Coleção pessoal de Fernandadeabreuramos

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Nas suas entrelinhas, os seus sinais, teu olhar, do que você não diz, o não saber de ti, me enleva, tu vens, eu já decifro os seus sinais, tu tens o enigma da esfinge, daquela que te escreve agora, mas eu te devoraria de qualquer maneira, da sorte que tu erras de propósito, desse sentimento insano, do desejo de ser devorado, amado, então como quem nada quer, você me diz eu não te decifro e devora-me logo, do mais sincero gesto de amor, longe está de possuir-te bela esfinge, em verdade, mas apenas um desejo apaixonado de em seus lábios estar emaranhado, tornou-se a chave de tudo que tinha, o amor é também um enigma descobriu a esfinge.

E eu não sei por onde começar, relembrando o dia que te vi passar pálida, de um olhar que não consegui saber se era de surpresa de me ver ou de assustada, mas se passando alguns segundos, tortuosos segundos pudes notar um impiedoso e penetrante olhar, serias melhor que me batesse, o meu medo nunca foi de apanhar, seria suficiente prazer, mas de encarar tal olhar sobre mim, isso sim, da sorte que me desprezas procurando outro ponto ao horizonte, satisfazendo meu desejo de ser recriminado, por pensar que mereço, do julgamento de ser livre, caindo por terra, diante de um olhar tão impiedoso ou eu diante de mim mesmo a cerca de minhas reflexões, engasgando elaborações ferrenhas do meu próprio ser, puderás eu te colocar no bolso, ledo engano, me colocaste de volta ao meu lugar com segundos de um olhar, de canto, sorrateiro.
Naquele entardecer, fiquei acompanhando seu caminhar até que sumisse, até que eu não te encontrasse mais pelos carros e prédios, onde se perdia diante dos meus olhos no meio da multidão, me fazendo reviver momentos juntos de ti, de como era lindo te ver sorrindo, do toque suave, das mil cartas que me escrevia, das duas mil que eu correspondia, eu que fingia não ter ciúmes de alguém com sotaque do interior, que agora ecoa sobre o silêncio em minha memoria, serás minha saudade gritando em voz alta? Que loucura, você nem me tocou, e meu peito dispara, tolo, uma agitação que não consigo conter.
Prometemos nos dar paz, que até hoje não encontrei, estou aprendendo a viver sem você, aprendendo a lidar com o meu pesar, em tantos pensamentos, a noite foi longa, eu não tinha uma canção para ninar, se nossos corações estão divididos, penso que tenho a solução, pego o telefone e disco seu número, escuto o primeiro toque, está chamando, mas em um ato de covardia desligo, com mãos tremulas, me sinto tolo, acendo um cigarro, já são três da manhã, que tolice, lembro agora do que você me dizendo que a pedra atirada não tem volta, confirmando pra mim mesmo que era o melhor que o fizera, desligar, fico atordoado pensando se você atende, o que eu iria dizer? Eu te amo? que loucura,
que ideia a minha, a essa altura do campeonato recitar pelas palavras de que adiantaria? De nada adiantaria, tinhas razão de me chamar de covarde, eu minto para mim mesmo, com tantas meias verdades, me perco, posso ouvir sua voz me dizendo, eu já sabia, me irrito, rangindo os dentes, por ter que te dar razão, razão essa que me faz te deixar em paz.
