Coleção pessoal de EduardoLucasAndrade
Saudade, é um sentimento que resulta da soma da perda do objeto amado com a falta que ele nos faz, ocasionando-nos lembranças marcantes no ritmo do provei, gostei e quero mais, neste sentido, o passado é um presente latente que luta para se manifestar ...
O legal da felicidade é que ela não existe plenamente e sim momentaneamente, existe momentos felizes. O recheio da felicidade são os momentos não felizes condensados na sua incessante busca, o seu alcance, porém, é somente a cobertura, a cereja do bolo, por assim dizer.
O desejo não nos aparece puro, ele se mostra humanizado pelo discurso do corpo e da fala, nos mostra através do não dito. Ele é em essência uno e puro, um furo, que buscamos incessantemente saciar. Não se fala do desejo conforme deveria, é preciso manejo para escutá-lo e retorná-lo ao campo do discurso, das palavras e da consciência. Desejar é preciso, a vida se constitui no círculo constante sobre o desejo. É preciso cuidar e ter cuidado com o desejo!
Razão versus emoção.
Para se refletir sobre a razão versus a emoção é importante que investimos um pouco de ambos neste processo de reflexão. Para inicio de reflexão é nos de extrema valia definir do que trataremos como emoção e como razão.
Emoção pode-se dizer de processo de energia psíquico afetuoso que carrega em si carga de energia com sentido psíquico, algo mais ligado ao inconsciente e suas pulsões e ética do desejo. Já a razão, muitos dizem ser processos advindos da racionalidade, da consciencia e da representação, algo mais ligado ao julgamento do superego, ego e ética moral social.
Neste sentido ambos aparecem sempre juntos, variando a quantidade de cada um, ora temos uma escala com a emoção aumentada e ora temos a razão. Na razão temos fundo de emoção e na emoção fundo de razão, e nos processos da vida temos fundo de ambos.
Em um pensamento mais refletivo, questiono-me; não teríamos na emoção, no inconsciente uma razão? E na ética moral, consciente uma emoção? Pois bem, parece-me que sim, pois neste sentido só criamos a razão consciente para frearmos as manifestação da emoção e não seria isto uma emoção frente as manifestações de outras emoções gerando a razão? E a emoção dita sem razão não seria fruto de uma razão do sentido da busca da vida do sujeito, da ética de seu desejo? Dizem que nas manifestações desenfreadas das pulsões não há razão, mas ela própria, vale aqui lembrar é uma representação, uma razão humanizada do sujeito. Dizem que na razão não há emoções, mas equivale lembrar aqui, que o próprio ato de criar uma razão é uma movimentação de emoções.
Qual é a verdadeira razão e emoção, a racionalizada ou a sentida? Bom, de toda forma para respondermos a esta suscitação utilizaremos de ambas, e isto nos faz entender que a razão e emoção são maios íntimas do que racionalizamos e isto as fazem estranhas umas as outras. Para a psicanálise a verdade é a do sujeito, e sua razão e emoção é a do inconsciente, a do desejo em relação com a própria história de vida ou seja com as emoções e razões da vida. Para que delimitar aquilo que vive na fronteira?
O instintual, o id, existe, mas não como função pura, pois, este nos aparece humanizado, representado e selecionado por processos psíquicos inconscientes, ficando em um circuíto fechado, não cristalizado, revestido, objetivando saciar as necessidades inatas. Seu aparecimento por representações, emana do impacto com o outro, é aí que se humaniza, o Outro é quem exerce o empuxo sobre nosso fluxo de energia psíquica, revestindo-nos de linguagem significante, para que possamos investir nosso significado subjetivo, uno, seguindo a própria ética do desejo, encaixando a outra cena, isto é, o inconsciente na relação com o mundo concreto através de representações pulsionais, nunca se mostrando como tais. Ficando a nossa verdade desconhecida, contorcida, revestida e vezes sentidas por processos psíquicos diversos. No mais íntimo de nós, no estranho, lá onde a ética é a da desejo, há algo humano que pulsa por viver.
Para vivermos bem, devemos aprender a conviver e a escutar á nós mesmo, o caminho da nossa verdade e da possível felicidade perpassa pelo nossos desejos inconscientes...
