Coleção pessoal de Ellenmocuishle
andando no mundo
perdida e sem casa para retornar
eu cheguei no fundo
sem bússola sem sonar
não sei ler nem escrever
meus pais muito cedo decidiram me abandonar
a água ainda por ferver
meus pés estão rachando o chão
eu os escondo para ninguém ver
meu alimento está no lixão
é tanta fome que me faz tremer
e o amanhã eu não sei prever
é tanta discórdia que me faz temer
se eu ainda vou encontrar um lugar que me aceite
é tanta tristeza que me faz gemer
eu com pouco outros com azeite
mas eu não os invejo nisso
só quero que me respeite
já que esse povo é omisso
quero ver as palavras e compreender o que dizem
só assim vou saber para onde ir
quero ver as palavras e compreender o que dizem
só assim vou compreender como sorrir
eu quando criança via a matança
e corria para dentro de casa
tinha esperança
de criar asa
e voar para longe daquilo tudo
e fazer pro tiro um escudo
e agora estou jogada ao vento
tudo acontecendo a um palmo de mim
essa não é uma canção é um lamento
para meu irmão querubim
eu agora faço a curva na estrada
desato a chorar por não saber mais o que sou
se sou bicho, mulher, ou fada
queria ser o trem que já passou
mas se continuo aqui é para seguir em frente
mesmo tendo marcas de inconsequentes
já não me sobram nem os dentes
e tenho uma cicatriz que tirou um de meus olhos
ainda assim sou diferente
e vejo tudo muito bem, mesmo sendo do país dos caolhos
que dizem crentes
que tudo vai mudar
e não fazem nada para criar
chances de isso acontecer
só fazem se amuar
e me amolar com seus discursos
criam regras para me acuar e me tornar um dos expulsos
mas, eu tenho fé ainda
Deus está me olhando lá do céu
quando aprender a escrever
vou dos seus olhos tirar o véu
e amargar suas bocas com o fel
é difícil perceber ou estão se fazendo de burros
na noite ouço urros de horror
e vocês dormem misteriosamente em castelos
e não percebem o terror que é
passar a vida a pedir esmolas de amor
Se eu não errasse tanto
talvez ele estivesse ainda em meu calor
ou é coisa que não se pode mudar?
Destino, coisa que não nos quer ver juntos
ou não ficamos juntos por outro motivo?
que vou fabricar que não palavras tristes?
Eu era feliz quando sua boca me calava
quando suas mãos me surpreendiam
hoje
sou a flor que nasceu escondida entre grandes arbustos
que se enfeiou sem o sol
que morreu aos poucos
deixando no solo
um rastro de perfume
eu disse que não reclamaria mais
no entanto
estou cheia de tudo isso
e minhas mãos
vão expressando aqui
o que meu coração dita
como é bom ficar no mesmo local que ele
é felicidade se derramando para todos os lados
ele me emociona
será que estou ficando doente
ou o amor faz isso?
Eu sei apenas
que me declararia todos os dias para ele
se lavasse suas roupas cantarolava uma canção
se passasse suas roupas cuidaria em não queimar
se o alimentasse cuidaria para que o deliciasse
se o ouvisse, que fosse com os ouvidos mais aguçados desse planeta
para que cada palavra dele fosse-me entendida
se o enraivecesse
que o fizesse se alegrar
em um simples gesto
tenho tanta vontade de estar junto à ele
que isso me repele
e não consigo um minuto sequer
ao seu lado
crio coisas em minha mente
ou existem?
O vazio do meu olhar
vê o mundo como algo
a girar no universo
que faço para recuperar a vida?
Já não dá para seguir em frente
sem chorar
eu o amo tanto
o amo tanto
Ele está em cada sonho meu,
ligo cada coisa ao seu ser,
tento obstinadamente o esquecer
olho por onde ir
na intenção de não cruzar nossos caminhos
Tudo que vivemos gira em minha cabeça
e é tão forte que não me deixa
Algum dia talvez
meus sentimentos acabem por morrer
o que duvido que aconteça!
