Coleção pessoal de FabioDiRocha

Encontrados 5 pensamentos na coleção de FabioDiRocha

⁠O ABISMO ENTRE A TUA IMAGEM E O MEU REFLEXO QUEBRANTADO

Fragmentos passageiros não matarão o que sinto tão intensamente
Apenas afastarão pequenos sotaques que já não servem
Pra isso teremos de correr altas cordilheiras
Para permanecemos no mesmo lugar
Estar no incandescente toque de mãos que só os ventos uivantes conseguem
E também sermos logo…atingidos nesse exato momento pela plenitude das cores
E quiçá…do sentimento de vibrar...
Salvaremos esse bom encontro da incompletude
Da recusa e da reatividade
Do esperar que nunca chega
Do admitir insalubre
Do enlouquecer desembestado
Do desenfrear silencioso
Do possuir e do passar
Da apatia e do sorriso de ir embora
Salvaremos a destruição de um tão lindo gostar de estar tão longe, tão perto
Justo porque você é minha libélula
E eu…um rosto suado de sangue em fim de guerra…
Depois de tudo isto e aquilo….ainda desejarei teu rosto em meus sonos
Tudo em apenas um único dia
E se você quiser ir a algum outro lugar
Que vá pelo menos duas vezes mais depressa
Pois estou na ontohistória….apenas durando na eternidade da substância
Enquanto a fagulha desses tantos amanhãs que nunca chegam explodem
Um verão de manias e lembranças intensas de nós dois se expande no ralo de Deus….
Esqueço tudo de profundo e alto
E trago essas linhas de espumas flutuantes
Para só lembrar de teus olhos de caramelo a me fitar em gelos tão calorosos
Te amar é impossível
E é isso que busquei a vida toda….

⁠PONTO E VÍRGULA NO ACASO

Vamos então tentar e ver o que acontece
Pois quero encontrar apenas os que se sintam
Tocados pelo sangue, fluídos e cântico negro nos lábios
Vamos então tentar e ver o que acontece
Apenas o momento em que o velho sonho
Torna-se uma outra tempestade
Vamos somente os que carregam um peso
Que anule a eternidade imutável das coisas
Os que dizem aqui e agora
E sentem a cada passo um golpe de vento no rosto
Vamos então tentar e ver o que acontece
Aqueles que têm nas entranhas uma animalidade mutante
e são hábeis em esquivar-se
Vocês que desistiram do para sempre e desde sempre
E sem nenhum apelo às recordações
Vivem um milênio em explosões de lenta combustão
Vamos então tentar e ver o que acontece
Subir bem alto na torre de televisão
Para um olhar mais amplo nos teus estranhos lugares
Pois não dou a mínima para os que querem ser
compreendidos...
Só me venha os que se entregaram aos seus desertos
Vamos então tentar e ver o que acontece
Nós, os porta-vozes da agonia
Os que afirmam a divergência
E se esbaldam no descentramento
Os que sentem a gravidade de carcará
Aqueles que se interessam pela suculência do andar
Os que vivem de flores e pássaros
Aqueles que colocam a montanha no topo das coisas
Vamos então tentar e ver o que acontece
Somente os da chama incorporal
Os intensos em termos de afetos
Apenas os que encararam um banho frio na madrugada
E os que descem suficientemente fundo para
Alcançar a superfície veloz da alma do osso
Vamos então tentar e ver o que acontece
Alguma coisa incompreendida no que venha a ser
Vamos absolutamente ficar sobre ela
Chocá-la como a um ovo
Tentar ,um instante que seja, as torrentes
Distante dos nossos aposentos
Vamos, os que podem, num piscar de olhos...
Sem memórias, costumes e leis
Somente com as nossas pontes
Vamos de passagem...e nada de interiorizar a dor
Sair num continuum de movimento
E me traga na mochila apenas os fluxos emergentes
E novos jeitos de experimentar
Vamos logo se atirar um no outro
Dando linguadas e limpando o vazio à nossa volta
Vamos então tentar e ver o que acontece
Você que tem o espírito de fugir
Você e seu devenir ilimitado
Você que subverte as alturas
E instaura o caos no corpo
Pois quero apenas o mergulho com os que têm um segredo anárquico e romântico do lado direito do peito
E um vício inocente por destruições e abalos sísmicos
Vamos então tentar e ver o que acontece
Se teu vento se vem e se vai sem pedir licença
Vamos...apenas os que deixaram de opinar
E os que chegam atrasados e nunca vão adiante
Pois só desejo o frêmito que me causa
A incontrolável ardência de bocas cerradas
Pois só acredito nos estranhos
nas locomotivas...nos cavalos...
Nos que se cansaram das expressões e aparências
E fogem, fogem, fogem da languidez e paralisia
Naqueles em que o ódio é muito mais que uma munição vazia
Nos que desacreditam da morte
E naqueles em cuja estação dos pés...todos os alvos já foram abatidos
Nesses que agarram e se enroscam na crista da onda sem nunca olhar para trás...
Nos sedentos pelo fim de partida
Calma! Isso é apenas o começo da estrada!
Tem sempre algo mais
Não se deixe capturar facilmente
Minha loucura irá buscar esses espaços quaisquer
em que face a face estaremos rindo
e atravessando todos os vales e lágrimas...
Pois as solas de meus pés também estão sensíveis
como se fossem fios elétricos..
Por isso vamos tentar e ver o que acontece....