Fazer análise é entrar no labirinto da própria história de vida, afim de se chegar ao mais cristalino de nós mesmo. No labirinto jaz monstros à serem domados e um trajeto a ser reconhecido, uma bela forma de se conhe-SER.
vida é um ciclo de mudanças. Cada um de nós encontra-se em construção e desenvolvimento enveredando para o nunca completo. Vivemos de buscas, e partimos de nossos desejos e de nossa história de vida, sendo sempre guiado e ou influenciado pelo nosso inconsciente. A lapidação deve se dar com calma e sabedoria, pois todo cuidado é pouco, a pressa aqui tem menos valia do que a direção. Escutemo-nos nossos desejos com cuidado, afim de termo-nos êxito nas mudanças.
Que tal brincarmos de viver? Começa assim; você com seu desejo e eu com o meu, se nos encontrarmos será acidente de percurso ...
Um dia acreditei ser humilde, mas percebi que ali naquele exato momento, por achar que era humilde estava à perder a humildade.
Se o amor que projetamos no outro é fruto do amor que a priori encontrava-se em nós, e este amor é uma tentativa do outro ocupar um lugar da falta em nosso desejo, ao apaixonarmos somos AMORdaçados pelo desejo. Ele silencia nossa razão e domina e ou projeta nossa libido, mesmo que temporariamente, somos cristalizados pela ilusão de que o outro nos completa e tem tudo que precisamos, um verdadeiro AMORdaçamento...
Não se fala do desejo e das frustrações conforme deveriam, é preciso manejo para escuta-los e retorna-los ao campo do discurso, das palavras e da consciência...
Na ausência das palavras o sintoma fala, para o inconsciente se manifestar basta um descuido, um tênue deslize e lá está ele se manifestando...
Nosso destino rege a linha da nossa história de vida e de nossos desejos inconscientes. O que significa que ele depende do passado e do presente, entretanto, não está feito, é construído e mudado em cada instante do presente em determinação do passado, não existe destino feito mesmo existindo uma estrada a se seguir. No nosso inconsciente o passado é um presente que luta para se manifestar, ele é atemporal, o que vivemos anos atrás lá na nossa tenra infância se faz presente como o atual presente ou com uma potencialidade até maior. Fazemos escolhas mesmo que inconscientemente a todo momento e estas com influências da nossa história de vida nos direciona, nos envereda a qual rumo tomar a cada instante, e isto modifica o nosso devir, o dito destino é uma constante variável, assim como o inconsciente ele é uma incógnita, modifica-se com a junção do antes e do agora.
Viver é como caminhar por uma estrada esburacada, com uma pá nas mãos. Onde que por excelência, o que a define não é a quantidade e o tamanho dos buracos, e sim como você os encara, os passa e os preenche. Você, só você, pode cavar, preencher e escolher os buracos da sua estrada e escolher o que fazer com eles. Atalhos são perigosos, o final é sempre um penhasco, talvez o mais aconselhavél seja aproveitar o percurso. Ninguém, exceto tu, tem o poder de estar com a pá em sua estrada e nela caminhar. O caminho é seu, só você o conhece, muitos até acreditam ser dono e conhecedor da sua estrada, mas não se preocupe, isto não passa de uma miragem, eles também, assim como você só conhecem a própria estrada. Estradas entrelaçam entre si, caminhos podem ser seguidos paralelamente, mas o percurso não, este é de sua inteira responsabilidade e dominío, você deve conduzi-la, e procurar em si a melhor forma estratégica de caminhar em sua estrada ...
O que me encanta na Psicanálise é a magia que esta ciência traz. A magia de não ser uma ciência empírica, por conseguir ir mais além. Por não ser e não ter respostas padronizadas, respeitando sempre a demanda, a historia de vida e o desejo do sujeito. Se somos mais de sete bilhões de pessoas na terra, também somos mais de sete bilhões de historias de vidas e desejos distintos por natureza. O estudo de um psicanalista não deve, e não se esgota. Ele deve estar sempre aberto a novas verdades e preparado para atender as demandas, ou seja, o que o ser humano tem de mais profundo de si mesmo. Quem demanda análise, demanda principio de prazer, isto é, demanda sobreviver, ou melhor, demanda mais, para além de sobreviver demanda ser e viver com prazer, escutando a ética do próprio desejo...
Se somos todos diferentes, porque pequenas diferenças provocam exclusões, isolamentos e perseguições?
No ritmo do provei, gostei e quero mais a civilização caminha. Agora, cabe a cada um de nós saber onde a repetição pode nos levar...
Assim Como o psicótico cria seu mundo, o neurótico pode criar o seu mundo virtual. E aí, até que ponto acreditamos ser este o nosso mundo?