Coleção pessoal de FabiolaDantas
Gosto de escrever sobre o que interessa
Partilhar idéias, sem pressa
Como quem tira um som da vida
E segue a rima na batida
Voar no próprio pensamento
Sem falar do óbvio
Só das coisas que invento
Crio no palco do mundo
Pessoas e coisas que são minhas
Sons que ouço e reproduzo
Articulo com o ritmo da vida
Assim sou musa e também poesia
Nessas letras que discorro
O próprio som e a melodia
Não entrego tudo
Mas algumas doses por dia
Um pouco do que sou, eu dou
Só pra ver sua alegria
Quando nos conectamos com nosso Deus
Extraimos o melhor de nós,
Transbordamos amor
E a vida se multiplica
A carruagem
Tomou para si
Num intrépido frio gelado
Em meio ao sol do verão
E que só se sente na alma
Devolvemos a matéria
De um pedaço de nós
Perdemos o abraço
Do menino do sorriso largo
Agitador de várias paradas
Levado, mas sempre educado
Fez a gente perder a linha
E passar a noite acordado
Deixou-lhe o sopro da vida
No berço dos excluídos
Onde a mãe chora e a vó que ora
Vê seu mundo perdido
O fel amargo da perda
Estampa em cada rosto
A dor e o desgosto
De despedir-se do menino Léo
Enlaço o amor em letra e melodia.
Nascendo em mim a composição
Como notas que caem do céu
Transforma dor em alegria
Quem dera tivesse o poder das palavras
Pra fazer acontecer o que ouvi do coração
Que não houvesse dor na ausência
Que o pranto fosse só de alegria
Que mesmo a noite pudesse ver a luz do Sol
Brilhando em terra fria
Tivesse eu poder sob a tempestade
No comando da minha voz
Ela acalmasse
Fosse eu vento soprando
Levando a maldade
Mesmo em profunda agonia
Na canção falada a palavra
Dando origem ao que da vida grita o
Coração
Abracei o caos
Aceitei a dor
Não sou mais uma lua
Tão carente de calor.
Da solidão extrai solitude
E tudo dentro de mim mudou
Feliz sim!
Hoje sei que sou
Encontrei em meu próprio destino
A chave que me libertou
Abri a porta
Revivi
Então eu vi
Que há muito mais luz em mim
Que não sou nenhum satélite a ser iluminado
Que a luz do Sol está dentro
Não ao lado.
O Samba significa a identidade
Somos parte dessa arte que expressa infinita possibilidade
De manifestações que compõe a história
Da nossa história, dentro da história
Da formação de papel transformador na sociedade
Do protagonismo que dá tal liberdade.
Dedicamos ao samba essa homenagem
Pra que não seja esquecida nossa gratidão
Pois foi nos tambores que encontramos razão
Viva o samba hoje e sempre, batucado!
Eu sou o samba
Nascido no berço da dor
Batuques revelam quem sou
Sou a força que faz resistir
Quando o corpo quer sucumbir
Sou quilombo e abrigo pois trago comigo
A força de Zumbi renascido
De Palmares a luta do guerreiro
Nascido e criado no chão brasileiro
Berço e escola esse grande terreiro
No canto, grito libertário
Sou madrigais, canção da madrugada
O gemido aflito da alma açoitada
Prazer,
Eu sou o samba!
Não vou entrar nesse jogo de palavras
Em que a verdade da escrita
Esta na inversão do pronome que da sentido.
Esconde a vontade reprimida escrita na dor,
Solta inverdades ao ventilador
Alimenta o ego pra aliviar a dor
Mas não mostra o real pensamento, Suprimindo a verdade do amor.
Nenhuma habilidade que se desenvolva determina o caráter e honestidade de uma pessoa. Geralmente tal propensão costuma mascarar a ausência dos dois.
"Quando a arte penetra em sua totalidade e atravessa o que existe inexplicável extasiando a alma na completude de si mesma,
O saber com seu poder liberta o preconceito e expressa a essência de nossa existência
É quando estamos sozinhos, o naufrágio da dor quer nos afundar e encontramos nas profundezas o impulso para emergir, retomar o ar e recomeçar."
A solidão amiga do poeta
Traz consigo o som
Das vozes que o cerca.
Surgem cores, sabores
Dores, dissabores
Furta o afago
Deixa amargo
O gosto inebriado
De sua amiga sincera.
Deus que conhece sua obra
Revela sua criatividade em nós
Qual imaginação perfeita produziu.
Com mãos talentosas conduziu
A criação da vida em cada detalhe.
Observa cada passo
Acompanha cada gesto
Com sua presença bem de perto
Achando bela e graciosa
Sua arte, escultura
Não importa como esteja
Seus contornos como a fez
Ele aprecia, se aproximando
Diz a ela: Na solidão sou sua melhor companhia, para lembrar que és obra minha e que as vezes deixo-a só para que possa me ouvir.
Com o tempo aprendemos a reconhecer o nosso valor
A olhar pra dentro e saber o que é beleza interior,
E enxergar seu próprio brilho mesmo que obscuro seja o exterior.
Não sabemos como, mas a claridade é dom superior
É apreciar com doçura a volta da vida por amor
Refletindo a imagem da alma que desfaz todo feixe de dor
Reluzindo seus raios de sol multicor
Libertando o interior como o voo do beija-flor.
Indague, se clarifique
Melhor do que um mar de lágrimas se afogando no silêncio da incerteza, a zona de conforto nos esconde as soluções...
Se existir dúvida nunca haverá certeza!
Essa lua tão linda é a única que consegue apossar-se do brilho do sol antes mesmo do tal eclipse, sem saber que ele por amor cederia todo seu reluzir mesmo sem ela pedir...