Coleção pessoal de emanuell_liborio_jr
Tomo café bem lentamente, enquanto isso penso na vida.
Lembro da minha vó, que sempre dizia:
Não vai, filho, abrir a geladeira.
Mas eu sempre fui assim, teimoso, imprudente, curioso, separador de sujeitos e verbos.
Bebo mais um pouco de café e penso nas suas propriedades químicas. No pó que se faz líquido. Nos prótons livres sambando na minha gastrite.
Penso na vida novamente, no quanto somos transitórios.
Nascemos gasosos, expansíveis, livres, capazes de ocupar qualquer lugar e forma no espaço. Incontíveis.
Crescemos líquidos, adequados aos recipientes que nos colocaram. Metamorfos, porém carentes dos invólucros.
Envelhecemos sólidos. Rígidos. Firmes. Sustentando tudo que nos cerca. Magnéticos.
Frágeis à qualquer possibilidade de mudança.
Então sublimamos. Somos gases novamente.