Eu vejo a pele da terra
está velha e sem vida
eu não sei ver isso
sem chorar
sem sentir a dor que se faz sentir
hoje penso que só há um fim de mundo
é quando um homem decide que quer mais dinheiro
ele mata, desmata, queima, rouba, engana, faz sofrer
e sem alma consegue
extirpar do solo
a beleza da vida
a natureza!
Eu vi um rosto saindo
Em meio à escuridão
Ele me seguia
Pedia algo pra matar a dor que sentia
Mas eu corria e envolta
Por um campo de força
Endurecia meu coração
Mesmo vendo suas mãozinhas
Tremendo da fome
Que aperta
As tripas
Eu vi o rosto daquele garoto
Temendo o frio da madrugada
E o seu colchão era feito
De papelão
Eu via o rosto dele
Em sonhos e pesadelos
E me embriagava na TV
Mas, ele não desaparecia
Fui ao shopping Center
e me empanturrei de batatas
ele veio até mim
disse tia
ajuda aí
eu disse não posso
não tenho
ele foi
andando
e sumiu na devastação
desse mundo
cheio de mins e outros
que se apiedam
e nada fazem
com tanto poder nas mãos
então a última vez que o vi
foi no noticiário
faleceu
por culpa
da minha
inação, da selva onde o pus
sem letras, abraços e alimentação
eu vi o rosto daquele menino
comendo lixo
catando lixo
sendo chamado assim
e eu o que fiz?
pensei : coitado cadê os pais?
tão por ai com drogas
ou já se foram
pro além
e eu não fiz
nada
não exigi que nada mudasse
ele mesmo assim me perdoou
disse tia
vá em paz
que vou engraxar uns sapatos
pra ver se arrumo o que comer
e eu não fiz nada
porque cinqüenta centavos
não ensina nada,
não o alimentaria
nem sequer por um dia
e eu vi seu rosto
em tantos pelo caminho
eu vi o rosto daquele menino
e compreendi
a perfeição
sou um resto de coisas fúteis
que tinha na promoção
e me bitolo nas coisinhas
pequenas que faço no dia a dia
e chamo de vida
e esqueço
que outros estão nela
também
Já banhei teus filhos
Dei-te peixe e tu o que me deu?
Me deste lixo, água de jeans
Estou escuro e fedendo
E agora na lista dos mais poluídos
Me dê meu prêmio,
Me limpe urgentemente!
Que raio de gente é essa?
Eu quando encho
Fico às pressas e sem querer
Levo tudo comigo
Vem cinema
Muda feira
Tem festança junina
E eu princesa o que eu digo?
Minhas criaturas morrendo, mudando,
Sofrendo
E tu o que me deu?
Deu sofá, mas, não preciso sentar
Tenho pressa para correr
Se não eu vou secar
Eu não quero morrer
Não me esqueça
Tem gente que para prá olhar
E diz isso é rio ou é esgoto?
E eu o que digo?
O povo caga, mija
E tudo vai para mim
Nada se resolve nem se fala
Princesa ajude
Quem tanto te ajudou
Que eu quero ver um dia teus filhos
Que tanto maltrataram comigo
Levar os netos
Para me admirar
Como outrora fizeram
Catei ilusões durante a vida,
andei tentando aumentar meu caminho,
mas, eram as mesmas ruas de que adiantou?
Empurrei meu carro de lixo, ele agora vira ouro em minhas mãos, vira roupa, vira caderno, vira lápis e compaixão.
Eu trilhei a arte do ofício, mas Deus quem me pôs nos trilhos, acreditou em mim.
Eu não tenho vergonha do que sou, ajudo o mundo a respirar. E ainda há quem tenha nojo de mim. Coitados eles nem sabe o que fazem todo dia da vida, eu sei, eu ajudo meu mundo e o deles a respirar. Eu os ajudo a respirar, eles e os filhos, os netos e quem mais vier.
Eu cato o lixo que na verdade é ouro, e que eles em busca de ouro disperdiçam.
