Coleção pessoal de fernandoordani
Bem vindo ao vício.
Esse jogo não adianta, me cativa quando nada no vazio lá de fora, de um mundo que agoniza...interesse me desperta;
Esse jogo não atrasa vidas...é jogo com palavras, jogo de imaginação, primeira ou terceira pessoa, perspectiva de sucesso na tela!
Jogo de cartas marcadas, de danças de cadeiras em um lugar distante do aconchego de minha casa...
Jogo que se parece sério em suas vestimentas, suas personagens patéticas, sua falácia verborrágica, mas não passa de palhaçada, que não me interessa;
Esse jogo já me viciou, na primeira ou terceira pessoa...me esqueço sobre questões filosóficas, conflitos de identidade...assumo o controle e, tão logo, alguém com uma causa eu sou!
Jogo que vicia e livra dos males de outros vícios, jogo esquecido, injustamente lembrado para que seja repreendido...jogo que é cultura, que também conta história dos livros;
Se querem fazer da vida um jogo sem nexo...desconecto, desligo...
Em meu quarto, sem saudades da luz do sol ou do luar...das estrelas, solto em um mundo de perigos, saudades não sinto;
Hoje, na terceira pessoa já matei muita gente, já gastei muita munição...mas, sou suficientemente burro para em um país de corrompidos e corruptos, não me tornar bandido...
Inteligente o bastante para compreender que seja tão somente ficção;
Desligue e venha, sinta-se à vontade neste minha utopia, nesta redoma de doce ilusão...
Assuma o segundo controle, pois prioridade aqui sempre será minha...
Assuma de coadjuvante e cria teu heterônimo, em meu papel de astro anônimo...te concedo uma chance, em minha condição!
Coisa que um mundo de mentiras, desigualdades...mundo onde sonho se parece com ledo engano ou ilusão...
Jamais lhe conceda e lhe obrigue a sair com um sorriso, ainda que sempre lhe digam um não;
Aqui nada é quase, mundo aberto, campanha linear onde tudo é permitido e tudo se parece pleno...
Lá fora o mundo, em um mundo de gente que diz ser como a gente...
Nada gira em teu favor neste globo grande que é perigo, é veneno, mundo de pessoas comuns e tantos iguais, mundo pequeno...e real inimigo!
Se renova, no mesmo lugar.
Cheiro de lavanda de que renova na madrugada...
Coisas que soavam perfeitas, se feitas da maneira errada, agora se deitam...
Para dormir sem descanso, flores sem outono para que em primaveras, deveras se pareçam renovadas;
Cheiro de alfazema, cheiro que chama para uma temporada que fosse longe daqui, que fosse no campo florido de onde pertença e fora colhida, uma fazenda...
Tolhida de sua natural existência...cheiro de lavanda nas manhãs da cidade se banha, para perfumar o dia de alguém com sua essência...
Seja sob o rócio, descansa teu cansaço incansável de trazer belezas para onde não se nota em teu abreviado momento de ócio...
Sem tempo para sonhar, sem sequer se deitar...se levanta;
É flor nascida para perfumar, nascida sem saber o porquê, mas sabe de tua missão...conhece teu lugar;
Seu suor não exala mau cheiro, pedaços de si perdidos por aí se reúnem...fazendo de sua aparência tão metade, remeter àquele passado de algo pleno, inteiro!
Cheiro de lavanda, mundo de loucos cheios de razão que lhe queiram logo cedo, para perfumar sua jornada...
Dorme agora, faz frio lá fora...descansa, sem fechar os olhos, pois para se levantar terá hora marcada;
Sulcos em sua face tão juvenil, sufoca memórias, sufoca história...solta sutilmente o selvagem para aprisionar, levando consigo tua aura pueril...
Ladrões lá fora a ladrar, cães adestrados a lhe esperar...lavanda, se banha agora em lágrimas que sejam breve, por um momento sem que lhe façam concessões para se renovar;
Deixe partir para longe aquilo que caminha para distante de teu olhar, deixa teu sentido entorpecido novamente fazer algum sentido...
Deixa vida de outrora em ti, agora se renovar...
Se algo lhe perturba, lhe agrida...não revida, pois de uma flor, uma pétala de maldição eterna há de levar quem ousar arrancar...
Deixa vida acontecer, deixa morrer aquilo que se vai sem se importar, pois ainda és vida, és bela...menina florida aprisionada em um vaso, para quem lhe queira para cultuar, cultivar, abusar...
Abram as portas do hospício, deixe que loucura acometa esta multidão de insanos para que em breve, portões estejam abertos para seu definitivo lugar...
Deixa acontecer, deixa de fato renovar...deixa a vida acontecer para você, pois tudo a despeito de ti continua a ocorrer sem o consentimento de quem ainda seja flor, mas perece...
Padece, mas conhecimento inato detém para em seu pequeno espaço que seja, destino daquilo que ainda seja digno de se chamar por vida, sem desatino mudar.
Lições e vidas.
Enquanto o inferno não se aquece, multidões não se agitam, minha face não se faz aflita, disponho de um breve momento...
Um lamento, um contrassenso, um hino que enaltece minha superação, pois se vivo estou, alguma serventia que seja para me descobrir...sinto que ainda tenho;
Verdades que se ocultam por debaixo da couraça que se cria, calos e cicatrizes que se fecham, algumas feridas;
Não sei se alma morreu, não sei se corpo e mente que minta para mim diariamente, ainda é o que me mantém...
Não sei, se corpo já partiu...jaz no horror eterno de um torpor, sinto que seja simplesmente algo que remete à face daquilo que outrora fora eu, contudo alma e essência ainda contém;
Não sou louco, tal qual ao loquaz que em palavras mais se perde do que se encontra, sequer sobre suas verdades compreende...
Não sou são, tal qual ao normal...que creia ser especial por demais para que seja humano, finge para si mesmo sentir, se contradiz, com suas próprias lições não aprende;
Não visto teus sapatos, não pago tuas contas, mas ao menos conheço meu lugar, perdido por entre as letras que emitem mensagens que teu ego não permite ler...
Se, são músculos e letras que me restam, se é força, se é um alter ego que me faça crer que supero...sobre os dias caminho com semblante austero para que quem me odeia, nada possa perceber;
Algumas coisas lhe são destinadas, algumas pessoas possuem palavras...
Outras, se das palavras de suposta sabedoria não dispõem...terão o mundo das idéias para ver de perto, coisas que por Platão, lhe foram presenteadas;
Supera ou supõe, transforma ou se conforma...o poema resiste em seu mistério para quem saiba decifrar, um corpo esquálido jaz num cemitério de lástima, para quem resista em mudar...
Ser deveras humano e coerente com palavras proferidas por uma boca que supostamente saiba amar;
Se por acaso nada saiba, omita tua voz, sossega teu pensar...
Apega-te ao teu torpor, anula teu existir, apaga teu parco iluminar, se sustenta pela muleta que lhe faça em seus titubeios, ainda se rastejar;
Vida ainda há para viver, se algo não deu certo pra você...tudo é livre para das palavras discordar;
Outro caminho seguir, por coisas que sejam sublimes de fato, em teu quarto escuro que esconde teu tesouro...os desígnios de tua oração com discordâncias, de teu olhar;
Dentro de si, somente para ver se algo existe que não sejam desgraças, em teu âmago de amarguras, jazidas de ouro de tolo...de superfícies para prospectar;
Ou, quiçá...para sempre sentar-se e esperar, mas se é espera que lhe apetece, teu ânimo arrefece, tua boca de infelicidades atrozes, certifique-se de fechar.