Coleção pessoal de ErnestWild
Deus e o Mar
Um mar celeste de calmas águas me clama
Adentro as profundezas e espero a calmaria me arrastar
A leve brisa noroeste bagunça meus cabelos, me sinto bem
Fica noite, tanto faz, a lua faz a água brilhar intensamente
Deixa estar, vem uma onda forte, lava minh'alma
Sei que tudo voltará ao normal, que a calmaria vai
voltar. Tanto faz, dia após dia somos levados pelo mar,
O difícil é administrar as ondas fortes, calmas, limpídas ou
imundas que lavam ou sujam o nosso corpo.
Algo unge sobre os céus, e de lá a natureza me recompõe
Saio do mar, Deus me segue, e sinto a força dele
Entendo o porquê dos bons e maus tempos
dos prazeres e desprazeres da vida.
Ele pega em minha mão e carrega-me diariamente
E através dele crio forças para continuar,
Amanhã nadarei em águas límpidas ou turvas,
tanto faz, mas saberei que ele estará lá.
As cores vibrantes se vão ao final do verão
As áridas noites de outono secam as
lagrimas da linda cerejeira, e restam apenas folhas secas.
Mês a mês, aguarda, silente, sem cores, sem vida.
Assim também é a vida da senhora frígida,
que há muito não ama ninguém,
e esquece-se das tardes lindas que um dia teve,
e aguarda, silente, sem amor, sem vida.
O jovem virtuoso descontente com o presente,
prende-se no futuro, passa a vida desbravando o novo,
mas enfim, ficará velho, frágil, solitário, e perderá o tempo, aguardando, silente, desesperançoso, sem vida.
Não se sabe ao certo o que aguardar, mas aguardamos diariamente, até que tudo se vai como se nunca tivesse havido, e perdemos o tempo de viver, amar, gostar, perdemos o motivo de existir.
Assim é a condição humana...