Coleção pessoal de fabricio_hundou
VOA QUEM PODE CA(IR)
apesar das razões do teu ímpio
tenha fé
nade mais
perdoe o escafandro
respire se gritar
sol deduz teu sorriso
morne a lágrima
faça um chá
cafuné lhe faz tão bem
golpeie o dedo / chupe o sangue
havendo outra dor: enfrente e estanque
a quarar bandeira branca
Òsàlá paz em abundância
vivamos + unidos
voa quem pode
ca(ir)
sambar
pra pedir o sol
chamai ao vento
relacionar-se bem
Tempo ao Templo
a mãe de Santo tá com calor:
vai chover
em meu Terreiro
a mãe de Santo tá com calor:
vai chover
em meu Terreiro
RASTRO
o rastro é
valor inestimável & particular
do itinerário percorrido
incessante só mesmo o que ainda pode ser aprendido
não há diploma pós-amor
não (ar)
indenização emocional
no próximo dolor
havendo expansão
cicatriz é outra
coisa
8ITENTA POEMAS PRA LUA
não trouxe os fones de ouvido
só enchi cinco dedos d'água a garrafa
carrego mudas de jibóia no colo
y uma tela de várias polegadas
no fundo do ônibus
transmite a Lua Cheia em Câncer
enquanto minha saudade-praxe
some na escuridão marítima
aparece numa poesia desconexo
contente ao
ermo
VÁ (5X)
porquê não demoras
o en(canto) é veloz
sonhar é o orgasmo
a flecha que dispara cega
acerta a c'alma
à paixão se entrega
o coração sagitarianamente palpita em:
vá vá vá vá vá!
y o cérebro-pedra-bruta silencia
Capricórni'agoniza
castra
acolhe
deseja prioridades
um calor beijado
você
você
Lua
Fabrício Hundou
QUERO SER CADA VEZ MAIS TARTARUGA
Fui mergulhar.
Inaugurando o Solstício veraneio, experimentando as folhas da nova idade, em uma tarde na praia da Gamboa - uma das que tenho afeto/admiração - pedi Agô às águas da Baía de Todos os Santos y me lancei às correntezas. Quando ao sol em queda tocando o líquido infinito, eis que vejo uma tartaruga marinha a se alimentar.
Receptor de todos os símbolos que sou, tomei logo como dádiva. Naquele instante, eu também era tartaruga marinha. Meu casco, ainda que duro, levitava submerso. Meu fôlego de caçador se qualifica a cada mergulho profundo. A solitude da tartaruga me deu coragem para mais. As minhas fomes também me exigem apneia ou a calmaria só me seria distância.
aproximAR
ora as frestas das pálpebras
a vassoura não alcance
uma lufada - epahey-vento (de dentro) traz à Virgem enquanto Lua
a crítica
crua, nua, vegana
racionalmente água
filha de pedra
sabe
com uma linha da mão
coser retalhos prum vestido que será trajado em sua casa limpa
pós faxina
onde coração y pés precisam se aproximAR - não tão coletivo
Acuário sem seus delírios
o
fôlego
é um timbre
próximo
MÁSCARAS Y BOASCARAS
algumas caíram na primeira lufada
pelo desuso uma dessas foi guardada
a que caiu nunca tentou ser segurada
lantejoulas y band-aids
reparos pra novas datas
máscara do Máskara e qualquer objeto pude ser
dia que fui átomo/resma/abridor de lata
fui botão namorei zíper
cansei ao experimentar espelho
do hedonismo
ao tédio do desejo
máscara de gás y às tiranias não temi
ladrei / militei
dei às ruas cortisol / rebeldia / nem pleito eu tinha
justiças lacrimogêneas ainda assim
me feriam
máscara de Maragojipe para as tradições que
que adornaram as minhas sábias alegrias
ápices carnavalescos
amores que disfarço em frágeis fantasias
máscara cirúrgica - na Gira / na crença (eis anestesia)
estou quase pronto pra transmutar
um corte na terra
a raíz da história se aduba no mesmo corpo-lugar
máscara de argila a beleza de se cuidar
eperiquitar-me todo
as manchas de juventude
cada trecho é um conto a se contar
máscara balaclava talvez me atice
ao assalto da mão-amada - roubar pra ler?
não me reconhecerão suspeito
roubar o tempo da paciência
inocento-me pra aprender
máscara de oxigênio em todas as circunstâncias
que a teimosia de não praticar
diariamente pranayamas
evitar tabaco / lactose
lembrar que meditar é uma simbiose
do fora pra dentro
a mudança é de dentro pra fora
sem máscara sobrevivo
sou poeta que
sobra
DIÁSPORA UM BANZO
qualquer y toda penumbra do que não se vê
intuir pode parecer alucinação/delírio instintivo
diáspora é um banzo
saudade esquecida
aguarde!
vamos conversar...
cessar as fantasias do que é y o que até pode ser - mas não agora
ser livre é um estado emocional,
ser livre é um cálculo do corpo (presença-ausência do outro)
deixar que amor possa multivibrar
na incosciência
da
coisa
cuando algum esforço estiver longe
ao limbo do que é sono-vigília
diante à légua mensurada
sob à Lua vazia
numa tarde em que
só o mundo
gira
gira
sem crase
desapego curado
BR(ASAS)
soubesse
bulevares de vento
avenidas y tantas chances
o céu lhe guiou para o vigor
a sorte lhe quer muito amigo
a estética da liberdade: teu estudo
mapa astral artesanalmente feito
arquétipos de mil outorgas
Obaluaiyê asseia tuas asas
brasas / brasas
te aprimoras cada vez na saudade
meu cuidado é a declamação
nosso amor está
na
coragem
TUDO OU NASA
a distância equivale ao peso no teorema astrofísico dum corpo em relação ao outro
no espaço em que saudade é fenômeno
legitimado pela NASA
vist' a olho cru
sob a tese da reatividade geral
cuja velocidade - em Áries -
é anti gravitacional
anti racional
mais poema
do que
ponto
CEGA
tenho da harmonia
um trilho
aresta
percurso as cegas
cílios que caem (outono)
sotaque da gente que me cerca
peixe elétrico: desfibriladores
crase dando ar à pedra
las dores de un ninho
que sabe fazer casa na distância
y braço de sofá
em todo um colo
que
rejeita
P[R]O[BL]EMA
nenhuma técnica/método
receita bulário
segunda via feita a papel carbono
xerox reconhecida em firma
rúbrica a punho
sequer ensaio para a cegueira
qualquer poliqueixa minha
qualquer cólera
qualquer resultado
não é mais que
poema
único num
teorema do exercício de ser
todo dia um poeta que firula
a inquietação
condicionado à metáfora
programado em rima
aos vocábulos que rodeiam:
sou quase todo ilha