Coleção pessoal de flaviatmattos
Já que o mundo anda apagado, sem palavras vaga-lumes. Vamos encantá-lo através dos escritos, rabiscos de nós mesmos, devaneios.
O cadeira de balança embala o sono da avó. E junto com ela as historias que nos fazem ser. Vai e vem, você em mim.
Cada um leva dentro um poeta adormecido. Feito o vento que desarruma as folhas secas, vamos soprar para que ele possa ser redemoinho...
Pedacinhos de noite, polvilhados com as luzes do dia. É a madrugada confusa. Para alguns tarde, para outros muito cedo. Opostos de Vida.
A poesia anoitecida é uma mulher que se entrega na penumbra. Não é vergonha de se mostrar, é vergonha de ver demais.
As cores de domingo são cores envelhecidas. Cores de saudades, de voltar de viagem. Cores de quem parte e de quem fica partido ao meio.
Mar, guardião de histórias, embala o meu sono com esse cântico das águas. Pudera ser espuma pra seguir contigo e me perder em imensidão azul.
Fazer poesia, para mim, é ser capaz de construir quando tudo está desfeito por dentro. É um jeito de entender o mundo através da brisa macia que arrepia a nossa inocência. É o assoviar da alma mesmo quando lá fora canta o mais preenchido silêncio. Fazer poesia é como amar através de palavras. É fazer com que elas se aconcheguem nos espaços escondidos de cada um.
Poetas e seu dom de encantar o mundo. De encantar os desejos através das escritas. De fazer com que tudo seja possível nos lugares mais pequeninos que a vida tem. Eu penso que fazer palavras namorarem é mais nobre que ter títulos e posses. É que as palavras só namoram quando amam de verdade!
Ir embora é como debulhar o quebra-cabeça da vida. Os pedaços do que somos vão ficando no caminho. Os pedaços do caminho vão nos tornando.
A ignorância se alimenta de aplausos. A inteligência bebe na fonte do silêncio. A melhor risada é a de dentro. Aquela que os invisíveis não ouvem. A brisa abrindo os nossos sorrisos, a paz embalando os nossos sonhos.
Tem dias que dá vontade de caber nas gotículas de orvalho. Dessas que molham o campo e a vida de quem madruga. E lá ficar protegida do mundo.
Todos os dias são nossos! Nessa estrada onde mantemos os pés no chão e o amor a nossa volta. O mundo fica doce com o nosso perfume.
E minha mãe penteava os cabelos, fazendo os fios escorrerem com o tempo. Lembro de perceber no reflexo do espelho a delicadeza de ser mulher.
Vou me despedir aos versos. Porque a poesia é um jeito de amar através de palavras apaixonadas. Elas se gostam e se rimam pra não esquecermos como é.