Coleção pessoal de Englevorin
Olhar de pôr-do-sol
Nas nuances cruas
De pôr-do-sol em êxtase,
Onde o misto do dourado
Dos cabelos ao vento
Fundem-se e convergem
No movimento aleatório
À paisagem.
Sobre o cume
De braços abertos
E olhar esguio como
Minuto ultimo onde
O sol toca a extensa
Linha do horizonte,
Como o olhar apertado
Do céu, que imprime
À terra o estreito brilhar.
Nasce o olhar, beleza única.
Acomete de vergonha
Já tão bela paisagem,
Mas hipnótico apelo
Em desordem mental
Fogem olhares, pensamentos...
Foge noção de espaço,
De tempo devastador
E vira ponto único
De olhar, de se admirar.
O dourado do sol e os cabelos,
A Matiz verde do olhar
E da paisagem ao fundo,
O azul do céu,
A visão do anjo Leuviah.
Fundem-se como
Imagem única,
Como foto premiada
De foco à protagonista,
Paisagem desfocada.
O magnetismo da íris
Atrai, mistifica, seduz
Torna o homem menino,
O cérebro inquieto
Em foco único.
Olhar felino esconde
Suave, mas intensa inquietação.
A paz no olhar antagoniza
A tormenta de pensamentos.
Externa olhar brando e amor,
Interna criticidade impiedosa.
Olhar, brilho de vida exterior.
Olhar, brilho entumecido interior.
Prova que a beleza do mundo
É incorreta, imperfeita.
Se perfeita fosse seria
O céu reflexo puro desse
Intenso e infinito olhar.
Perfeito seria por dar-me
O direito (em que a ele tenho)
De para o céu olhar e me encontrar,
Não só ocupar-me guardando
A mente os detalhes,
Com medo de não mais
Usufruir do que me inspira,
Do que me encanta e instiga,
Do que em curiosidade
Me dá ímpeto em buscar,
Só pela Matiz de seu olhar.
CASA VAZIA
Não há mais nada, a casa está vazia.
O ar empoeirado e a mobília desfeita
lembra que ali houve um lar.
O cheiro de limpeza se foi,
e de longe percebe-se o bolor
e teias que se acumulam em todo o lugar.
Se havia amor, ninguém declara.
Há um ruidoso silêncio em toda parte.
Existirá sempre uma pergunta no ar.
Quem seriam os habitantes?
E de onde vieram? o que sentiram?
Ficará sempre a pergunta e a dúvida.
Não havia nada escrito,
um diário, um papelucho que fosse,
Nada deixava rastro do que houve ali.
Sabe-se que a casa está vazia
E da história nada se sabe
porque ninguém se preocupou em escrever.
Valentina Fraga
Resposta:
Casa Vazia (cont.)
Não há mais nada, a casa está vazia.
Quem a mobilhou aqui não mais vive.
Quantos invernos por timidez do sol,
Quanta solidão por timidez de se amar,
Quanta indiferença onde deveria vida...
Não me importam as teias pelo descaso
Desde que a desculpa fosse o excesso
De olhar nos olhos, as risadas bobas,
A entrega no convívio intenso e vívido.
Quem dera a timidez fosse das palavras
Profanas que destroem ao invés de construir,
Que como marretadas fortes atacam
A estrutura e fazem das colunas
Que deveriam sustentar ruínas que
Mal suportam o próprio peso.
Quem dera as lembranças dos sons
Fossem acima de tudo as risadas felizes,
O trocar de uma cócega casual.
Me pergunto à quem ali morou
Porque não a facilidade com o amor
Como o eram com as ofensas, o descaso...
Porque não a facilidade com o plantio
Das rosas como era o pisar no jardim
Como se dele houvesse obrigação de
Crescer e renascer sozinho, como
Se pisado tivesse o destino insólito
De pura e simplesmente se superar.
Das paredes onde deveriam decoradas,
Vejo paredes vazias de quem sequer
Tentou escrever um história de verdade,
E sem a desculpa escusa da grana
Porque tão romântico ou bonito quanto
É o capricho da simplicidade e do
“faça você mesmo”...
A visão de ruínas cabe ao coração
Mal cuidado, onde de colocam-se
Todo e qualquer problema acima
Desse amor e desse zelar.
