Coleção pessoal de elvisdaniloescritor

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Ontem à noite deixei um bilhete colado na porta do meu quarto.
Hoje, pela manhã, percebi que ele se desprendeu e voou pela janela.
Foi assim que perdi uma bonita mensagem de amor para escrever nesse livro.
Assumo que sou um autor de bilhetes frágeis, bilhetes que se parecem com os amores que somem ao amanhecer.

A Carta da Minha Tristeza

Em uma conversa com minha tristeza descobri que ela é boa.
A tristeza me ouviu e me abraçou como uma despedida.
Ela é charmosa, perigosa e me atraiu aos seus abraços.
Sua música é boa pra dançar e me deixou de pernas cansadas.
Quando desfaleço, na cama deito, e deitei, porém me aqueci com o cobertor da saudade.
A tristeza me fez dormir..
Quando acordei estava escuro, ainda não era mundo, pelo menos o mundo que sonhei.
A tristeza me fez lembrar...
Eu preciso sorrir do fracasso de um palhaço sem graça que com uma cara pintada tentou fazer feliz uma criança irritada, que chorou descontrolada.
Na vida dê um sorriso por nada.
A tristeza me fez pensar...
Eu preciso dar uma flor ao meu amor.
Um bilhete dizendo: Você me faz sorrir, meu bem.
Eu preciso ver o sol nascer, brilhar, tocar a alma e ser coberto por uma chuva boa, chuva que cai dentro do meu coração e molha meus amores escondidos, e faz brotar em minha mente saudade de tudo que ainda não vivi.
A tristeza me fez falar...
O céu está bonito, meu bem.
Vá se divertir no mundo de meu Deus.
Por fim, convide sua tristeza pra uma conversa franca, pois ela tem muito a ensinar.


P.S.
O segredo é clamar, e assim transbordar de esperança um mundo em sequidão de amor.


Com lágrimas,

Tristeza.

O Último Hoje

Hoje senti um aperto no peito.
Mil mãos me empurrando contra um muro de esquecimento.
Eu tentei me manter firme.
A dor chegava, o riso perdia, o amor lembrava, e a saudade beijava, o coração gritava, a memória chorava e ainda assim a fé existia.
Hoje feri minhas mãos com os espinhos de uma flor venenosa.
Ardeu, sangrou, e como uma chuva de vermelhidão de dor...
Lavou meu céu e tirou seu brilho.
O pássaro posou, a nuvem não apareceu, o sol escureceu, o dia me esqueceu, e o céu que era teto iluminado virou chão apagado.
Hoje senti na pele as palavras dos adeus seguidos!
A última canção preferida agora são abraços sussurrados, são luzes me guiando ao final do pra sempre.
Ouvi teu "até logo", senti tua mão na minha, olhei com o olhar perdido, pois olhar no fundo dos teus olhos pela última vez eu jamais queria.
Hoje descobri que já não sei se quero mais ter hoje.

Pássaro: O Último Cântico.

Quando estive caído em um chão tão quente e distante do mundo, o qual levou minhas asas, a minha fé se salvou.

Caído como um renegado ao céu, chorei como quem canta bonito, suplicando perdão.

Levei a beleza da chuva que molhava meu corpo, e deixei a morte lenta sussurrar seus vestígios em meu último cantar.

Em meio a pena do meu fim, me vi renascer sabendo que:

A fé são asas que mantêm o voo.
A fé usa o calor dos nossos sonhos como escudo contra a frieza dos desamores.
A fé faz a distância ser mais confortável que a presença de falsos abraços.

Meus olhos molhados com lágrimas repletas de lembranças eram sorrisos despedaçados.

O vento levou meus cânticos.
O inverno meu maior afeto.
Voaram como anjos os meus filhos e netos.

Na memória eu vou ficar de quem tem o meu retrato na alma.

A vida é um voo pelo céu ao entardecer, é voar cantando amores sem pensar nas dores que outra aurora poderá trazer.

Clamor do Entardecer

Em meu viver você é o sol.
Por isso não se vá, meu amor.
Não me deixe na penumbra.
Preciso da sua luz em mim, pois sem você, meu bem, o que sou sem você senão lua escura.
Porém contigo sou luar ensolarado.