Sentado no sofá, ás cinco da manhã, caiu no sonho, de tanto que pensei em ti, sonho que bates a minha porta, a porta está emperrada e não consigo abrir, você chama meu nome, como quem sentes saudades, depois de uma luta travada com a porta que se atrevia não abrir, te vejo, sorrindo, sorrindo para mim, junto de um dia ensolarado, logo após acordo com o coração acelerado, naquele dia cinza de outono, ás nove da manhã, o telefone toca, corro pensando ser você, não é, volto os olhos a escrivaninha, pensando da onde tirei aquela ideia, que ingenuidade, aquele coração gelado era bem capaz de me fazer ouvir umas boas palavras duras, mas ouvir sua voz teria sido tão bom. Resolvo então escrever-lhe, assim conseguiria não sofrer nenhuma retaliação, fico devaneando horas sobre o que te escrevinhar, de como falarei desse sentimento do qual nem eu sei decifrar, olho no relógio são meio dia, o cheiro de comida invade a casa, que deve ser o da vizinha que ultimamente deu para ouvir as músicas que você gosta, se tivesse intimidade lhe agradeceria tamanha judiação.
Pareço um adolescente de quatorze anos, como quem nunca tinha o feito antes, começo a escrevendo remetendo ao apelido que costumava a chamar, me fazendo relembrar desses detalhes, tão sútil, entre nós, te vivendo em cada linha, em cada palavra, imaginando como será sua reação, do que sentirá, ansioso, vou descrevendo como sinto a sua falta, dos planos que tinha e que ainda tenho para nós, tão difícil vencer o orgulho e lhe falar de sentimentos que me escondo, de um querer que está deixando de ficar no meio do caminho, escolho a tinta azul, que é da sua preferência, tento agradar-lhe ao pouco que posso com palavras doces nas cores que tu gosta, que assim eu posso falar das minhas dores e de tudo que diz de nós, essa carta rendeu mais de uma folha frente e verso, porque falar de ti, querida é envolver o universo, você está em tudo, no fundo do copo que eu bebo, na música que ouço, de quando ouço falarem de você, fingindo não ouvir, nas fotos antigas, naquele moletom que você costumava usar, na falta que você faz para escolher o canal da televisão, ficou tão vazio, não conheço ninguém com os mesmos defeitos que você, não tem outra como tu, tão ingênua, foi tomando todos os espaços, eu só queria estar ali, com você implicando comigo no meio da sala, era tantos beijos e abraços, seu beijo tinha intensidade de alguém que ama pela primeira vez, estava entregue sem pedir permissão.
Não tem novidade, sou apenas um pobre diabo, no jardim da infância quando o assunto é amor, quando o assunto é você, sou apenas um menino, um pobre diabo que não sabe esquecer de ti, através de uma rede de mentiras eu me arrastei até aqui, emaranhado por seu amor, existe um véu do comodismo, que nós mantém de pé, permitindo a tolerância sobre si, é assim que os covardes fazem, mandam cartas, um dedo apontado me dizendo que é muito tarde para viver nossa verdade, quis me mostrar o paraíso, me revelando, talvez a mim mesmo, me trazendo a consciência de que nunca tinha estiveras antes ali, da sorte que meus olhos não foram tão bom assim, ficou muitas sombras, muitas duvidas no meio do caminho, da lama, da escuridão, das mentiras, das omissões, meias verdades, me desculpe por ser tão fraco assim, me esconder através de linhas de uma caneta azul, que a senhora sabichona sabe que diz muito mais de mim, não te encaro, mas te vejo quando fecho os olhos, tão linda olhando para mim, se faz melhor que um anjo, porque eu sei que es real, adeus lindo sonho ou até logo, nas esquinas da vida, prefiro assim, dizer-lhe adeus faz doer, preciso da esperança mesmo sendo uma ilusão errônea, que um dia talvez, possamos nos encontrar com um novo tipo de olhar, em uma bem melhor, quero me despedir, como costumávamos fazer, coisas que só nos dois eramos capazes de fazer, me deixe por também três pontinhos para assim dizer que não acabou, que não temos fim, deixa assim ser...