Coloca-se em risco o amor
Como quem por um formigueiro à porta
Da fortaleza enviasse todo seu exército
Em forma de kamikazes sem pensar
Que por detrás da entrega de cada um
Existe uma família que chora,
Filhos com lágrimas aos olhos
Por uma batalha que não entendem,
Mas por uma vida perdida pela
Honra do que se acredita.
A casa esteve sempre cheia...
Cheia do amor e do sabor dos sentimentos
Que sempre cultivei e servi.
Se hoje vazia o é pura e simplesmente
Porque a quem servia não deu-lhe valor
E passei a perder o incentivo de
Quem constrói, de quem zela,
Reforma, torna aconchegante.
Problema não é chamar uma casa
De vazia por que sempre em alguns
Momentos assim estamos,
Por mudanças, introspecção...
Problema é cheia ou vazia não termos
A boca cheia para chamá-la de lar,
Porque lar só é feito de verdade
Com o termo “família” aplicado
Mesmo que essa seja uma
Nova família.
Armando Moro
Ainda é tempo de dizer
que eu quero apenas o amor,
nada mais.
Apenas o amor, enquanto houver.
Sem papéis, juiz e testemunha,
apenas o amor,
nada mais, enquanto houver.
Antes que esqueça,
sem juras eternas e pactos de sangue,
apenas o amor,
apenas isso, enquanto houver.
Sem conceitos e preconceitos,
apenas o amor,
enquanto houver.
Quero a brisa no rosto
e mãos dadas, o olhar sem desvio,
e o amor, apenas ele, enquanto houver.
Quero tua pele colada,
e o fogo do amor,
Se houver e enquanto houver.
Quero tão pouco, tão simples,
se houver amor,
ou enquanto houver.
Valentina Fraga
Resposta:
Saiba que o querer
É almejar e receber
Ainda mais amor
Com intensidade e calor
Haverá sempre;
No cruzar de dois olhares
Na arritmia de dois corações
Nos lábios sedentos pelo beijo
No arrepiar da pele por um toque
No frio de barriga na entrega
No tatear o ar ao pensar em um rosto
No respirar em busca do perfume
No olhar a multidão buscando um sorriso
Na conjunção de uma música e um momento
No alimentar esse fomento
No converter-se adolescente
No disparar palavras irreverentes
No esquecer a censura
No fazer parte da loucura
No desvencilhar-se da clausura
No soltar da imaginação
Nas palavras nunca em vão
No lacrimejar de um olhar em saudade
No viver a espera e a ansiedade
No despertar toda a bondade
No porto seguro buscar amparo
No fazer da brisa da saudade reparo
No entender que no amor nada é caro
E com tudo isso não ter dúvida
Sobre o “se houver”
Pois em todos os momentos
Está presente.
Armando Moro
O que vejo? um retrato?
apenas um retrato, de traços lisos, papel apenas.
Lá esta você, e em outro estamos nós.
O que vejo? um retrato?
Apenas um retrato, a imagem eternizada, o tempo preso
num pedaço de papel, apenas.
corro meus dedos sobre a película, que já gasta pelo
carinho excessivo e totalmente inútil, pois, não
o sinto e não me sentes.
Reparo outras lembranças. Um papel aqui, outro ali,
muita palavra perdida pelos deletes da vida, muita
lembrança clara na memória.
Mas, ficam sempre os momentos de amor, do meu amor, do
que fui capaz de declarar com tanta dificuldade.
E apesar desse amor imerecido, que teimo em guardar
dentro do peito escondido, que é só meu, ainda amo,
como o primeiro dia, como o primeiro olhar, como a primeira
palavra, como as primeiras letras, como a primeira poesia.
Tudo igual, sempre igual, apesar da dor cortante,
sempre igual esse grande amor,
sobre o qual escrevo nesse instante.
Valentina
Resposta:
Retrato ou abstrato?
Papel em branco e traços lisos
De personalidade e traços inconsistentes.
Retrato ou abstrato?
Traços em grafite ou carvão
Esperando as cores da história
Pintadas pela convivência,
Pintadas e finalizadas pela reciprocidade.
Nada é perdido, nem palavras,
Nem tempo, nem lembranças
Ficam em traços claros como rascunho
Em forma pela insegurança da mão
Que sozinha desenha.