Palavras Incalculáveis

Criar resultados com paixão não são males impostos sobre a alma.
Alianças existem para desdenhar dos infortúnios.
A divisão entre a cama de agora e o futuro do pra sempre se perder em uma soma de dar abraços, de querer beijos, de apenas ter um cobertor pra dois.
O afeto verdadeiro e o chamego priápico desenham obras valiosas com vestígios de raízes que subtraem o temor da saudade.
Pressuponho: Multiplicar a si para agradar a outrem é a forma de gratidão mais rentável que há.
A simplicidade do amor é saber somar duas pessoas e o resultado ser uma única vida.

Ela ama dançar.
Ama dançar comigo.
Ama dançar sozinha.
Ela apenas ama dançar.
Para ela, dançar é sorrir com o corpo.

Luz Suja


O ideal era não precisarmos usar o clarão para ver as manchas que os males da vida causaram na alma, pois a luz feriu.
No porão escuro e empoeirado que podemos nos encontrar por conta dos desamores, infortúnios e de tudo mais, não queremos luz, não queremos nos vermos, apenas não queremos quem nos deixou aqui.
Nesse instante o brilho não parece precioso, caloroso, mas se não seguirmos o brilho dessa luz que vai ficando suja com tanto rancor, não sairemos daqui.
Não sairemos do fim.
Ficaremos batendo na mesma porta na esperança do que passou voltar, entretanto a vida grita que o passado não voltará jamais, nem mesmo para abrir a porta e apagar a luz que fere.
A luz suja segue firme no calabouço onde os fracos não conseguem sair por estarem amarrados com correntes de desespero.
Aos sábios digo: Quebrem a corrente e limpem a sua luz para ver o que vem pela frente.
Limpem a alma das manchas causadas.
Limpem a luz suja.

Quando o Amor Usa Fogo Como Artifício.

Ela encantou-se quando o viu.
Ele era fogos de artifícios pra seus olhos puxados.
Era mesmo.
Ela o admirava, pois nada melhor para os olhos que uma beleza pura, repleta de cores que atrapalham a mente de um jeito bom.
Ele era fogos de artifícios pra ela.
Quando o viu pela primeira vez, pensou: Meu Deus, ele tem as emoções que eu preciso. Ele colore meu céu e me queima por dentro.
Por fim, para não alongar esta história da pólvora, irei relatar os últimos detalhes deste romance que guardava toda energia em um canto no peito para explodir depois.
Ela encantou-se quando o viu.
Ele era fogos de artifícios pra ela, pois ele apareceu, encantou e depois apagou-se como quem não queria mais ficar aos olhos dela.


Elvis Danilo, em 1 dia / desta / vida.

Um piano era o símbolo que levava a minha noite embalada por desamor.
Percebi que deveria ter aprendido a tocar violão, pois ela amava o som das cordas.
Mas por que não a amar a música tão somente.
Passamos noites dançando e ela não se importava com o som pesado do piano e nem se quer alegrava-se quando ouvia a leveza do violão.
Custei a acreditar que o desencanto não era pela música e nem tampouco pelos instrumentos que soavam as canções.
Custei saber que ela sentiu o abandono e a despedida do meu olhar verdadeiro.
O tom da minha vida havia partido sem deixar acordes e melodias no caminho.
Entorpecido pela angústia, orei.
Por não ter final feliz, orei.
Por minha vida ser um triz, orei.
Porém chorei, quando em uma noite deixei de orar e não pedi com clamor pra Deus mudar a canção que o meu ser amava entoar.
A ribalta da noite virou penumbra e o amor de quem cantou por anos, silêncio-se, pois agora nem sequer uma nota sou.
Silêncio sou.

