Coleção pessoal de EvertonArieiro

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⁠Temos um cuidado enorme com o pecado, porque queremos morar no céu; então nos tornamos “Santos “
Mas antes disso, temos que viver na terra, e por isso precisamos da ética.
A falta de ética é um “pecado”, e não é possível ser “santo” se não for ético.

A necessidade resolvida faz com que muitos digam "adeus".
A necessidade não atendida também o faz.
Ser querido é diferente de ser necessário.

⁠Como é linda, a morte!
Por controverso que seja, o pensamento procede.
A morte ressuscita virtudes;
A morte faz amigos;
Ela coloca fim aos desafetos;
Aos mortos fazemos os elogios que jamais fizemos aos vivos.
Linda é, apesar de extrair lágrimas, ela faz refletir como não se faz na vida, na saúde.

⁠Um homem do interior fez uma viagem para comprar uma máquina de lavar para dar de presente à sua esposa.
Quando chegou na cidade sua bonita descolou, e ele precisou comprar uma cola, e colá-la.
Feito o processo de colagem foi à loja, olhou a máquina que queria, tinha uma última unidade, e por não ter a caixa o vendedor se dispôs a dar um desconto de 30% (trinta por cento).
No caminho de volta um pneu do carro furou, e ele teve que parar num acostamento e usar o estepe do carro. Então por volta das 17 horas estava em casa.
Na hora que o filho mais velho foi ao carro para tirar a máquina, ele bradou: "cuidado com o que vai fazer! Hoje estou numa onda de azar muito grande!"

Ele havia saído para comprar uma máquina e o fez; ele foi à cidade e voltou.

Onde está o azar?
Botinas descolam e pneus furam mesmo em dias de sorte.
Precisamos valorizar as outras coisas do dia ao invés de focarmos na botina e no pneu.

⁠Entre tantas coisas, o ser humano vive a fazer contas.
Conta dinheiro, conta pessoas, conta acréscimos, conta perdas; conta pessoas como se fossem dinheiro. E nessa forma calculista, fria, subtrai anos sem saber o valor humano, apenas a conta do que elas podem acrescentar à expectativa criada. Seleciona-se grupos de X pessoas, com X qualidades, para se ter o que se quer. E o resultado é uma sociedade fria, calculista e a cada dia mais individualista.

⁠Não se iluda com o momento bom;
Não desanime por causa do momento ruim;
É tudo vaidade; vaidade é algo que passa.

⁠Caso queiras regar uma planta, faça-o;
Antes de começar certifique-se de que ela está viva;
Caso esteja morta, não desperdice a tua água, nem o teu tempo.

⁠Ontem

Lembro teu olhar;
Aquele do outro dia;
Tua boca me beijar;
Meu sorriso de alegria.

Ontem teve a hora;
A de ter a companhia;
Foi difícil ir embora;
É que a noite eu passaria.

A boca e o sabor;
A memória do beijo;
O sentimento é amor;
A mistura é de desejo.

A lembrança faz sofrer;
A distância me destrói;
Minha vontade é de ter;
O amor que nos constrói.

Venha ser só minha;
Deita-te na mesma cama;
Em meus braços se aninha;
E diga que me ama.

Diga com o teu olhar;
Diga com o teu abraço;
Use a boca pra beijar;
Deixa o resto que eu faço.

⁠Os nossos defeitos são as nossas características que testam as pessoas.
Quem gosta de nós por virtudes, não gosta, na verdade.
Quem nos aceita, apesar dos defeitos, está apto a desfrutar de virtudes.

⁠Pensar positivo deve ser um exercício constante.
O negativismo nunca fará com que a vida tenha dó. A vida é do jeito dela, e felizes são os que a entendem.

A lei é se entregar;
É a regra para viver;
O único jeito de amar;
É ao amor corresponder.

Corresponder é a resposta;
A que quebra o silêncio;
Quem ama nunca gosta;
De dar ao rosto um lenço.

