Coleção pessoal de LuciaEvoe

Todo poeta é um neandertal
escrevendo nas paredes de papel
das cavernas modernas.

A pergunta que não quer calar,
a pergunta que não quer calor:
por que você ainda não tirou a roupa?

Mãe é o inverso do verso:
única poesia que escreveu o poeta.

"espaço reservado”,
diz em silêncio
o sorriso forçado,
enervado,
desconcertado,
de quem, deliberadamente,
não prossegue uma conversa.

A existência é um complô
das épocas todas contra nós.

Tem gente nessa vida que é um nó. Essa mesma gente, querida, que chamamos de nós.

O precipício é sempre um princípio de liberdade quando se pula para fora do que faz mal: é o principício.

Todo poema é uma tentativa fracassada de recriar uma mulher. Os bons são aqueles que quase conseguem.

Todos os travesseiros do mundo são atalhos para a saudade. A saudade nunca dorme.

No coração de alguém, a solidão pede pizza sábado à noite.

O ódio é um boi de Barretos e aquele que odeia é um peão que luta bravamente para permanecer no jogo de odiar.

Às vezes um poema está atrasado, chegando logo em seguida fecha o coração da mulher. E dá de cara com porta trancada e placa de néon na noite de chuva fina: “há vagas apenas enquanto ainda há ciúmes”.

O peito dela é um lugar apertado.
por isso seu coração vive acelerado:
está tentando saltar fora
pra ir ser livre no mundo.

Quando os palhaços chorarem, saiba: este mundo já não tem mais jeito .

As rodoviárias são esses
congressos mundiais
de corações partidos.