Ficam traços claros porque a insegurança
Não deixa que os traços saiam
Firmes, definidos, são uma sucessão
De pequenas semi-retas
Que como um tremor de Parkinson
Formam o retrato de um amor doente.
Se não plenamente, amputado pela
Mão faltante onde as lembranças
Em muito são de memória única
E nunca se completa o retrato
Que deve ser em Duo.
Sempre igual não é o amor,
Mas a falta de reciprocidade.
Armando Moro
TROFEU NARIZ DE PALHAÇO
Em alguns momentos, não em todos,
temos uma forte tendência de acreditar em tudo,
principalmente no grande vilão dos relacionamentos, o amor.
Essa tendência, normalmente nos leva a ficar vulneráveis,
e a acreditar em tudo que nos é falado, principalmente,
se o discurso parte de quem nos é caro.
Salta os olhos então, como se estivesse diante do grande público
dentro do picadeiro, encantado, com a graça
e inocência do palhaço, e por que não dizer
para os mais críticos, aqueles que vão no dever
de acompanhar, a idiotice estampada
naquela cara colorida, o riso constante de quem está feliz.
A roupa cheia de laçarotes estapafúrdios
com cheiro de suor de tantas apresentações consecutivas.
Cabe a esses que acreditam demasiadamente,
Utilizar como troféu na ponta do nariz
a grande bola vermelha, que lhe dá um quê de
bobo da corte, disposto a alegrar a plateia que o cerca.
Sim, é apenas mais uma etapa do grande espetáculo,
e novamente, pronto pra ser motivo de chacota
se veste mais uma vez para o show de horrores.
Acredito, sem sombra de duvida, que as pessoas mais
infelizes do mundo são os palhaços, que de forma
instintiva, desesperam-se na intenção de fazer feliz.
E depois do show, com as próprias lágrimas fazem
escorrer a maquiagem espessa, pra então cair em si,
e descobrir que a vida não tem nada de engraçada.
Valentina Fraga
Valentina!!!
Em alguns momentos, não em todos
Temos o dever e não o direito de acreditar
Em tudo o que as pessoas nos falam
E principalmente as pessoas de relevância.
Essas pessoas são as que nos fazem
Ao longo da vida entendermos
Os sentimentos como um grande
Picadeira e na verdade um verdadeiro show.
Não devemos atribuir ao amor tudo aquilo
Que o cerca e o que carrega consigo
Em sua intensidade, seja
A tristeza por detrás do
Vulgo palhaço feliz,
Seja a solidão em uma apresentação
Dramática de mímica de alguém que
Sozinho se expressa.
Seja na doma das feras do ciúme
Na doma da intolerância,
Da possessividade, do descontrole.
Seja no malabarismo dos passos
Em corda bamba para com responsabilidade
Não ferirmos a quem entregamos sentimento.
Seja como mágicos que entre os dedos
Fazem diabruras e nunca desconfiamos
Como conseguem tal efeito e hipnotismo
O que importa de verdade é que nesse
Picadeiro da vida, nós somos os
Donos do circo e ali se apresentam
Os shows que permitirmos.
Prefiro ser qualquer um dos acima,
Inclusive o palhaço, só não quero
Me divertir ou chorar como expectador
E não fazer nunca parte do show
Que o amor proporciona.
Armando Moro
RESSUSCITAR
NÃO CUSTA RESSUSCITAR
O POETA ADORMECIDO
POIS A MORTE DUROU,
O TEMPO QUE FOI PRECISO.
A VOLTA COBERTA DE AMOR,
E CHEIA DO TEU DESEJO,
TRANSFORMA EM DESPERDICIO,
MORRER E NÃO TER TEU BEIJO.
QUANTAS VEZES FOR PRECISO,
MORRER E TORNAR A VOLTAR,
DO SEPULCRO MAIS PROFUNDO
SÓ PRA PODER TE AMAR.
SE SOU LUZ QUE TE ILUMINA,
NÃO POSSO MORRER DE VEZ,
EI DE SEMPRE ADORMECER,
E TORNAR A VIVER OUTRA VEZ.
E PERDIDOS EM TANTAS LETRAS
VERSOS E POESIAS,
LEVAREMOS NOSSA VIDA
NUM SOMATORIO DE DIAS.