⁠Anoiteceu

Pode ser que eu adormeça;
Antes de você chegar;
Mas espero que eu mereça;
Teu carinho a me amar.

A noite já chegou;
De ruim é a distância;
Tua boca me beijou;
E isso tem importância.

Lembro o gosto do beijo;
O calor de envolver;
O teu nome é desejo;
Minha fonte de prazer.

Venha e chame o nome;
O nome que você me deu;
Me chame de teu homem;
Diz não me esqueceu.

Diz que a noite já chegou;
Que comigo vai sonhar;
Diz Que a luz se apagou;
Mas me ouviu a te falar.

Te falar sempre de amor;
Te falar sempre de paixão;
Te falar quem eu sou;
Te abrir o coração.

⁠Medo nas águas

Beto, o barqueiro, acostumado às águas do Rio Tapajós. Numa noite quente de setembro, em aparente calmaria, termina seu dia. No bar, senta-se em uma cadeira desconfortável, bebe um refrigerante em uma garrafinha de 600ml. Ele gosta dessas, a garrafa de vidro, que parece de cerveja.
O dia tem agora a calmaria, e é bom porque desde cedo o que passou nessas águas foi medo. Parece que o valor que ganhou nem é tão considerável levando em conta os contratempos do dia.
Na primeira viagem, às 6 horas da manhã, depois de 45 quilômetros pelas águas e quase 2 horas de trajeto, o vento agitou muito as águas, e o barco sentiu dificuldade em desbravar. A cada onda levantada, o Beto manobrava o barco para não bater de frente com as águas agitadas. E nisto, o barco se enchia de água, e o medo entrava junto, de maneira que os 6 passageiros gritavam a cada vez que uma onda se levantava. Ao avistar uma margem, dois dos passageiros pediram para descer. Desistiram de ir até o final da viagem.
Na hora do almoço, enquanto Beto amarrava o barco, seu telefone caiu na água. Enquanto tentava resgatá-lo – sem sucesso –, os ponteiros do relógio não pararam. Foi tempo suficiente para que o único restaurante do pequeno distrito de Fordlândia fechasse, e ele ficasse sem almoço. Comeu uma coxinha fria, com gosto de celular molhado, estragado, e de prestações a vencer.
Agora, termina os afazeres com a sensação de calmaria para seu dia turbulento. Pensa na terça-feira e na família, que está sem notícias suas desde cedo. Na hora que iria dar notícias, o telefone caiu na água e não funcionou mais. E pelo visto não mais funcionará.
Sentados em volta de uma mesa, à frente, quatro rapazes esperam a partida de Beto. Planejam ir de Itaituba até o distrito em que Beto encerra seu dia, Fordlândia. Um lugar pequeno, com muitas casas de madeira, suspensas, uma praia bonita, e duas pousadas, sendo que nenhuma delas tem televisão no quarto. Algumas construções abandonadas, projetadas por americanos, do princípio do século passado.
Os rapazes comentam o medo que passaram durante o dia, já na hora do crepúsculo, nas estradas de terra, quando o pneu do carro estourou, e o motorista, inexperiente, perdeu o controle do automóvel. Por um momento, todos pensaram que morreriam, pois em meio à poeira, só viam um par de olhos brilhantes se aproximando do veículo. Quando conseguiu parar o carro num cantinho bem apertado, o caminhão passou em alta velocidade, levantando mais poeira e sumindo no meio dela.
Pelo visto, tanto os rapazes quanto o Beto precisam descansar.
Um amigo, seu Neves, faz a carga no barco enquanto Beto espera. O desânimo é muito grande. O seu plano era esperar ali, olhando status no seu whatsapp, no smartphone novo, rindo de alguns, criticando outros. Tinha feito isso no sábado e gostou muito.
Neves grita, "Betão, tudo ok aqui".
Beto acena para os rapazes, que o seguem. Caminham em direção ao barco.
Ao chegar na embarcação, Beto fica olhando, sem coragem de entrar. Um dos rapazes chega a entrar, senta-se no banquinho duro, mais à frente do barco.
Neves, com muita calma diz, "É bom que tem quatro passageiros. Cada um segura uma alça do caixão. Quando chegar lá, leva para a igreja. A família está à espera do corpo, estava desaparecido nessas águas há uma semana."