Minha cabeça começa a doer agora, mas, meu coração se enche de alegria. Como é bom lançar o que eu segurava há muito.
Eu vejo eles, brincando de ser meninos, trabalham com roupas simples e com um grande sorriso. Mas quando estão perto de um brinquedo, eles lembram que tem raízes.
E se eles escorregassem e pudessem tirar da barriga a fome? e se eles fossem pro balanço e o que é de ruim fosse parar longe?
e se na pipa, fosse uma oração ficaria mais perto pros anjos.
É assim todo dia, os seus passos pequeninos, levam a comida da família.
Queria vê-los com lápis na mão, caderno novo, e a mente leve porque quando chegarem em casa, eles vão encontrar a família que está alí de braços abertos.
E não esquecendo.Queria vê-los alimentados. Tanta terra para plantação. Por que não árvores frutíferas espalhadas na cidade?
POr que não?
Eu não consigo parar de escrever,
sei que podem ler, ou nunca lerão o que aqui está,
vale a pena tentar.
Meu coração duro me faz perder a direção
grito, bato, maltrato meu irmão
que dignidade há nisso
se é para amar que tenho um coração?!
Se dele tiro o pouco que lhe resta
e no meu bolso aumento um tostão
me diga, que dignidade há?
Se derrubo o que Deus criou, se separo o que ele uniu, me diga, que beleza há?!
Sou tola em pensar que de ajuda não preciso,
sou tola em pensar que minhas ações serão perdoadas,
quem sou?!
Sicatrizes nunca nos deixam, e para amenizá-las colocamos outra em seu lugar.
A dor passa, o amor não. Esse adormece.
Veja o calo nas mãos dele, vejaa fome lhe tragando a vida, veja a língua pedindo água, veja que alma ferida!
Mas suas feridas vão ser sanadas, mas quem fere será ferido, é não há remédio para o machado quado esse finalmente virar pó.
O que e mais importante, passar a vida enricando ou passar a vida a versar e morrer de fome?
Parece extremo, mas, há quem partilhe das duas fomes, a de espírito e a de pão.
Aqueles que roubaram para alimentar seus filhos merecem cadeia, aqueles que roubaram para ter mais um carro na garagem foi esperto e se quiser vai voltar ao cargo na próxima eleição.
Tudo tem que estar assim?
Nos extremos do ruim?
Prefiro sim pensar em utopia, que há de bom na desgraça do próximo.
Eu posso sim sonhar em ser melhor, e não, em ganhar mais que fulano.
Mas, não é por isso que ele deve continuar com tanto e outros com tão pouco. Tem uma frase que diz, alguém tem que ceder.
Na estrada existia um grão e ele me pedia carona
eu sorria e passava adiante
soube que por aqueles recantos do mundou houve uma forte chuva
e quando lá passei o grão ainda estava e me pedia carona,
eu me impressionei, mas, neguei a ajuda.
Houve tempestade de areia, raios, ondas gigantes,
e o grão não modificara-se em nada
e ainda me pedia carona
que insistência!
Mas, fui descidida a dár-lhe um canto ao meu lado
e levá-lo ao destino que quisesse.
Olhei-me no espelho, quanto tempo passara?
Minhas rugas e palavras se misturavam, o grão acompanhou-me, não deu um pio do meu lado.
Sim eu chorei, porque do meu lado o vi morrer,
germinou o solo onde eu pisei,
e me trouxe em meus ultimos dias
a beleza que tem suas flores, o sabor que tem seus frutos,
entendi tudo, ainda bem que sim!
Não vim falar de coisas que não sinto
sou de me partir e colar aqui
assim você que ler, também lerá a mim.
Sou um tanto difícil, gosto de duvidar,
me mostre provas e aí sim, começo a te questionar
isso ainda não me fará acreditar em você
Mas, se minha confiança eu te entregar. Tome conta, mas, não me deixe voltar a estaca zero, pois, não sou de voltar atrás...
Mas, existem maneiras de me fazer voltar a acreditar...
Seja a pessoa verdadeira, e assim fica mais fácil
de me fazer acreditar!