(parábola de tempo)

Existia um velho homem apelidado de "Espelho".
Então, quando estava prestes a completar seus 98 anos de vida foi perguntado sobre o que gostaria de ganhar em seu aniversário.
Esperou, pensou e nada falou. Calado, apenas olhou pro seu bisneto e sorriu de leve como quem viu Chaplin fazer graça.
Tentando levantar-se da cadeira de balanço, ficou cansado com as tentativas e achou melhor ficar sentado e olhar o tempo.
O garoto deixou Espelho em frente ao tempo que passava lentamente e buscou um violão para cantar uma música para ele.
O dono da casa velha sentiu o som das cordas tocarem e arranharem sua alma fadigada e chorou como quem viu Charlie recitar um poema bonito de amor.
Ele olhou no rosto do seu amado bisneto e refletiu os sentimentos.
O garoto chorou em frente ao Espelho que mostrava-se infinitamente amoroso naquela hora.
Então, quando estava prestes a completar seus 98 anos de vida foi perguntado sobre o que gostaria de ganhar em seu aniversário.
Esperou, pensou e falou: - Não quero uma janela pra enxergar o mundo. Quero um periscópio que me faça ver sobre a alma.

( uma parábola de tempo )

Na margem que beirava o rio, avistava-se um embriagado rapaz que trazia consigo o último gole de ilusão em sua garrafa.
Desejando imensamente mergulhar e alcançar o outro lado, não criava impulso para tal coisa.
Na verdade o rapaz não tinha medo de não conseguir nadar até onde devia, a embriagues não o impedia, pois de certa forma o fato de não sentir-se por completo retirava dele o frio sem piedade que cobria o final de tarde.
Ele não entrou na água doce. Ele desistiu bem logo após não avistar seu amor na margem do outro lado do rio. Foi embora.
Certo tempo depois, o agora sóbrio e mais velho rapaz recebeu uma carta e uma fotografia.
A fotografia mostrava um por do sol sem alguém pra presenciar ao lado da belíssima moça que sentada sozinha a beira do rio, olhando o céu estava.
A carta era formada por três frases simples: "Eu não estava sozinha, tive lágrimas a mim acompanhar. Era pra ter olhado o rio, não a margem. Eu já havia me jogado e nadava ao teu encontro".
Paralisado por instante o rapaz ficou. Chorou. E descobriu que os amores não esperam nas margens do rio de sonhos. Eles entram, mesmo no frio, eles tentam, mesmo fraco, eles têm fé, mesmo sem paz. Os amores estão indo ao encontro e não ficam nas margens sozinhos. Não existe amor conquistado facilmente. Amor fácil [mente].

Amamos flores, mas nossas flores não exalam o que sentimos, se exalassem existiriam jardins imundos.

- Posso de dar meu bom hu(a)mor ?

"- Sinto-me Adely(rar)."

(apenas perceba...)

os oLhos refletem amOr puRo, a vida se rEnova e os seNtimentos nos levam a um lugAr mais seguro.

Nesta manhã reparei uma flecha de luz que clareou meu quarto através do telhado.
Nada mais seria esta luz se não tua presença aquecendo minha cama.
Nesta tarde reparei uma folha seca cair no jardim e ser levada com o vento.
Nada mais seria esta folha seca se não minha saudade desprendendo-se de mim e partindo como sopro ao teu encontro.
Esta noite reparei em mim.
Nada mais seria este eu se não tivesse você.

Dormi de rosto triste e alma alegre.
Reparei em teu rosto o meu sorriso que você roubou.

Estas rosas são tuas e nossos sentimentos estão em cada pétala.
Se acaso às pétalas caírem com o tempo, estaremos firmes, pois os sentimentos que criamos renasceram em outros jardins.

Um dia tudo passa, tudo. Até nós dois. O sorriso do garoto e as lágrimas da menina também se vão. Um dia os nossos pais, de repente filhos viram recordações em retratos que ficam para que ninguém os vejam, pois os amores se foram neste instante. A vida é memória rara. Seremos por tempos amor vivo em fotografias e livros, canções e no viver dos filhos. Hoje já somos memória. Já vivemos juntos uma vida repleta de momentos bons e ruins, pois essa é a graça. As ligações, e as mensagens, as flores com os bombons irão se tornar o que somos. O que te escrevo depois de lido será memória. Nós dois somos a vida, somos nossa memória. A vida é ter [memória].