Prazer, Será que podemos nos apresentar de novo? Prazer, eu acho que não nos conhecemos mais, prazer em revê-lo, prazer em conhece-lo, desprazer ou prazer? Meu ou seu?
Dia após dia, uma mascara cai, você me mostra uma faceta sua, nesta fresta eu consigo ver um pouco mais de você, nesse baile de mascaras, todo mundo será apresentado novamente, todo mundo tem uma máscara, todo mundo tem uma fantasia, você é a minha, te fantasiei de amor, e se precisar de um novo tipo de amor, eu uso uma máscara por você, e podemos assim mais uma vez nos apresentar, prazer, eu sou o seu amor, a canção do seu carrossel, onde nasce a fantasia, a historia não tem fim, sou Alice fugitiva no pais das maravilhas, tomei do seu chá, e me sinto enfeitiçada em você, nos perderemos para depois nos encontrarmos, longe do obvio, me permita me apresentar de novo, tem sempre algo novo pra ler em mim, tem sempre algo novo que eu quero ler em você, somos nuvens passageiras, doce veneno, o ponteiro sempre busca o seu par.
Todo dia, vejo algo novo em você, todo dia sou apresentada a um novo toque, um novo beijo, como se fosse a primeira vez, suas mil maneiras de sorrir, me coloca em parafuso, quando os olhos se cruzam, o brilho dos seus olhos pra mim ofusca qualquer um a sua volta, como se fosse a primeira vez, a sua mensagem na caixa postal, a sua voz é sempre uma canção nova e não há nada que eu não queira ver de novo em você, porque eu te amo.

(...)
Naquela noite fria, pediu mais um copo, que acaba por beber mais e mais, sentindo sua própria degradação, na volúpia masoquista do próprio sofrimento, remoendo, preparando uma vingança para aquele que atirou seu coração aos leões e despedaçou sua razão em praça pública, inevitavelmente sentia-se violado e humilhado, então pensou que a ti era permitido esmagar a quem julgava inferior e de merecimento profundo do sofrimento, mas eis que a consciência do tenebroso homem que julgava ser, treme involuntariamente perante aquela criatura desprezível, atuava agora sobre ele a realidade espiritual humana, quando se julgava ser apenas um cérebro em ação, descobre que é dotado de um corpo e de nervos, para além do cérebro possuía também uma alma, da realidade que te visita que a razão fria lhe diz faça, mostre onde doeu sua ferida, a carne e a alma não aceitam, sente-se como se estivesse sendo violado por si mesmo, repelindo-se, nessa luta, o seu castigo se estabelece, entrando em um conflito ardente com essa razão fria, experimentando a expiação de si mesmo, de suores e de delírios, pavor e febres, a luta travada, travada nas mais profundas camadas vitais da sua consciência, luta que atingiu raízes misteriosas profundas do seu ser, que até então não conhecia, da origem sagrada desse demônio que chora com as mãos sobre o rosto.
Já era madrugada todos estavam embriagados, mas sua consciência continua apontando, como uma ferida tocada bruscamente, uma assombrosa profundidade penetra-lhe fazendo sentir os sentimentos larvais e fraternais do seu ser, sente-se como um espirito em decomposição de um coração brilhante que pulsa vivo, nessa luta travada, de querer ser mais forte que os códigos misteriosos cravados em seu coração, com um copo na mão, de olhos parados e distantes, mais voltado para si, assustadoramente perto de si, em um ato transcendental, vasculha-se e descobre que seu pecado não ocorre no fato consumado, na obra concretizada, mas em seus pensamentos e palavras, que o reviraria de cabeça para baixo, para sua consciência seria o suficiente para assombrar-lhe todos os seus sentidos de uma insana ilusão de uma vida miserável, da fantasia a melancolia.

Mas, quando estamos frente a frente, só eu e você, nessa aventura em carne e osso que deixa marcas no pescoço, a gente perde o juízo, causando febre, nossos corpos são agora arrepios e suspiros, e, se pinto os lábios, é para desenhar minha boca na sua, tens a boca mais bonita que a minha já beijou, se com os olhos me despe, a alça do vestido sempre cai como sua conivente, suspirando, num só arrepio, coisas que eu nem sei contar, tens não sei o que de paraíso e de labirinto, eu adoro me perder em você, e a cada centímetro meu que encontra é êxtase, de repente a gente rasga a censura, de uma loucura muito boa, dessas que a gente beija a boca sem pressa de acabar, e quando a gente vê, já amanheceu o dia, vou passar o dia lembrando o seu sorriso, que é o labirinto mais bonito, agora o labirinto é meu paraíso.