E ASSIM DEPENDEREMOS
UM DO OUTRO PRA VIVER,
ENTREMEANDO OS VERSOS
NUM MOMENTO DE PRAZER.
ASSIM TU CHEGAS BEM PERTO,
ENCHENDO A VIDA DE ALEGRIAS,
E EM VERSO FALAS DO AMOR
E DE NOSSAS FANTASIAS.
VALENTINA FRAGA
Motivo
Está em sepulcro Jade
O poeta pela ausência
Posto que a saudade
Causa-lhe impotência
A presença traz vida
Verdade, amor, desejo
Forma de vida esplêndida
E dela se faz ensejo
O ir e vir presente
Viver na eternidade,
Na ausência descrente
Posto morte em saudade
És me luz que ilumina
Ai se me abandonar
Mesmo se adormecer, menina
Vida ei de lhe insuflar
De nossas letras encontros
Poesia, além da vida
Da troca de versos confronto
Desse coração, guarida
Um do outro palavras
De amar e viver
E com elas lavras
Prazer e vida em meu ser
Mais que perto vives dentro
Nessa sua presença constante
Faz de brisas meu tormento
Um bem viver exuberante
Armando Moro
Acróstico
Vislumbre em palavras soltas
Austeras, sentimento carregado
Leio e encontro muitas
Em teu nome é grafado
Não conheço face ou olhar
Tenho a sensação de senti-la
Imagino quanto pode me encantar.
Não sei se tão bom eu sou
A algumas palavras arriscar.
Florescem pensando nas suas
Regam o papel como a águas em flores
A oportunidade de um dia nas ruas
Giro de um dia em um mundo qualquer
A unirem-se e amenizarem nossas dores.
Bem que tentei,
Tentei ser feliz,
bem que tentei,
Tentei fazer feliz,
como tentei.
Foi inútil,
declaradamente.
Não consegui mudar
O ponteiro da vida
Que segue apenas
Em sentido único.
Como burro
De Tapa
Com o caminho à frente
Imposto e sem a
Possibilidade do que
Vive ao lado.
Esforço inútil,
tentativas frustradas,
sacrifício demasiado,
absurdo e
até a exaustão.
Perdi as forças,
os desejos se foram,
não há o que mudar,
porque ninguém quer mudar.
Como está, é bom.
Assim está legal.
Não mexe que está fluindo,
geralmente é assim.
Comodismo da rotina
Onde o morno
É quente para muitos
E o morno não me basta,
Quero o calor das chamas
A provocação intensa
De uma verdadeira paixão,
Um amor impiedoso
Intenso nos prós e
Tão intenso quanto nos contras.
Verdadeiro nos sentimentos
Mas tão verdadeiro quanto
No sofrimento,
Mas mesmo no misto
De sentimento,
Mesmo nessa louca
Montanha russa de humores
Nada tema, por que
O medo e a solidão existem apenas
Aos desprovidos
De uma cara metade
Na rudez, ou alma gêmea
No veludo das palavras.
O medo impede a mudança
O medo impede o caminhar
O medo impede o sorrir
Escancarado e o olhar
De desejo sem se importar
Que entendam ou não
E se algumas coisas
São realmente para serem sentidas
E não entendidas,
Somente quem as sente
Pode avaliar o porque
De algumas histórias
Pra mudar, precisa coragem,
precisa desejo,
precisa fibra,
acima de tudo
precisa amor.
Não dou mais ao mundo
Ou ao destino
Ou as pessoas
De alma negra,
Obscurecidas pela ausência
De tudo colocado
Nessas palavras
O direito
A poda ou a dizerem
O quando pode
O quanto vale
Ou o quanto medem
meus sentimentos.
Se acredito no infinito
Como limite esse será
Mesmo que em minha
Finita vida, mas
Infinita enquanto vida.
A prova do infinito
É o tema e o lema
Tentei no início
E não me convenço
De desistir no final
Dos versos
Porque a derrota
não está em mim
e a derrota não
faz parte da vida
das pessoas de alma
iluminada onde no meio
da escrita encontram
uma mística forma
de esperança e dela
a força para entender
que lutar, guerrear
quando preciso
é o que transforma
o tentei...
em tentarei novamente.
Palavras...
Força, expressão
Mais que força, atitude
Mais que expressão, explosão
Palavras...