O lenço

Todo dizer é pouco;
Queria dizer o bastante;
Não que seja louco;
Prolongar esse instante.

Buscar o olhar bandido;
Que não me permite viver;
Quer roubar meu ouvido;
Para ouvir só a você.

Faz tempo que não penso;
Há tempos não sou eu;
Apenas me sinto propenso;
A tornar-me tudo teu.

Cuido de mim para ti;
O coração te entreguei;
Não é cada um por si;
Embora não tenha lei.

A lei é se entregar;
É a regra para viver;
O único jeito de amar;
É ao amor corresponder.

Corresponder é a resposta;
A que quebra o silêncio;
Quem ama nunca gosta;
De dar ao rosto um lenço.

⁠O pior jeito de "politicar", é fazendo fofoca ao invés de política.
Política que destrói amizade, não é política.
Amizade que se desfaz por causa de política, nunca foi amizade.

Ama-se às pessoas
Ama-se ao animal
As companhias boas
Não esperam o natal.

⁠Há do lixo um forte cheiro;
Há no rosto muito choro;
Há nuns bolsos o dinheiro;
Há pedidos de socorro.

Quem és tu jurando amor?
E quais são tuas promessas?
Quem és tu espalhando dor?
Quem és tu vivendo às pressas?

O empreendedor

À beleza tu ofuscas;
Quando vens a caminhar;
O que tens são tuas buscas;
Só vontade de ganhar.

Tinha brilho bem aqui;
E moravam muitas flores;
Mas passastes e eu vi;
Não importas com as dores.

Onde está teu romantismo?
És tu mesmo conquistador?
Se o que vê é egoísmo;
E um estilo avassalador.

Há do lixo um forte cheiro;
Há no rosto muito choro;
Há nuns bolsos o dinheiro;
Há pedidos de socorro.

Quem és tu jurando amor?
E quais são tuas promessas?
Quem és tu espalhando dor?
Quem és tu vivendo às pressas?

Escreva tudo em teu livro;
Imite os sons da natureza;
Procure alguém que esteja vivo;
Mesmo cheio de incertezas.

Por que fulano é, faz, tem, e eu não? Fulano é melhor do que eu?
-Não.
-Fulano é fulano, e eu sou eu. Nem melhor nem pior, cada um com sua história, com seus fardos, com seus risos.

Em dias de silêncio, de aparente solidão, surgem companhias inusitadas, desvalorizadas em função de tantas ocupações, e de tantos afazeres. As palavras, usadas costumeiramente, em aparelhos eletrônicos, em papéis chamados de documentos, em notas chamadas de dinheiro. Porém, não observadas por falta de tempo. Por isso, ditas apenas de acordo com as necessidades e interesses, e bem pouco ousadas no que se diz respeito ao ser.
O ser que é alguém, o ser que sou eu, o ser que apenas é um ser. Que não se relaciona apenas com o trabalho; que não fala apenas sobre dinheiro; que não existe apenas para cobranças; o ser que é alguém, que espera mais do que a formalidade, mais do que a educação por obrigação; que espera a resposta que puxe outra pergunta; o ser que quer dialogar acerca de algo que não esteja na moda; o ser que sente saudade dos vivos, quando fala-se tanto dos mortos.
Há o ser que espera encontrar-se com as palavras bonitas, e carregadas de algum sentimento ofuscado em função do tempo, e da doença que tomou conta dos olhos, da alma e do coração. Há quem queira as palavras. Elas ainda funcionam, e podem ser ditas de forma a acalmar um coração, e a curar uma alma.