Milhares de corações implorando um amor, uma mera ilusão, todo mundo sabe que esses artefatos brilham, você olha para as lembranças vindas de uma cena morta de um passado que não existe mais, e você tem andado, dia após dia, em busca de respostas que nunca vem, para o remédio da ferida que nunca se fecha, a realidade como espinhos machucando sua consciência, e se o amor é fogo, então apague a chama, eu não preciso de um amante, eu não estou fazendo uma reclamação, não devemos perdão, você não precisa se render, somos reféns de nós mesmos, almejando um labirinto chamado futuro, eu deixei a mesa, eu estou fora do jogo, não falta ninguém, apague as luzes quando sair, feche a porta, eu não quero tentar nenhuma carta, eu sou a carta fora do baralho, querido, nunca estive tão bem, olhando para o vazio dessa noite, parece ser o melhor caminho.

Você gosta de jogos perigosos, coloca meu coração em apuros, mas baby eu sou o veneno, puro veneno, por mais que eu te ame, eu não aprendi a ceder para um homem que precisa de jogos, eu não sou um brinquedo, por mais que seu beijo seja êxtase e eu sinta falta do que seu toque me causa, eu não sei ceder a um homem que dança ciranda, você tem a faca, o queijo e meu coração na mão, menos a minha razão, você deveria saber que comigo não se brinca, eu não sigo regras, quem da as cartas sou eu, eu ficaria com pena de jogar um jogo com você.

Eu gosto de ficar quieta, de ver meus pensamentos saltarem, às vezes eu preciso ser só silêncio, eu e eu e mais nada, tem dias que não quero companhia, que não quero conversar, eu pago o preço por ser só minha companhia, quero andar por aí sem falar um "a", só observar, poder ouvir minha música sem pausas, de escrever um texto sem interrupções, estudar sem precisar parar, não que eu seja antissocial, mas é que eu gosto de estar só comigo mesma em alguma parte do meu dia, eu me convido pra estar só, é onde eu me ouço, faço coisas pra mim, permito que meus pensamentos devaneiem, não que não goste de sua companhia, mas é que eu gosto mais da minha...

Mas eu tô tão feliz, lembrando seu sorriso, dos seus olhos me fitando sem permissão, do carinho deixado, de um afeto guardado, que percorre os caminhos do meu coração, você é a certeza de uma saudade, de uma saudade boa..

Eu não posso segurar a porta entreaberta por muito tempo, uma hora escurece e eu preciso passar a chave na tranca, outra hora alguém vai chegar e fechar por mim, qualquer vento que passa faz a porta ficar batendo me lembrando que está entreaberta, hoje eu queria que fosse você que entrasse e fechasse a porta.

Esse amor merece flores, uma coroa de flores, se despeça, com ou sem flores, não tem oração que faça ter vida aquilo que já morreu, se despeça, com despedidas ou não, o luto não espera por você, o mundo não conta com sua permissão, os dados continuam rolando dia após dia, a vida é aquilo que você não consegue segurar nas mãos, diga adeus, adeus, eu sei as memórias podem ser doces e assustadoras, por mais que você feche os olhos querendo não ver, não muda a realidade, a realidade que te acorda é cheia de verdades, ela não te pergunta se você está preparada, ela apenas passa, arque com o peso da sua cruz, aguente firme as ilusões que insiste em te visitar, porque você vai ter que pagar o preço querendo ou não, ninguém está imune, diga adeus.

