Coleção pessoal de eduardo_ortelan_peterle
Uma carta anônima.
Do que eu mais sinto falta?
Sinto falta do começo, da ingenuidade que coloria o mundo de uma maneira única. Sinto falta do cheiro da chuva, do primeiro encontro entre a água e a terra seca. Sinto falta do dia depois da tempestade, quando, apesar do caos, no outros dia ao amanhecer, tudo ao redor parecia mais bonito, como se o mundo se renovasse em um ciclo eterno de plenitude.
Sinto falta do abraço de mãe, daquele calor que parecia eternamente seguro. Sinto falta dos amigos de infância, aqueles que eram mais irmãos do que colegas, com quem cada aventura era um universo novo. Sinto falta do simples, de quando a vida era descoberta em sua forma mais pura e inocente, sem complicações.
Sinto falta da expectativa do Natal, da mágica nas pequenas coisas que hoje parecem distantes. Sinto falta de mim. De quem eu era, de quem eu poderia ter vivido, e talvez de quem nunca serei novamente. É como se, em algum ponto, eu tivesse me perdido… ou talvez simplesmente partido, sem bilhete de volta, para um lugar onde o tempo não faz questão de me acompanhar.