Eu entendo que você vai seguir seus sonhos
mas, não me pensa meu bem para não te amar
pois, eu sinto que posso
e devo
me entregar a esse sentimento
De você me vem inspiração
faço poemas até sobre zumbies
mas, não me impeça de estar contigo
enquanto eu puder
Se nossos caminhos se cruzaram
sei, frase clichê essa
mas, foi bem nos trilhos dela
que te vi pela primeira vez
diante da igreja
Então não me pregue a peça
de não te devotar versos
embora pareça doce
demais
Então não me deixe assim
sem teu toque suave
e forte ao mesmo tempo
Sou agora uma pessoa mais explosiva
e aqui estão meu estilhaços amor
um poema, traçado
por as mãos que te tocam
provocando-te risos e outras barbáries...
Criarei uma personagem,
quero um livro cor carmim,
e em letras fortes,
se os olhos dele percorrerem minhas histórias
me sentirei em seu mundo
como um riso que ouve-se
e agrada-nos...
Estou em um carro em movimento,
vou para um show,
penso em cada detalhe nosso,
será minha mente controlando a mim
ou eu a manipulá-la?!
As músicas querem me dizer algo ou é apenas o rumo que a vida leva normalmente?
Queria eu um dia saber o que ele pensa,
mas, isso é ruim,
devo deixá-lo a fazer o que sempre fez
ser enigma!
Eu tive chance de te abraçar
de te falar o que sentia
mas, me faltaram forças
e eu te mandei uma mensagem
quando olhei para trás
vi que errei
devia ter te abraçado
te falado ao ouvido
que diante de você
furacões se formam dentro de mim
e que as notas tristes
se dissipam no ar
e ouço apenas
a rouquidão
de tua voz
Vim pedindo a Deus que me desse forças
pois, já não consigo mais entender
esse meu jeito
que quer agir
mas, congela
e te deixa partir
se de uma vez por todas
eu te roubasse para mim
mas, roubado não é conquistado
e se é assim
eu não quero
você não é parte de um jogo
te deixo em paz
e você faz
o que bem entender
Se eu pudesse
entrar em teus sonhos
apenas em uma noite
te levar
para deitar na grama
e olhar para as estrelas no céu
sei que seria
a noite mais linda
de nossas vidas!
Para aquele que diante de mim, me vence, e longe de mim está comigo. VIDINHA!
Agora eu penso por que é que estou aqui?
se amo e erro tanto?
se calo quando devia gritar?
se ameaço quem me quer bem
de ir embora amanhã?
talvez eu seja um rio
que não sabe onde vai
um rio inundado de si
que pensa que já é demais
Por um sorriso teu
Caminharia noite e dia descalça até que,
meu corpo fosse um lápis desenhando no chão
um castelo enorme de sonhos e encantos
Subiria na proa de um navio fantasma
para que os meus cabelos antes esvoaçados
ficassem arrepiados para te fazerem cocégas
me peduraria no varal imitando uma roupa
suportaria a claridade, que não é meu forte
Só para você me apanhar, dobrar e guardar
Quando fosse noite, sairia do guarda-roupa mofado
e te provocaria espirros, você acordaria
Não chateado, pois, num passe de mágica
eu tornar-me-ia um pó brilhante bailando no ar
massageando tua mente, teus olhos os fazia brilhar
Eu não sou uma louca, e também não tenho certeza de não sê-la
Pois, loucos não veem limites, porém também, não sabem se amam
e eu tenho certeza de que há amor aqui por dentro
não sei a quantidade
pois o amor não tem medida
sei da existência e isso me basta!
De qualquer jeito
Eu deitei o meu olhar nele
e vi brotar
amor
e se essa dor que sinto
for saudade
vou te revelar
que não suporto
mais que um dia
assim
com essa luz negra dentro de mim
então venha
e ilumine a mim
com sua pele ensolarada
vem
com todos os teus dentes
devorar minha
tolice
daí te devoto
rimas
e poesias
um fuxico no pé do ouvido
ou qualquer coisa assim