Coleção pessoal de fabiane_silva_2
Parecia que era um encontro de várias vidas.
Nos sentamos na beira do lago.
Você passou óleo nas minhas mãos enquanto eu estava com a cabeça nos seus ombros cheirando seu cabelo.
Você soprou rapé no meu nariz e desceram as lágrimas.
Eu parei um instante e pensei na teoria da relatividade que diz que quando estamos com uma panela quente na mão, um minuto parece uma hora.
Mas quando estamos perto de quem amamos, uma hora parece um minuto.
E eu coloquei o ouvido no seu peito e ouvi seu coração.
Pedi as Deusas que aquele minuto fosse uma eternidade.
E foi, no seu devido tempo.
E olhamos o formato das nuvens numa tarde que parecia a quinta dimensão.
Nos levantamos.
Eu eu te dei um abraço e me despedi.
Tanto tempo por um segundo.
E naquele minuto fez tanto tempo.
E você se tornou um monstro.
Um animal predador que sem a menor noção do que faz, me engoliu e me cuspiu como um vômito. Indigesto.
E hoje eu entendo o sentido da palavra Ubunto.
Eu te vi. Ubunto!
Depois de tanto desejar aquela luz eu vi que fora dela você não passa de escuridão.
Porém desejo que em outras vidas nossas luzes se cruzem novamente e como uma bomba atômica haja luz em nossos corações.
Ubuntu FF
autor
"Carta para um estranho"
Me deparo com o olhar vago, por entre devaneios e sorrisos – estupidamente – bobos, sem conseguir explicar o quão bom é ter te conhecido – mesmo que informalmente – mesmo que por métodos artificiais – uma pessoa assim, completa de si. Verdadeira!
Contigo desfiro sorrisos que estavam guardados e empoeirados num pote abarrotado de frustrações. Daqueles que dão vontade de desenhar com giz de cera no papel bandeja de um restaurante de esquina. Daqueles que dão vontade de aventurar-se na cozinha e preparar um prato diferente ao som de Djavan. Sorrisos esses – que são seus – são meus – são nossos!
Sei que muita gente deve me achar a mais completa idiota, eu dou razão!
Por senso de sociedade, isso é fora do comum, fora do contexto de “vida certa”. Mas para ser sincera, estou pouco me importando com a opinião alheia. Você – em pouquíssimo tempo – está me fazendo um bem enorme e isso é o que mais importa.
Julguei-me tão impenetrável, e me deparo – aqui – agora – em situação imensurável.
Esse acontecimento me despertou a vontade de um gostar simples, que há tempos não sentia. Um gostar daqueles rotineiros e apaziguadores, bem cadentes de nós, bem gostoso, bem simples…! Sem joguinhos premeditados, ou teorias.
Sua perturbadora suavidade me fascina, me deixa completamente encantada por sua perfeita imperfeição. Imperfeição – perfeita para alguém como eu. Perfeição – que preenche as lacunas entre meus defeitos e efeitos.
Por fim, meu sorriso contigo sempre será inédito. E moverei montanhas, para que essa coisa gostosa seja mútua. Seja nossa!
Estranho meu.