⁠GEOGRAFIA IMATERIAL DA ESTRANHA LISTA FEIA

Ação!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Em um lapso de olhar meus orgãos de sentir
estavam sôfregos com tanta estranheza
Pobres Coitados ! Perderam as ilusões e a insane loucura
Nunca saberão que enxergar é inventar o infinito
e ainda me perguntam onde fica a árvore sagrada
das goiabeiras celestes e cerejas divinas?
Quer chegar lá?
Faça um close no intempestivo
Sabe o caminho?
Panorâmica no submarino estratégico da baía
Como assim…o caminho é o caminhar?
Veja um ponto fosforescente
onde toda a desrealidade se reencontra
chegando lá vá mais adiante e não se atrase
ao ver uma pele roxa desenhando cosmogonias individuais
não saia daí jamais…
somente se outra rosa silvestre tocar-te a superfície…
Em um giro-zoom o seu entorno monótono
o coro normatizado e descontente
retornará à tela do cotidiano
com suas aninhas e seus rosas encabeçando os papéis
e tantas outras pedreiras alimentando o desassossego
E já não haverá qualquer insert
que nos faça imaginar terrenos intensos
E dizem por aí, pelo dois de julho
que ainda seremos punidos e envergonhados
Pelas nossas virtudes
Enquanto os vícios e maledicências prosseguem
Com um líder cachorrão
Quem?
Aquele que me sugere em planos escondidos
De lapas fingidas e falsos alagados
Qual?
O que pinta as minhas unhas decepadas
com esmaltes de dor e ressentimento
Não me faça vedete da sua ignota irresponsabilidade civil…
Ainda que a hombridade se envergonhe nos bits da mordaça
E a vontade abandone
Nos bares entupidos de haitis
Tempestades estáticas e bestiários humanos
Ainda que as zonas de fratura de outras lisboas
E a vacuidade da droga Dourada…
a esperança dos ribeiros das velhas vilas
E das josefinas pouco educadas
Mostrem-se grávidas de medos e tristes paixões
Ainda que possamos intuir
o cinismo e a velhice dos encontros nada satânicos
e a frágil paralisia inventando uma macropolítica de indecisões…
ainda que o lento traveling do meu modo rochedo de existir
insira no osso e na pele encardida de uma memória física
a lentidão da cultura de butique arruinada…
devo insistir que o daltonismo…agora leve miopia
prossegue mundo afora…
e não é exagero algum
preferir ainda e sempre a essência
da pobre solidão povoada
aos abastados signos de uma Bonfim de infâmes
atordoando esse poema menor…
Corta!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Entre o corte brusco e a ação de tripé…
Entre as caras excusas
Que escondem a incompetência sobre o véu de homem-mídia...
E um passado de toupeiras
continuo desejando outras suavidades…
e bordejando em rios pós-quase nada
na repetitiva cidade dos cabotinos famintos e engessados….
Enquanto isso…
a lista feia engorda a nossa
nada estranha geopolítica imaterial…

⁠Esse CINEMA é mais que um decalque de gritaria, um delírio, e não há delírio que não passe pelos povos, pelas raças e pelas tribos, e que não habite a história universal….e nisto jogo o meu destino entre os dois pólos do delírio...O delírio como doença, a doença por excelência, quando erige uma raça que se pretende pura e dominante (ou um cinema coletivo de forças), mas ele é a medida da saúde quando invoca essa raça(esse cinema) bastardo, que não pára de se agitar sob as dominações, de resistir a tudo o que esmaga e aprisiona, e de se esboçar enquanto fundo no cinema como processo...

⁠Nas vagas do silêncio, o abismal do ser...um precipício entre o que você gritou e o que nunca outro alguém, nem nada escutou...salvo as flores, os pássaros, as montanhas...essa incompletude de nós...