Eu acho que sou apenas mais alguém que desistiu de o eu e você, boa noite minha estrela caída, eu sou apenas uma tola, uma sonhadora, au revoir, a noite sombria já não me assusta mais, embora os sorrisos boêmios não me interesse, eu estou caminhando, viajando para a luz, você costumava ser meu outrora tão brilhante, minha estrela cadente, estou a meia luz como costumávamos fazer, au revoir, você vive um pouco de vida que não sabe bem se escolheu ou pelas oportunidades que perdeu, au revoir, estou viajando para luz como costumávamos fazer, quando eu virei de costas para o demônio, virei de costas para o anjo também, me tirou o folego e o meu chão também, au revoir, é melhor seguir em frente, eu nem sinto a minha cruz, meus ombros estão dormentes, au revoir.

Todo mundo sabe que os dedos estão cruzados, que os mocinhos quase nunca tem finais felizes, que o pobre continua pobre e o rico continua rico, todo mundo sabe que a mentira seduz, que você não sabe se gosta do Batman ou do Coringa, todo mundo sabe que você tem um amor meio vagabundo, que o nosso tempo é um barco vazando, milhares de relacionamentos falidos de completa solidão a dois, milhares de joelhos dobrados implorando perdão, de túmulos cheios de flores, todo mundo sabe baby, que somos covardes quando o assunto é amor, que a zona de conforto é algo familiar, todo mundo sabe que você mentiu para o padre na igreja, que a aliança no seu dedo não é por amor, mas por conveniência, todo mundo sabe que você mente pra si mesmo, todo mundo sabe, você se diz cristão, mas não consegue amar seu irmão, todo mundo sabe que você está em apuros, todo mundo sabe que é isso que acontece, que a sociedade fede, que o negocio é podre, todo mundo sabe que ele ou ela não é quem você ama, todo mundo sabe que você não tem coragem de viver um amor, que a mentira não está na TV, mas na ponta da língua, todo mundo sabe que você mente, todo mundo sabe que a guerra não acabou, que a sua cruz sangrenta está pingando pelo caminho, todo mundo sabe que a cruz é pesada, que você na verdade tem medo do calvário, todo mundo sabe que é isso o que acontece..

Então me diga, existe uma canção para a minha dor?
Crucificado, glorificado, questionado, louvado seja o nome do senhor, você está de joelhos e com as duas mãos apoiadas na cama, sua alma dói fazendo com que não sinta o chão, milhões de dedos apontados, eu enfrento demônios com dedos apontados, de língua afiada, meu Deus você pode me ouvir?
Eles jogam terra nos seus sonhos, o mundo é um cemitério de sonhos falidos, milhares de corações trincados, quebrados, você quer a luz, eles apagam as chamas, apenas vaga, apenas pisa, pra onde se vai sem sonhos? Até a onde aguenta? eu não sei, senhor você pode me ouvir?
Está difícil permanecer em pé, eles querem me ver humilhado, derrotado, é o prazer dessa gente podre, você disse ame uns aos outros, eles fecham as portas, porque senhor? Porque está fazendo isso comigo? Quando se é sozinho, é difícil manter a decência e não chorar, a vida bate forte, ela diz, desista, desista.
Eu simplesmente estou cansada, o senhor pode me ajudar? Todos esses anos tenho acredito no senhor, tudo que tenho feito é esperar em ti, quando será a minha vez? Meus pés estão cansados, minha cabeça pesada, olhos molhados, a fé é grande, não me abandone, sou humana ridícula, preciso de provas, isso não é um choro, nem uma reclamação, eu estou te chamando, eis me aqui, me cure, cuide do meu caminho, abra todas as portas para os meus sonhos, concretiza, realiza.
Eu quero dizer aleluia, essa é uma carta para o senhor, meu Deus, meu pai, senhor eu atrapalho? Tem um tempo pra mim? Eu não sou Jesus Cristo meu senhor, não aguento a minha própria cruz, me dê força, me ajude a passar. Todo mundo diz acreditar, mas os dedos estão cruzados, ninguém quer aqui desafiar a solidão, o seu santo sagrado nome em vão, dê uma última olhada nessa oração.