Flechas disparadas
A corações esmos
Flechas de saudade
Amor, alegria, dor
Outras pura e simplesmente
Flechas certeiras...
O alvo?
Coração...
Embaraço da mente,
Perca de sentidos,
Cadê razão?
Sinceridade?
Quem a sente sabe
Em muitas vezes
Sinceridade, descompromisso,
Fuga, justificativa
Do que a ninguém
Se deve
Simplesmente a
Quem se destina
E das palavras
Se faz receio, dor
Onde deveria amor
Desabafo
De onde um poema
De sentimento puro...
Luz ao invés de sombras
Casulo onde liberdade...
Sinceridade...
Lança afiada
Se não conjunta
De sensibilidade...
Sinceridade pura
É dura, pedra
A ser lapidada
De valor confesso,
Mas ainda bruta
O tato, o sentir
Lapida e complementa,
Faz de palavras
Sinceras um
Caminho coeso,
Sem percalços
Sem marcas...
Não dá forma
As palavras de
Cicatrizes...
Cicatrizes profundas
Não torna de
Infinito amor
Dor sem supremacia...
Pura e simplesmente dor
Sem adjetivos...
Sem vida...
Pura e simplesmente assim
Sem palavras...
Ritmo...
Impossível não pensar em uma tarde como essa o que o corpo e o coração desejam e não confrontar-me com o que a realidade e disponibilidade me dispõem.
Fico impassível, imóvel, respirando apenas o necessário p/ fazer-me valer da vida, para que aquiete meus pensamentos nesse redemoinho e tormenta.
E ele tranqüiliza-se...
Absorve a paz que rege a sua volta como se cedesse à ausência dos ventos, como se perdesse força e do redemoinho surgisse uma leve brisa tranqüilizadora e constante...
E impera o silêncio...
Impera a ponto de ouvir e sentir o ritmo de minha freqüência cardíaca.
Serena, constante...
O som me diz algo, os batimentos soam como sílabas separadas...
Reconheço o nome...
O seu nome...
E dessa respostas vejo o coração em disparada, acelerando abruptamente...
É você...
Minha paz, minha tormenta, meu sol...
Dona de meus momentos de aflição e destempero, dona de minhas palavras de carinho e amor.Motivo de meus sorrisos sinceros, embora tímidos, mas muito e acima de tudo sinceros.
Minha intempestividade, temporal de ventos sem nexo. Minha bonanza e meu furtivo sol das manhãs...
Se o fosse apenas um lado sem o viver e o criar dos contrastes não seria pleno, não seria repleto e único. Só é completo quem percorre os dois caminhos e muitas vezes mais que uma vez. Não seria esse comboio de emoções desordenadas, felizmente desordenadas e desse não nexo faço minhas surpresas e aprendizados, me entrego a esmo sem esperar o que me trazem os céus.
Escrevo hoje a mãos suadas, de onde molha-me o grafite por sobre o papel e borra-me algumas letras.
Talvez como o suor às letras, borre as pessoas à volta a forma como vejo...
Felizmente tenho luz e transparência para me iluminar, mesmo nessa tempestade que às vezes ronda-me.
E aí existe o milagre...
Na turbulência e na falta senso ou orientação abre-se o clarão e cessa-se a escuridão, nasce perante os ventos a paz e o caminho que necessito seguir, os ventos contra me são pró.
És um milagre...
Pura e simplesmente um milagre...
E no ritmo do batimento tenho saudades do que já vivemos e do que senti com a presença, porque o que sinto perdura...
Tenho saudades do toque, o carinho e o cheiro de mulher. Fruto único de meus anseios e desejos, sinto o coração ritmado, pulsante, como a um baile sem companhia, como a uma dança solo de onde me é permitido apenas meios passos...
Para que entendesse o ritmo precisaria apenas de uma parede e você levemente recostada...
Ora de frente, olhos nos olhos...
Ora de costas, mãos presas uma a parede para sua sustentação e outra entrelaçada por entre meus dedos, a sua cintura...submissão pura...presa e predador...
E nesse momento seria minha, pura e simplesmente minha e ali dançaríamos um enlace ao compasso de nossos batimentos, com a destreza e a sensualidade que a dança pedisse...
