Coleção pessoal de fabricio_medeiros
Vou pra Minas apanhar Tanajura
Que é fim de outubro
E 'cê jura que eu aguento tanta saudade de casa?
Se num quer ficar só, vem comigo
A gente vai comer mingau de milho
Pescar dois lambari naquele riachinho.
Vem que lá cabe 'nois' dois
Ou então deixa estar
Que la deve ter chuva e ainda tá frio
Não é julho, mas sei onde tem fogueira pra me esquentar.
São João não me deixa na mão
Mas se não tiver tem cachaça,
Cana, uns trem assim amargo que esquenta o peito quinem quando a gente ama
E o que não falta lá é amor, sabor
Que o coração fica maior que manga
Espada ou rosa.
Em Minas quase ninguém chora
Se tem algo que o meu povo sabe,
faz direitin
'inda ensina é amar.
Então você diz que não, nada no mundo vai te fazer superar aquele amor, nada no mundo vai te fazer esquecer aquele sentimento, que nada nunca mais vai te tocar, nada nunca mais vai chegar ao seu coração daquela mesma forma, e que essa história de tempo é falsa, que pode até ser que o tempo passe, mas você vai ficar pra sempre assim, doente de amor.
A verdade é que você não sabe nada, você não entende nada, você só se permite sentir e sente demais, você se joga nas suas emoções e não se preocupa em regrar, em tomar cuidado.
E o tempo passa, o tempo vem e te cura contra sua própria vontade, esse seu amor logo muda e você sente por outro alguém mais do que sentia aquém.
Eu prometi que ia parar de beber, que ia parar de fumar, que ia passar mais fins de semana em casa com você, que íamos ter o nosso tempo, que seríamos quase sempre você e eu. É engraçado que você me fez ficar, só que agora eu tou pulando de bar em bar, queimando um maço atrás do outro, meses sem dormir uma noite inteira, tudo isso também por você.
Sabe?, é que isso não é vida, eu não tou vivendo, e você mesmo dizia que só vale a pena viver se alguém te amar. Bem, eu tou respirando.
Hoje é dia 24
É não importa o que eu faça
Ainda são sete dias pro fim desse mês inacabável
Eu fumo uma outra marca de cigarros
Pra queimar assim outra classe de palavras
Advérbios, substantivos substanciais
Eu me cansei de usar metáforas
Elas não falam mais por mim
Se bem que já não importa mais o que eu falo
Hoje é dia 24
Sigo a vida contrária, melhor compassar meus passos
A vida passa, só esse mês que não
Esse mês ela quer que eu fique
eu disse eu te amo pra tantas pessoas
uma delas foi embora
outra morreu
outra está à beira da morte
dentre todas essas a que mais me amou
fui eu.
Eu nunca quis que nos tornássemos esse tipo de histórias, a qual só se conta com um cigarro em uma mão e uma garrafa de cerveja na outra.