Não você não tem culpa dos erros do mundo, quando o jogo virou e me apontou pra você, eu já estava corrompida pelo medo, as pétalas da rosa que cai no chão, um dia tiveram vida, querido não somos rosas para ter pétalas, mas eu posso sentir os espinhos nos pés, nas mãos, espinhos cravados na lembrança, veja a sua julieta está sangrando.
Um coração sangrando a cada promessa quebrada, velas acessas para um amor que nunca veio, orações para o acalento que não chegou, o que veio, o que chegou, foram silêncios, então o vazio é minha cela, um convite a loucura, está feito eu e a solidão nos sentamos confortavelmente nessa madrugada, silenciosa e sútil me oferece um café, eu aceito, na borra está escrito lembranças, eu bebo minha incapacidade, sinto meu medo a cada gole.
Minha mente agora é um labirinto, sinto cada espinho, todas as pétalas vão caindo no chão, uma a uma, só desejo que seja devagar, porque eu aprecio as rosas.
Querido, eu estou a meia hora de você, não eu não estou pronta, nessa madrugada, meus pensamentos vagueiam em sua direção, eu estou quebrada e acabada, mas se quer um amor covarde e medroso eis me aqui.

Eu não sei desfazer das pessoas, eu não sei viver cercada por muralhas, eu não sei deixar de dar chances para as pessoas, eu não sei como deixar de recomeçar, eu não sei só pensar em mim. Eu não sei abandonar o barco, não aprendi a desistir das pessoas com essa facilidade, todo mundo tem direito de errar, de reparar, seja lá quantas vezes tenhamos que rodar em círculos para acordar na curva do erro, ou na pedra que vai tropeçar pra ver onde dói.
Não aguento conviver com o egoísmo, eu quero dar as mãos, eu quero recomeçar, quero olhar pra fora, olhar nos olhos, quero dizer você pode contar comigo, vamos mais adiante! Quando chega os momentos difíceis, é onde eu vou estar, lá naquela discussão, naquela confusão, eu não desistirei, transpassarei de uma situação para a outra, momentos difíceis não me fazem ir embora, eu tenho uma capacidade enorme de amar, eu tenho um coração maior que o meu.
A misericórdia, o perdão, é minha meditação.

...

Se quiseres uma amante, farei tudo o que me pedir, se quiser um outro tipo de fantasia, eu usarei uma mascara por você, se quiseres uma amiga, você tem a minha mão, nos seus dias de raiva, estou aqui também, eu sou sua mulher.
Se quiseres me levar a um passeio ou apenas caminhar pela areia, você pode, quando sua vontade for ficar sozinho, eu desaparecei por você, e se tiver que dormir, eu farei silêncio por você, se precisares de uma médica, eu examinarei cada centímetro do seu corpo, se precisares de uma psicóloga, a atenção é toda sua, se é de uma motorista que precisa, entra.
Ninguém recupera ou conquista alguém pedindo de joelhos, mas eu me rastejaria por você, cairia aos seus pés, contemplando sua beleza, uivaria sua beleza, como uma fera no cio, me agarraria ao seu coração, pediria por favor.

Foi quando no seu abraço eu não me senti aprisionada, dentre tantas coisas pontuais, presa por vontade, de uma forma sublime me ganha, me prende, dos seus defeitos, do seu edifício inteiro, dos meus defeitos, todo o desconcerto, tu és o sol dessa manhã, tarde e a noite inteira, tem toda as facetas, tu meu bem, consegue ser lua e sol, todo o pôr do sol, tem todo o brilho, é meu esconderijo.

É estranho que dar o coração pra alguém, é trazer alguém para morar dentro do seu, é um acordo doido feito do seu coração e sua mente, sem garantias nenhuma de que você também vá morar no coração desse alguém, você coloca sem pedir consentimentos, não existe condições externas que possa controlar isso.
É doido pensar que quanto mais você ama, mais entregue você é, mais seu coração pertence ao outro, você se entrega, sem pedir permissão, passa a pertencer ao outro, mas é tudo entre você e você.

O que foi? O gato comeu seu cérebro?