escrita amanhã.
- e a de hoje?
- foi arquivada.

⁠Tempo ao Tempo.
O sono.

O sono é o intervalo da realidade.