Seria um sonho...talvez o meu sonho, que para ser perfeito faltaria apenas aquele “beijo molhado”, hoje inspirador de minhas palavras...
DESEJO...
OLHAR, COBIÇA,
TRANSPACE DE
UMA MIRA ÓPTICA.
ALVO DESNUDO...
SENÃO A REALIDADE
DESNUDO A CRIAÇÃO,
A IMAGINAÇÃO,
SÓRDIDO, EGOÍSTA...
EGOÍSTA E PERFEITO.
PERFEITO NOS GESTOS,
OLHAR, SUOR
DE MOVIMENTOS
SÍNCRONOS...
PERFEITO A COBIÇA,
PRESA E PREDATOR,
PRISÃO SEM FUGA,
SOLITÁRIA EM
CUMPLICIDADE,
QUATRO PAREDES
DE ONDE FORMA-SE
UM MUNDO
SURREAL, TUDO VALE,
TUDO VIVE, TUDO
FANTASIA-SE...
FANTASIA-SE?
OU FANTASIA-SE
A REALIDADE,
A TRISTEZA, A DISTÂNCIA?
NESSE MUNDO,
NO DESEJO, NA COBIÇA
FAÇO A PERFEIÇÃO...
E SE ASSIM FOR
CHAMEM-ME LUNÁTICO...
LUNÁTICO EXTASIADO...
LOUCO POR VOCÊ.
Saudades...
Temerária, distância
Solidão composta,
Solidão gerada.
Ausência, amor
Amor, excesso
Querência, falta
Asilo, ilusão
Saudade intrínseca
Mas não dor,
Amor, vontade
De revelar-se
Exprimir-se, falar
Abrigar, sentir
Trocar, viver
Mostrar-se sem dever
Beijar-lhe olhando ao sol,
O por do sol de um dia
Infinito, céu vermelho,
Sol ao fundo
E a cor do céu mistura-se
A dos sentimentos,
As mãos dadas perdem-se
No tempo e no espaço
Porque torna os sentimentos
Infinitos, sem rumo...
Apenas o sentir, bem estar,
Bom estar da presença
Da pessoa amada.
E revela-se o céu
Revela-se o mundo
O prazer, cumplicidade,
O viver, verdades
No simples dizer
“Eu também estou com saudades”
Decidir...
decidir, valer-se
da arbitrariedade,
do sentido e o
rumo ao andar
de estrelas, flutuar
pelo campo das
dúvidas, colher-se
por entre as
certezas de
um jardim regado
a esperanças...
convicção do certo
reflexão, decisões
a caminhos sem
volta, banidos
de um mundo
triste, desprezível
voltado a arte de
viver, decisão de
vida, minha vida,
pura e simplesmente
minha em sentido,
direção e intensidade
como a um vetor,
mas longe de sua
frieza física,
perto sim do
calor físico
apaixonante do
ser que me acolhe,
que renega mas
se demonstra,
se mostra
me ilumina
me preenche,
me faz decidir
amá-la...
Rotina
Não sou adverso,
Bradando à cantos
Contra o tema
Mas compete-me
Discordar dos que
Fazem de rotina
Contaminação
Dos dias, dela
Deixam fazer-lhe
Aspiração e inspiração.
Dias em si são
Mais que a rebuscada
Corrida para e pelo ouro
São mais do que
Frieza de números
Aspereza de definições
Conclusões, ordenamentos.
Dias em si são
Apreciação de
Brilho de olhar,
Coleta de energia
Vital de um sorriso
De ente amado
(quem dera de
quem se ama e
desse sorriso faz
passagem livre de
ida aos céus)
apreciar de flores
nas ínfimas cores
formas, com jeito
único de mobilizar
olhares e tirar
do âmago doce suspirar.
Dias em si
São renovação de fé
O acreditar que montanhas
Não somente vão a Maomé,
Mas além dessa passagem
Levam-nos ao topo
Onde de forma suave
Tocam-se as antes
Intocáveis nuvens.
Dias em si
São renovação do amor,
Entender que a arritmia
Mais do que um mal
Moderno ao coração
É efeito de grandes
E poderosos sentimentos
Onde altera-se o ritmo,
Acelerado na presença
Disforme na ausência
lento de batimentos
Na distância acentuada
E colapso cardiovascular
Na saudade.